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Kamila Pitombeira
29/11/2011
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A liberação dos transgênicos no Brasil é relativamente recente e já é maioria no plantio de soja e milho. No entanto, o assunto “transgênicos” ainda é polêmico. Recentemente, o uso de feijão transgênico foi liberado no Brasil, permitindo que empresas do ramo possam investir em novas tecnologias destinadas à cultura. Para combater um dos graves problemas do feijão, a Embrapa Arroz e Feijão tem desenvolvido cultivares resistentes ao mosaico dourado, doença que pode afetar até 20% da produção. Diferentemente das culturas da soja e do milho, a tecnologia utilizada foi de interferência de RNA e a garantia de resistência é de praticamente 100%.
Segundo Josias Corrêa de Faria, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, é difícil avaliar os impactos das modificações genéticas na soja e no milho em relação às do feijão, dada as diferentes características dessas culturas.
— Soja e milho são commodities e, portanto, têm um comportamento totalmente diferenciado. Por isso, espera-se que esse feijão venha a ser um sucesso no controle do mosaico dourado — diz o pesquisador.
No feijão, Faria afirma que o sistema de transgenia utilizado foi diferente do aplicado em outras plantas. Isso porque, para desenvolver a resistência, não foi expressada uma nova proteína na planta, mas sim a tecnologia de interferência de RNA.
— Ao desenvolver a tecnologia, a primeira etapa foi testar o feijão em casa de vegetação. Nesse contexto, foi feito um teste colocando-se um alto número de moscas brancas, de 300 a 1000 por planta. Essas plantas não apresentaram o mosaico dourado, enquanto que quase 100% das testemunhas sim. Portanto, frente ao mosaico dourado, podemos dizer com segurança que esse feijão é resistente — garante.
O mosaico dourado é transmitido por mosca branca, que adquire e transporta o vírus. Além de vetora, ela é também uma praga do feijão. Portanto, de acordo com o entrevistado, não é necessário realizar aplicações contra a praga vetora do vírus, mas, caso haja alta incidência de mosca branca, pode ser que seja necessário controlá-la, mesmo com o número de aplicações reduzido.
— Já em relação à produtividade, a planta é tão produtiva quanto à outra, já que a mudança serve apenas para proteger contra o mosaico dourado. No entanto, se a incidência da doença ocorrer até os 35 dias do plantio, a perda pode ser total. Portanto, a proteção salvaria completamente a lavoura — conta.
Faria acrescenta ainda que a perda causada pela doença pode chegar a 20% da lavoura. Considerando esse fato, o feijão transgênico garante então um aumento de produção de 20% em relação às lavouras não resistentes e afetadas pela doença.
— Esse material tende a ser destinado a três regiões onde o mosaico dourado é mais importante: Regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. A previsão é de que em 2012 e 2013 sejam feitos os ensaios. Em 2014, o material será registrado e a quantidade de sementes disponíveis para serem comercializadas aumentada. Portanto, a colheita da primeira safra pode, provavelmente, acontecer em 2015 — diz Faria.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Arroz e Feijão através do número (62) 3533-2110.
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