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Juliana Royo e Kamila Pitombeira
25/03/2011
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Cuidar do meio ambiente não precisa ser sinônimo de limitação produtiva. É possível reduzir o impacto ambiental e lucrar mais, garantindo aumento de produtividade. Cada vez mais as técnicas sustentáveis são viáveis também para todos os tipos de agricultores, até os que possuem grandes produções.
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um dos bons exemplos destas novas técnicas. Aliando diversas ferramentas que ajudam a controlar os insetos destruidores o produtor consegue reduzir drasticamente a aplicação de químicos, cortando gastos e contribuindo para uma agricultura mais sustentável.
— Nos últimos anos temos observado o aumento da população de pragas e a mudança no comportamento das pragas, pragas que não eram importantes par cultura da soja e hoje são importantes como é o caso da lagarta da maçã do algodoeiro e da mosca branca, que eram problemas do feijão e do algodão. Verificamos que alguma coisa estava sendo feita de errado no controle destas pragas e passamos a adotar um manejo mais racional — explica a doutora em entomologia Jurema Rattes, professora da Universidade de Rio Verde.
Rattes foi uma das palestrantes da 13ª Passarela da Soja, que aconteceu dia 12 de março em Roda Velha, na Bahia. Durante o evento ela detalhou os cuidados de manejo que são prioritários no MIP e explicou o conceito da técnica que visa melhorar a qualidade do controle das pragas.
— A ferramenta principal é a amostragem. Nós precisamos resgatar o hábito de avaliar o que eu tenho no campo para tomar a decisão. Tem que visitar a lavoura, ver a população da praga, saber em que estágio se encontra o inseto, quais as ferramentas que eu tenho disponíveis para fazer o controle, qual o produto que vai ser utilizado, a dose e o momento em que ele será aplicado — esclarece.
Um ponto muito importante no conceito do MIP é a valorização da microfauna com a utilização de produtos que não destruam outros insetos que são inimigos naturais das praags que atacam as culturas. A professora diz que os produtores deveriam valorizar mais estes animais que não são percebidos nas lavouras e fazem de graça um trabalho precioso de controle natural. Para isso, ela ressalta a importância de usar produtos seletivos na lavoura.
— O produtor deve aprender a valorizar muito os chamados inimigos naturais das pragas porque eles na verdade são amigos naturais. Nós temos que fazer isso utilizando produtos mais seletivos. Estes insetos são difíceis de serem visualizados e quantificados no campo, mas nós percebemos o trabalho precioso que estes insetos fazem no campo se alimentando de pragas das culturas. Quando o produtor for fazer a tomada de decisão ele deve pensar em preservar o batalhão destes insetos benéficos — alerta.
A pesquisadora também chama atenção para o uso excessivo de grupos de produtos químicos. Ela explica que muitas vezes o produtor não precisa usar aquele componente, mas não presta a atenção devida. Para combater as pragas iniciais, pro exemplo, ela explica que muitas vezes apenas antecipar a dessecação já é o suficiente.
— Criou-se o hábito de colocar o grupo químico dos piretróides, que têm baixo custo, no momento da dessecação junto com os herbicidas e a gente precisa questionar essa aplicação. Uma praga muito importante na cultura da soja são os percevejos e criou-se o hábito de fazer o controle do inseticida associado às aplicações de fungicida. Virou uma questão de otimizar a aplicação já que vai ter que usar o fungicida, ao invés do produtor verificar se há necessidade de aplicar o inseticida. Na prática, essa aplicação conjunta pode nem adiantar para o inseto — ressalta.
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