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Sistemas Sustentáveis de Produção      
Vazio Sanitário versus a produção de palhada para o Sistema Plantio Direto
A alta incidência da ferrugem provoca a queda das folhas e prejudica a formação dos grãos, o que reduz drasticamente a produtividade das lavouras.
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Ronaldo Trecenti
09/07/2010

 

A ferrugem asiática da soja é uma doença causada pelo fungo Phakapsora pachyrhizi, que chegou ao Brasil em 2002 e se tornou a maior preocupação dos produtores no manejo sanitário da cultura nos últimos anos, provocando perdas de R$ 24,3 bilhões ao país, segundo estimativas da Embrapa.

Este fungo necessita de tecido vivo para a sua proliferação (fungo biotrófico) e, portanto, de plantas vivas de soja ou de outras plantas hospedeiras para o seu desenvolvimento. A sua multiplicação é muita rápida em condições favoráveis (alta umidade e temperatura média a alta) e a sua disseminação é realizada pelo vento, podendo atingir longas distâncias.

O ataque do fungo da ferrugem asiática se inicia pelas folhas baixeiras da soja, o que torna bastante difícil a sua identificação. Este fato tem requerido um acompanhamento técnico qualificado permanente nas lavouras, visando o controle da doença na fase inicial de ataque, onde a presença do inóculo ou esporos (sementes do fungo) é baixa e a eficiência dos fungicidas é elevada.

A alta incidência da ferrugem provoca a queda das folhas e prejudica a formação dos grãos, o que reduz drasticamente a produtividade das lavouras. Como até o presente momento não existem cultivares resistentes à doença, o seu controle é realizado através da aplicação de fungicidas, que elevam significativamente o custo de produção e causam grande impacto na rentabilidade da atividade.
 Visando reduzir a formação de inóculo da doença na entressafra, por meio da sua multiplicação em plantas voluntárias de soja oriundas da perda de colheita, conhecidas como tigueras ou guachas, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) instituiu, há três anos, o Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática, através da Instrução Normativa (IN) número 2, de janeiro de 2007.

A IN nº2 estabeleceu diretrizes para o controle dessa doença, por meio da criação de Comitês Estaduais para o seu monitoramento e prevenção, os quais definem o período em que será aplicado o intervalo sem plantio da cultura da soja (vazio sanitário), de acordo com as suas especificidades.

O vazio sanitário é uma medida fitossanitária recomendada pela pesquisa oficial (Embrapa), que orienta a eliminação do hospedeiro – a soja – para se reduzir o fungo causador da doença. O produtor deve eliminar a soja que sobrou no campo após a colheita o quanto antes, pois esta medida se reverterá em seu benéfico visto que economizará com a aplicação de menos fungicidas na próxima safra de verão. A iniciativa reduz a utilização de fungicidas nas lavouras de soja e retarda a chegada do fungo causador da doença. Para que se tenha uma idéia, produtores que faziam até 7 aplicações durante o ciclo de desenvolvimento da planta, passaram para uma média de até 2,5 aplicações.

O controle das plantas voluntárias de soja, geralmente é realizado através da aplicação de herbicidas de efeito total, isto é, não seletivos, ocasionando a eliminação de todas as plantas vivas que cobrem a área. Esta prática tem ocasionado a quebra da possibilidade de formação de palhada para o sistema plantio direto (SPD), onde o clima não favorece o cultivo de culturas de inverno como o trigo e a cevada, ou o cultivo de milho ou de sorgo na safrinha, que são culturas que produzem boa palhada.

O SPD é um sistema de cultivo que se baseia em três princípios fundamentais: ausência de revolvimento do solo ou revolvimento mínimo da linha de plantio, proporcionado pelo uso de máquinas apropriadas; biodiversidade, alcançada pela rotação de culturas e pela integração lavoura-pecuária; e cobertura permanente do solo, possibilitada pela produção de palhada pelas culturas comerciais e/ou pelo cultivo de plantas de cobertura do solo.

Dessa forma, na área cultivada com soja, torna-se imperativo a implantação de plantas de cobertura do solo como a aveia, o azevem, a ervilhaca, o nabo forrageiro, o tremoço etc., na região Sul, e de milheto, sorgo, pé-de-galinha, crotalária, guandu, braquiárias etc., na região Centro-Oeste), em sobressemeadura na soja, no início da fase reprodutiva (estádio fisiológico R-5.2) ou após a sua colheita, através do plantio com semeadoras de trigo ou arroz ou da incorporação das sementes com correntão.

Ainda é bastante utilizada a incorporação das sementes com grade, porém esta prática não é recomendada porque causa grande prejuízo a sustentabilidade do SPD, pois provoca a queima de matéria orgânica (6 a 8 toneladas de matéria seca por hectare) e a redução de até 90% da atividade biológica na camada superficial do solo, em especial de 0 a 5 cm, onde se concentra 80% dos microorganismos vivos do solo.

Na implantação da planta de cobertura do solo deve-se observar se a mesma não é hospedeira da ferrugem e de outras doenças e pragas que poderão atacar a próxima cultura a ser cultivada na área e analisado a possibilidade de utilização de herbicidas seletivos à cultura de cobertura e não seletivos à soja, permitindo o seu controle, atingindo, desta forma, dois objetivos: cumprir o vazio sanitário e produzir palhada para o SPD.

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