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Rômulo Penna Scorza Júnior
01/12/2009
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Diante da tendência de esgotamento das fontes de energia não-renováveis no mundo, juntamente com as mudanças climáticas, a sociedade tem se preocupado com o padrão atual de consumo dos combustíveis derivados do petróleo. Assim, se tem concentrado esforços na busca de fontes alternativas de energia renovável, destacando-se a produção de etanol proveniente da cana-de-açúcar.
Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores de cana-de-açúcar, tendo esta cultura ocupado, aproximadamente, 7 milhões de hectares na safra 2008, com estimativa de aumento em torno de 10% para a safra 2009. Em particular, o estado de Mato Grosso do Sul tem aumentado significativamente a área plantada com esta cultura. Para a safra 2009, a estimativa é de 322 mil hectares, o que pode representar um aumento de 17% em relação à safra 2008. Essa expansão da cultura de cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul tem levado à reorganização do espaço produtivo local. Áreas anteriormente destinadas ao cultivo de grãos e pastagens têm dado lugar ao cultivo de cana-de-açúcar. Mais ainda, áreas com pastagens degradadas têm sido utilizadas para o estabelecimento da cultura. Com objetivo de assegurar a sustentabilidade da cultura da cana-de-açúcar no Estado, julgamos necessário que as áreas em expansão e estabelecimento não coloquem em risco a qualidade dos recursos hídricos, ou seja, as águas superficiais e subterrâneas.
O consumo de agrotóxicos na cultura da cana-de-açúcar no Brasil é de, aproximadamente, 13% do total comercializado. Tal consumo coloca a cultura como a segunda que mais consome agrotóxicos no Brasil atualmente. Esse alto consumo de agrotóxicos, juntamente com a expansão da cultura no Estado, pode colocar em risco a qualidade dos recursos hídricos. Diante disso, a Embrapa Agropecuária Oeste tem como uma das suas metas avaliar o possível impacto do cultivo da cana-de-açúcar sobre os recursos hídricos, principalmente em relação à possibilidade de contaminação deles por resíduos de agrotóxicos.
Para tal, a Unidade desenvolve um projeto de pesquisa com o objetivo de avaliar o comportamento ambiental dos dois agrotóxicos mais usados na cultura da cana-de-açúcar, na região de Dourados. O projeto teve início em abril de 2009 e, recentemente, instalou-se um experimento no campo para avaliação da lixiviação (movimento vertical do agrotóxico ao longo do perfil do solo, juntamente com a água da infiltração proveniente da chuva ou irrigação). Será avaliada também a persistência desses agrotóxicos no solo, bem como a sua capacidade em retê-los, evitando que sejam transportados. O projeto, financiado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tem duração de três anos. Como resultado, espera-se uma resposta sobre a sustentabilidade da cultura na região, do ponto de vista do potencial de contaminação dos recursos hídricos por agrotóxicos.
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