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Agronegócio  
La Niña: sua influência na próxima safra de soja do Centro-Oeste
O atraso do plantio da soja pode significar uma colheita menor e também a demora para o produto da nova safra chegar ao mercado
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Sebastião Pedro da Silva Neto e Fernando Antonio Macena da Silva
12/11/2010

 

A próxima safra de verão de soja (2010/2011) poderá sofrer a influência acentuada do fenômeno climático denominado “La Niña” – que se caracteriza pelo resfriamento das águas na região do Pacífico Equatorial- e pela convecção na região da Indonésia. O fenômeno “La Ninã” favorece a ocorrência de chuvas acima da média principalmente no norte e nordeste e déficit pluviométrico no sul do Brasil, com impactos climáticos opostos ao ao “El Niño”. Na região Centro-Oeste não existe uma relação direta entre a quantidade de chuva precipitada e o fenômeno “La Niña”, ou seja, existem anos que chove abaixo e outros que chove acima da média pluviométrica. Porém, já se tem observado atraso das chuvas na principal região produtora de soja do país.

A previsão climática para os últimos meses de 2010 aponta para a maior probabilidade de ocorrência de chuvas acima da média no norte da Região Norte e abaixo da média no centro-sul do Brasil. Esta previsão foi baseada no resultado de modelos climáticos, que também indicam a persistência do fenômeno La Niña nos próximos meses.

A demora no estabelecimento regular das chuvas está atrasando o plantio da safra de soja 2010/2011 na região Centro-Oeste. O atraso do plantio da soja pode significar uma colheita menor e também a demora para o produto da nova safra chegar ao mercado, com possíveis reflexos negativos sobre as exportações. Além disso, o atraso do plantio da soja
poderá provocarconsequências para a segunda safra de milho, com a redução da área plantada com essa cultura.

O plantio de soja está com 20 pontos percentuais de atraso no Estado de Mato Grosso, que é o maior produtor de soja do Brasil. Até final de outubro, o plantio havia atingido 31,1% da área total de 6,24 milhões/ha previstos para a safra 2010/2011, enquanto no mesmo período do ano passado havia atingido 51,1% do total de 6,20 milhões/ha. Os dados são
do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Firmas norte-americanas de meteorologia informaram nesta data que mais chuvas são necessárias no Mato Grosso para o estabelecimento seguro das lavouras de soja. Os comentários nos EUA sobre o clima nas regiões de sojicultura no Centro Oeste brasileiro estão colaborando para elevar notavelmente os preços da soja na bolsa de Chicago que esta semana chegou a US$ 27 por saca. As instabilidades climáticas decorrentes da La Niña, tem criado incertezas relativas à produção de soja na nova safra da América do Sul. Grande parte dos /traders /não descarta a possibilidade de safras fracas no Brasil e/ou na Argentina.

Especificamente no caso do Brasil, apesar de recentes e constantes previsões de chuvas no Mato Grosso, permanece ainda a estiagem em grandes regiões do Centro-Oeste brasileiro, onde se concentra mais de 60% da produção brasileira de soja. O plantio de soja precoce no Centro-Oeste já está prejudicado, o que fará com que a nova safra de soja proveniente do Brasil demore mais a entrar no mercado mundial. Com isso os consumidores asiáticos (principalmente a China) ficará mais dependente da safra norte americana que está sendo colhida, o que tem elevado os preços. Neste ano de La Niña, não há garantia de que novos e graves riscos climáticos possam ser descartados.

A soja é uma espécie muito sensível ao fotoperíodo e, consequtemente à data do plantio. Para não perder a melhor data de plantio, os agricultores se arriscam a plantar mesmo que o solo não tenha ainda recebido a quantidade de chuvas suficientes para deixar a umidade adequada ao plantio. Para isso, é necessário que os agricultores adotem cuidados adicionais com o plantio das lavouras. Para enfrentar a escassez hídrica em algumas regiões, é recomendável o tratamento de sementes com fungicidas, pois nas condições de germinação lenta e de exposição das sementes aos patógenos, permite o melhor estabelecimento da população de plantas. Ainda como estratégia de redução dos impactos do clima na agricultura pode-se alternar épocas de plantio com grupos de maturidade das cultivares, de forma a se evitar a colocar todos os ovos na mesma cesta. Assim recomenda-se que o produtor inicie o plantio com sojas precoces, continue com cultivares de ciclo médio e gradativamente até terminar com sojas de ciclo tardio. Assim, evita-se que toda a lavoura entre no período de floração na mesma época e fique vulnerável a longos períodos de estiagem em fases críticas da cultura.

Por outro lado, com relação às doenças, caso a distribuição das chuvas no Centro Oeste seja irregular neste ano de La Niña, devemos ter nesta safra uma menor pressão dos patógenos e, em especial, da ferrugem da soja, permitindo prever uma diminuição no numero de aplicações de fungicidas em relação à safra passada e, conseqüentemente, possibilitar uma redução nos custos de produção.

Embora historicamente os anos de La Nina não tenham um padrão de irrigularidade climática, com menos chuvas do que o normal na região Centro-Oeste, nos estados produtores de soja da região Sul do Brasil e nos países do Cone Sul, isso deverá ocorrer e influenciar na produção de soja destas regiões e afetar os preços da soja até o final da colheita
da safra 2010/2011. Neste sentido, mesmo que os produtores de soja da região Centro-Oeste não sejam afetados pelo clima, seus negócios poderão ser afetados indiretamente devido a uma maior volatilidade de preços na época da próxima colheita. Neste sentido, o produtor do Centro-Oeste deve planejar suas vendas de forma a aproveitar as altas de preços que
estao acontecendo devido às incertezas climáticas provocadas pelo fenômeno da La Niña. Teoricamente, uma estratégica que pode ser interessante para o produtor do Centro-Oeste é fazer vendas antecipadas aproveitando os picos de preço que deverão ocorrer ao longo da safra 2010/2011. Deixando uma parte da soja para vender após a colheita, tendo em vista que se as incertezas climáticas se confirmarem, os preços podem subir ainda mais no primeiro semestre de 2011.
 

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julia
12/09/2011 - 19:01
gostei da materia la ninÒ Ú muito interessante.

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1 comentário

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