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Principais pragas do tomateiro e táticas de manejo integrado
Cerca de 200 espécies alimentam-se do tomateiro. Alguns destes insetos e ácaros são considerados pragas-chave da cultura e ocorrem nos cultivos desde a fase de mudas até a colheita
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Alexandre de Moura, Jorge Guimarães, Miguel Michereff Filho
29/10/2012

O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é uma das hortaliças mais importantes em todo o mundo, tanto com referência à produção quanto a valores comercializados mundialmente. Essa é também uma das poucas hortaliças em que doenças e artrópodes-praga são igualmente importantes. Cerca de 200 espécies já foram relatadas alimentando-se de tomateiro. Dentre essas espécies, alguns insetos e ácaros são considerados pragas-chave da cultura e ocorrem nos cultivos desde a fase de mudas até a época da colheita. No entanto, a importância que cada uma dessas espécies assume é variável, dependendo da época e da região onde o cultivo está localizado.

A seguir são apresentadas descrições das principais espécies de insetos-praga da cultura do tomateiro, bem como as técnicas utilizadas no monitoramento e manejo, visando reduzir os prejuízos causados e a sustentabilidade do agronegócio tomateiro.

Mosca-branca: Bemisia tabaci (Gennadius) biótipo B
Esses insetos apresentam cerca de 1 mm de comprimento e coloração esbranquiçada ou amarelo-palha. Possuem dois pares de asas membranosas recobertas por pulverulência branca (Figura 1-A). É um inseto fitófago sugador de seiva com ampla distribuição geográfica. Os ovos apresentam coloração amarelada e são colocados na superfície inferior das folhas. As ninfas de primeiro ínstar são móveis e translúcidas e apresentam coloração variando do amarelo ao amarelo-pálido, assemelhando-se a cochonilhas, mas tornam-se sésseis quando iniciam sua alimentação. As ninfas maduras de quarto ínstar caracterizam-se morfologicamente por apresentar olhos de coloração vermelha (Figura 1B). As fêmeas dessa espécie colocam cerca de 300 ovos durante toda sua vida.

Figura 1. Mosca-branca, Bemisia tabaci biótipo B. A – adulto; B – ninfas

Essa espécie é uma praga polífaga, atacando diversas espécies vegetais, entre hortaliças, frutíferas, ornamentais e grandes culturas, além de plantas daninhas. Ocasiona perdas devido ao impacto direto, decorrente da sucção contínua de seiva, sendo responsável por alterações no desenvolvimento vegetativo (menor vigor) e reprodutivo (redução da floração) das plantas de tomateiro. Além disso, a mosca-branca excreta o excesso da seiva na forma de gotículas de substâncias adocicadas (mela ou “honeydew”) na superfície das folhas e dos frutos, favorecendo o desenvolvimento de fungos causadores da fumagina. Esse fungo forma uma capa enegrecida que dificulta a realização da fotossíntese e prejudica a aparência dos frutos (Figura 2). Em altas densidades populacionais a praga pode ocasionar a morte de mudas e plantas jovens, enquanto que em plantas adultas causa amadurecimento irregular dos frutos (Figura 3).

Figura 2. Fumagina sobre folhas (dir.) e frutos (esq.) do tomateiro

Figura 3. Amadurecimento irregular de frutos ocasionado pela mosca-branca

A mosca-branca também é responsável pela transmissão de fitoviroses, que podem causar sérios problemas para a cultura, principalmente quando a infecção ocorre no inicio do estágio vegetativo da planta. O inseto se contamina com os vírus tanto na fase de ninfa como na fase adulta, durante a alimentação em tomateiros ou em plantas da vegetação espontânea infectados.

Tripes: Frankliniella schultzei Trybom e Thrips palmi Karny
A espécie F. schultzei possui de 1 a 3 mm de comprimento (Figura 4) e grande variação de coloração entre suas populações. Já a espécie T. palmi possui de 1 a 1,2 mm de comprimento e coloração amarelo-ouro.

Os tripes são mais comumente encontrados na face inferior das folhas, nas flores, nas hastes e nas gemas apicais do tomateiro, ficando abrigados entre dobras e reentrâncias das plantas. As fêmeas adultas colocam de 100 a 200 ovos, isoladamente, na epiderme das folhas.

Figura 4. Tripes adulto da espécie Thrips palmi

Os tripes alimentam-se raspando e perfurando os tecidos da planta e sugam a seiva que extravasa. Nos locais onde os insetos se alimentam formam-se áreas transparentes, que em seguida necrosam devido à morte dos tecidos. Em ataques intensos, as folhas ficam com aspecto de bronzeamento ou queimadura e caem prematuramente. Atacam também as flores, causando esterilidade e/ou prejudicando o desenvolvimento de frutos.

No entanto, a maior importância dos tripes como pragas do tomateiro se deve ao fato de serem vetores de fitoviroses, como é o caso do vírus do vira-cabeça-do-tomateiro. Somente as larvas são capazes de adquirir o vírus, sendo necessário pelo menos uma hora de alimentação na planta infectada para sua aquisição. Depois de infectadas, as larvas são capazes de transmitir o complexo de vírus durante toda sua vida adulta.

Pulgões: Myzus persicae (Sulzer) e Macrosiphum euphorbiae (Thomas)
A espécie M. persicae apresenta ninfas e adultos ápteros (sem asas), medindo de 1 a 3 mm de comprimento, de coloração verde-clara, rosada ou avermelhada (Figura 5). Já os adultos de M. euphorbiae medem de 3 a 4 mm de comprimento, sendo a forma áptera maior que a alada. Possui coloração geral esverdeada, com cabeça e tórax amarelados, antenas escuras e mais longas que o corpo.

Essas duas espécies de pulgões podem atacar o tomateiro durante todo o seu ciclo e ocorrem em grandes colônias na face inferior das folhas, nas brotações e nas flores. Cada fêmea é capaz de gerar até 80 indivíduos durante sua vida.

A sucção contínua de seiva, tanto por adultos como por ninfas, provoca definhamento de mudas e plantas jovens e o encarquilhamento das folhas, dos brotos e dos ramos. Altas infestações dessas espécies podem afetar drasticamente a produção e causar a morte das plantas atacadas.

À semelhança do que ocorre com a mosca-branca, a mela expelida pelos pulgões também favorece o desenvolvimento da fumagina, tanto sobre folhas como em estruturas reprodutivas da planta, afetando a fotossíntese. No entanto, os danos diretos causados pelos pulgões à cultura do tomateiro são reduzidos, devido ao manejo realizado para o controle da traça-do-tomateiro e da mosca-branca.

A grande importância dos pulgões, porém, se deve à sua capacidade de transmitir fitoviroses, como é o caso dos Potyvírus e dos Luteovírus, causadores do topo amarelo e do amarelo-baixeiro-do-tomateiro, respectivamente. Geralmente, os pulgões se infectam ao se alimentar de solanáceas ou de plantas da vegetação espontânea.

Figura 5. Pulgão Myzus persicae

Traça-do-tomateiro: Tuta absoluta (Meyrick)
No Brasil, essa espécie ocorre durante todo o ano, especialmente no período mais seco, quase desaparecendo em períodos chuvosos. Lavouras irrigadas por aspersão convencional ou via pivô central são menos danificadas do que as irrigadas por sulco. A irrigação por aspersão derruba os ovos, as larvas e as pupas, reduzindo o potencial de multiplicação do inseto.

Cada fêmea oviposita, em média, 260 ovos, na face inferior das folhas e também no caule, no pedúnculo e nos frutos. Os ovos são elípticos, de coloração branca, tornando-se amarelados ou marrons próximos à eclosão das lagartas.

A lagarta possui cabeça de coloração escura e corpo amarelado, apresentando cerca de 8 mm de comprimento. Ao eclodir, penetra nos folíolos do tomateiro, alimentando-se do parênquima foliar e formando uma galeria de contorno irregular (Figura 6). As lagartas também se alimentar do caule e dos frutos do tomateiro (Figura 7). A fase de pupa ocorre mais comumente no solo, mas pode também ocorrer na superfície das folhas. O adulto é uma mariposa de cor cinza, marrom ou prateada, com aproximadamente 10 mm de comprimento. As fêmeas acasalam-se imediatamente após a emergência, voam e ovipositam, predominantemente, ao amanhecer e ao entardecer.

Figura 6. Traça-do-tomateiro, Tuta absoluta. A – adulto; B – ovo; C – lagarta; D – pupa
 
 
Figura 7. Frutos broqueados pela traça-do-tomateiro

Broca-pequena-do-fruto: Neoleucinodes elegantalis (Guennée)
Essa espécie foi registrada inicialmente no estado do Ceará em 1922 e, desde então, tornou-se importante praga em quase todas as regiões produtoras do país. Ataca a cultura do tomateiro principalmente no período chuvoso do ano, onde as altas temperaturas e umidades relativas são mais favoráveis ao crescimento populacional da praga.

As mariposas adultas de N. elegantalis possuem cerca de 10 mm de comprimento, coloração geral branca, asas transparentes, apresentando nas asas anteriores, uma mancha de cor marrom escura e, nas posteriores, pequenas manchas marrons esparsas (Figura 8A).

Os ovos são elípticos e depositados de forma isolada ou agrupados no pecíolo, no cálice ou diretamente na superfície do fruto. As lagartas recém-eclodidas raspam a casca do fruto e se alojam em seu interior, alimentando-se da polpa. Quando completamente desenvolvida, a lagarta possui de 11 a 13 mm de comprimento e coloração rosada bastante característica. A fase de pupa ocorre no solo, logo abaixo da planta.

Os frutos atacados (Figura 8B) tornam-se impróprios para consumo “in natura” ou mesmo para a industrialização. Por atacar diretamente os frutos, essa praga causa danos diretos na produção, resultando perdas consideráveis, que podem variar de 45% a 90%. A presença de apenas uma lagarta da broca-pequena no interior do fruto é o suficiente para causar sua inviabilização para o consumo.

Visando realizar o manejo das espécies citadas anteriormente, a elaboração de um plano básico de monitoramento mostra-se essencial. Para que a amostragem seja realizada de forma eficiente é de suma importância o conhecimento das pragas e das injúrias por elas causadas.

Para a realização do monitoramento recomenda-se dividir as áreas de cultivo em talhões, conforme a cultivar, a idade das plantas, a topografia e as características de fertilidade do terreno. Deve-se percorrer toda a lavoura em zigue-zague e examinar, no mínimo, dez pontos de amostragem por talhão. O monitoramento das pragas deve ser realizado conforme descrito a seguir.

Figura 8. Broca-pequena-do-fruto, Neoleucinodes elegantalis. Adulto (dir.) e fruto danificado (esq.)

Mosca-branca
• Monitoramento de adultos – podem ser usadas cartolinas, lonas, plásticos ou etiquetas, de coloração amarela, untadas com óleo (vegetal ou mineral) ou cola entomológica. Armadilhas adesivas com esta finalidade já encontram-se disponíveis no mercado e devem ser instaladas em estacas, na altura do topo das plantas. Estas armadilhas podem ser inspecionadas diariamente, o que permite identificar o momento exato da chegada dos primeiros adultos na lavoura. Mostram-se bastante úteis na indicação do momento a partir do qual o controle químico deve ser iniciado.

• Inspeção de plantas – caso o produtor não utilize armadilhas, os adultos de mosca-branca podem ser monitorados por vistorias, feitas a cada três dias, mediante inspeção da face inferior de folhas localizadas na região superior das plantas, no viveiro e no campo definitivo. Após o surgimento dos primeiros adultos recomenda-se inspecionar periodicamente a face inferior de folhas localizadas na região mediana das plantas, na busca por ninfas, o que pode ser feito com auxílio de lupa de bolso, com aumento mínimo de oito vezes. O monitoramento da mosca-branca deve ser intensificado nos primeiros 50 dias após o transplante.

Tripes
• Monitoramento de adultos – devem-se utilizar os mesmos modelo e procedimentos descritos para a captura da mosca-branca, porém, as armadilhas adesivas devem ser confeccionadas usando material de coloração azul.

• Batedura de ponteiros – esse método é adotado na ausência de armadilhas para monitoramento. Consiste em agitar as folhas da região superior das plantas presentes em cada ponto de amostragem (1 m de fileira de cultivo), sobre uma placa ou bandeja de coloração branca e avaliar a quantidade de insetos presentes na superfície. As vistorias devem ser realizadas nos primeiros 60 dias após o transplante.

Pulgões
• Monitoramento de adultos – os procedimentos a serem adotados são os mesmos utilizados para a captura da mosca-branca. Alternativamente, pode-se utilizar armadilha do tipo Moericke (bandeja pintada de amarelo, contendo água e algumas gotas de detergente). Neste caso as armadilhas são colocadas no solo e dispostas na área de cultivo.

• Batedura de ponteiros – esse método é adotado quando armadilhas não forem usadas para monitoramento, seguindo-se a mesma operação recomendada para os tripes.

Traça-do-tomateiro
• Monitoramento de machos com armadilhas contendo feromônio sexual sintético – o feromônio sexual sintético de T. absoluta já é comercializado no Brasil.

Existem vários modelos comerciais de armadilhas para o monitoramento da traça-do-tomateiro, sendo o do tipo Delta o mais utilizado. No entanto, modelos artesanais também podem ser construídos utilizando-se de bandejas plásticas circulares e arames. As armadilhas devem ser instaladas em estacas, na altura do topo das plantas, tanto no viveiro como no campo, antes do transplante.

No campo as armadilhas devem ser distribuídas com distância mínima entre si de 30 m, ao longo da bordadura e no interior do cultivo. Pode-se utilizar até uma armadilha para cada oito hectares. Estas armadilhas devem ser inspecionadas ao menos duas vezes por semana. Deste modo indicam o momento da chegada das primeiras mariposas e a localização dos focos de infestação, sendo uma ferramenta valiosa para se determinar o momento das aplicações de inseticidas químicos e biológicos (Bacillus thuringiensis), bem como das liberações de inimigos naturais (Trichogramma spp.) para controle da praga.

• Inspeção de plantas – caso não se empregue armadilhas com feromônio ou em complemento a elas, amostragens semanais da parte superior das plantas em busca de ovos e folhas minadas com lagartas vivas, também podem indicar o momento de se iniciar as pulverizações no cultivo. Estas inspeções devem ser realizadas durante todo o ciclo do tomateiro e intensificadas durante a estação seca e quente do ano.

Broca-pequena-do-fruto
• Monitoramento de machos com armadilhas contendo feromônio sexual sintético – o feromônio sexual sintético de N. elegantalis também já é comercializado no Brasil. A armadilha recomendada é o modelo Delta e os procedimentos de operação dessas armadilhas são semelhantes aos adotados para a traça-do-tomateiro, exceto o momento (início do florescimento) e a altura de instalação (1 m do solo) das mesmas.

• Inspeção de plantas – consiste na avaliação semanal de pencas com frutos em fase inicial de desenvolvimento (2 cm de diâmetro), sendo consideradas infestadas aquelas que apresentarem, pelo menos, um fruto com ovos ou com sinais de entrada das lagartas. Recomenda-se que o monitoramento comece no início do florescimento e seja intensificado durante a estação chuvosa e quente do ano.

Seleção das táticas de manejo
Após o monitoramento, caso seja necessário adotar alguma medida de combate às pragas, deve-se optar por um plano que envolva duas ou mais táticas de manejo.

Manejo do ambiente de cultivo
O manejo do ambiente de cultivo consiste em medidas que devem ser consideradas como a primeira linha de defesa contra as pragas. Recomenda-se, portanto, a adoção planejada e preventiva das seguintes medidas:

- Uso de sementes sadias;

- Produção de mudas em viveiros com pedilúvio (caixa com cal virgem), antecâmaras e cobertos com telas (com malha máxima de 0,239 mm) à prova de insetos sugadores;

- Instalação do viveiro em local distante dos plantios comerciais de tomateiro ou de plantios abandonados e sempre longe do local definitivo de plantio;

- Uso de cultivares de ciclo curto e adequação da época de plantio para a região, visando o escape da cultura de picos populacionais das pragas;

- Seleção de mudas sadias e vigorosas para plantio e que possuam certificado de sanidade;

- As mudas devem ser transplantadas com, no mínimo, 21 dias de idade;

- Mudas não utilizadas (sobras) não devem retornar aos viveiros;

- Isolamento dos talhões por data e área, evitando-se o escalonamento de plantio;

- Preparo antecipado do solo para plantio;

- Plantio de talhões novos sempre no sentido contrário ao vento dominante;

- Implantação de barreiras vivas permanentes ou quebra-ventos (capim elefante ou cana-de-açúcar) ao redor da lavoura, de tal forma que tenham pelo menos 1 m de altura no momento do plantio do tomateiro;

- Não realizar plantios próximos a culturas como soja, feijoeiro e algodoeiro, que também são hospedeiras de insetos sugadores e onde o controle dessas pragas não é realizado de forma sistemática durante todo o ciclo da cultura;

- Manejo da nutrição (adubação química e orgânica mais equilibradas) conforme análise de solo ou foliar e com base nos requerimentos da cultura, uma vez que o excesso, principalmente de nitrogênio, via adubação, favorece o desenvolvimento dos insetos e aumenta sua taxa reprodutiva, ocasionando surtos populacionais;

- Manejo adequado da irrigação de forma a favorecer o estabelecimento rápido das plantas;

- Cobertura do solo com superfície refletora de raios ultravioletas (casca de arroz ou palha), para dificultar a colonização dos pulgões e da mosca-branca;

- Uso de irrigação viar pivô central ou por aspersão convencional para controle mecânico de pulgões, tripes, lagartas pequenas e mosca-branca;

- Eliminação imediata de plantas de tomateiro com sintomas de viroses, para reduzir o progresso da doença na lavoura;

- Eliminação de ervas daninhas e de plantas silvestres que sejam hospedeiras de pragas e fontes de inoculo de viroses do tomateiro;

- Sucessão e rotação de culturas com plantas não hospedeiras de pragas do tomateiro, evitando-se plantios sucessivos de tomateiro e de outras solanáceas (batata, berinjela, pimentão e jiló), bem como de cucurbitáceas (abóboras, morangas, melão e melancia), alho e cebola na mesma área;

- Evitar a entrada de pessoas, veículos e caixas sujas nas áreas de cultivo;

- Destruição e incorporação de restos culturais e de cultivos abandonados ou com ciclo interrompido, com vistas a eliminar a população remanescente de pragas na área e se reduz o deslocamento desses organismos da lavoura mais velha para a mais nova;

- Eliminação de plantas voluntárias de tomateiro, oriundas de cultivos anteriores, antes do novo plantio na mesma área.

Controle legislativo
Consiste em medidas de controle, preventivas ou não, sempre embasadas em dispositivos legais (decretos, instruções normativas, portarias e resoluções). Procura normatizar datas de plantio, impedir o escalonamento inadequado de plantios, garantir a eliminação de restos culturais e a existência de períodos livres de cultivo, bem como implementar medidas de mitigação de risco de pragas quarentenárias.

Controle biológico
O uso dos inimigos naturais no controle de pragas é conhecido como controle biológico e se baseia na regulação natural das populações de insetos e ácaros que se alimentam de plantas. Dentre as diversas táticas que podem ser utilizadas no manejo integrado de pragas do tomateiro, o controle biológico pode ser uma ferramenta importante, pois se baseia no uso dos inimigos naturais para manter as populações das pragas em níveis toleráveis, de maneira sustentável.

Os inimigos naturais mais conhecidos são os predadores (joaninhas, as vespas, bichos lixeiros, etc.), que se alimentam de inúmeros indivíduos de uma ou de várias espécies de praga. Os parasitoides pertencem à outra categoria de inimigos naturais e, em sua maioria, são vespas diminutas que se desenvolvem no interior ou sobre o corpo da praga. Além desses agentes existem microrganismos como fungos, bactérias, vírus e nematoides, que ocasionam doenças e matam as pragas quando estas alcançam grandes populações no cultivo.

Dentre as diversas espécies de inimigos naturais de pragas da cultura do tomateiro, a bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis Berliner (subespécies kurstaki e aizawai) é o agente de controle biológico mais utilizado, atualmente, nos cultivos de tomateiro, cujos produtos comerciais são registrados para o controle de lagartas. Esses inseticidas biológicos devem ser utilizados, principalmente, no momento em que as lagartas são pequenas. As pulverizações devem ser dirigidas às folhas, flores e frutos novos e realizadas sempre com vento fraco e no final da tarde, quando as temperaturas estão mais amenas e o sol fraco.

Controle comportamental
Na cultura do tomateiro as táticas comportamentais se baseiam no uso de feromônio sexual sintético, com destaque para o da traça-do-tomateiro. Além do monitoramento das populações de T. absoluta com armadilhas de feromônio, visando auxiliar ou otimizar as táticas de controle químico e biológico, pesquisas já foram realizadas para o controle desta praga mediante emprego das técnicas da confusão sexual, coleta massal e “atrai-e-mata” ou aniquilação de machos.

Resistência de plantas
Existem boas fontes de resistência a pragas e viroses em acessos selvagens de Solanum chilense, S. habrochaites f. typicum, S. habrochaites f. glabratum, S. pennellii e S. pimpinellifolium. Entretanto, no Brasil, os fatores de resistência conferidos por estas fontes à traça-do-tomateiro e à mosca-branca ainda não foram incorporados às cultivares comerciais.

Controle químico
O uso de inseticidas e acaricidas químicos tem sido a principal tática de combate às pragas do tomateiro. Entretanto, o uso indiscriminado de agrotóxicos tem elevado, substancialmente, o custo de produção e pode acarretar sérios problemas, como surgimento de populações de pragas resistentes aos produtos utilizados, ressurgência da praga, erupção de pragas secundárias, eliminação de organismos benéficos (polinizadores, inimigos naturais e microbiota decompositora), poluição do meio ambiente, presença de resíduos tóxicos nos frutos em níveis acima do tolerável e a intoxicação de usuários e consumidores.

Nesse sentido, o controle eficaz dos insetos sugadores vetores de fitoviroses representa o principal desafio para o MIP do tomateiro, tendo em vista que, nas áreas com histórico de alta incidência de viroses, torna-se necessário o emprego de inseticidas de forma preventiva. Contudo, a concepção de que a simples aplicação de agrotóxicos para eliminar o inseto vetor é suficiente para o controle das viroses é equivocada, sendo muito comum se observar cultivos de tomateiro com intensa aplicação de inseticidas para controle de vetores e alta incidência de viroses.

O manejo de insetos sugadores vetores de fitoviroses deve preconizar várias táticas de controle, adotadas simultaneamente, sendo todas igualmente importantes. Especial atenção deve ser dada na fase de produção de mudas e logo após o estabelecimento das plantas no campo, para se evitar a infecção precoce das fitoviroses.

Para as demais pragas do tomateiro, o controle químico somente deve ser utilizado quando ocorrerem infestações que possam acarretar perdas econômicas, adotando-se para isso o monitoramento das pragas com armadilhas e a inspeção periódica das plantas. Para o controle de lagartas recomenda-se utilizar inseticidas de contato e de ação sistêmica e, se possível, os produtos devem ser aplicados de forma seletiva, ou seja, primeiramente nas bordaduras do cultivo e nos focos de infestação. Quando do uso de inseticidas e acaricidas químicos, devem-se utilizar os ingredientes ativos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para o controle de pragas na cultura do tomateiro.

Nesse caso, algumas precauções devem ser tomadas para que se alcance a eficiência de controle desejada, causando o mínimo de desequilíbrio biológico e evitando-se o surgimento de populações de pragas resistentes aos produtos.

-Selecionar o inseticida por modo de ação e grupo químico, tendo como referência o estádio de desenvolvimento predominante da praga-alvo que for constatado a partir do monitoramento;

- Dar preferência para produtos que sejam seletivos em favor dos inimigos naturais e polinizadores e pouco tóxicos ao homem;

- Evitar o uso de produtos de amplo espectro de ação, como inseticidas piretróides e organofosforados, no inicio do ciclo da cultura, pois causam grande distúrbio no agroecossistema devido à elevada mortalidade que causam aos inimigos naturais;

- Evitar o uso indiscriminado de fungicidas, já que muitos desses produtos apresentam efeito nocivo aos fungos entomopatogênicos que controlam insetos sugadores;

- Utilizar a dosagem recomendada pelo fabricante e a quantidade de água conforme o estádio de desenvolvimento da cultura, tendo atenção ao período de carência do produto;

- Evitar a aplicação de mistura de inseticidas;

- Utilizar espalhante adesivo;

- Ter cuidado com a fitotoxidez de inseticidas e acaricidas ao tomateiro;

- Utilizar, de forma alternada, produtos (inseticidas ou acaricidas) de diferentes grupos químicos, levando em consideração seu modo de ação, o estádio/estágio de desenvolvimento da praga e a fase fenológica da cultura, de forma a evitar a ocorrência de resistência das pragas aos compostos;

- Evitar pulverização nos períodos quentes do dia e de ventos fortes;

- Ao aplicar inseticidas não sistêmicos, certificar-se de que as folhas, flores e frutos tenham boa cobertura, lembrando sempre que tanto insetos sugadores como as lagartas permanecem na região inferior da folha e em locais sombreados;

- Manter os equipamentos de aplicação em boas condições de trabalho (pressão de aspersão recomendada, bicos adequados e bem regulados), garantindo a aplicação do produto na dosagem correta;

- No manuseio dos agrotóxicos deve-se sempre utilizar o equipamento de proteção individual (EPI) e seguir todas as recomendações constantes nas bulas dos produtos e no receituário agronômico; e,

- Sempre consultar um engenheiro agrônomo para obtenção de um receituário agronômico, contendo o produto mais indicado e recomendações de uso para cada praga e situação.

Controle alternativo
Uma opção promissora para auxiliar no manejo de pragas é o uso de produtos naturais ou alternativos, como o inseticida botânico à base de óleo de nim (Azadirachta indica A. Juss.). A eficiência do nim como inseticida baseia-se no seu principio ativo, a azadiractina, que possui múltiplos modos de ação, atuando como regulador de crescimento, inibidor da alimentação, esterilizante, inibidor de enzimas digestivas, repelente, entre outros. Além disso, o nim possui ação sistêmica e de profundidade, permitindo seu contato com insetos em desenvolvimento no interior de folhas do tomateiro. No entanto, seu uso no campo ainda dependerá do avanço das pesquisas visando o desenvolvimento de produtos com maior efeito residual, visto que é um produto que se degrada muito rapidamente no ambiente, requerendo aplicações a intervalos de 4 a 5 dias.

Existem diversos produtos comerciais à base de óleo de sementes de nim para pronto uso. Para o tomateiro pode-se utilizar o inseticida até a concentração de 0,5%, ou seja, para o preparo da calda deve-se misturar 500 mL do produto comercial em 100 L de água. Doses mais elevadas poderão ocasionar fitointoxicação (aborto de flores) ao tomateiro e o uso freqüente de produtos à base de nim pode ter efeito nocivo sobre inimigos naturais.

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Humberto Azevedo
08/11/2012 - 00:45
Um excelente trabalho do Alexandre et al.. Nele se percebe que, além da revisão da anatomia e fisiologia dos principais insetos-pragas do tomateiro, há inovações tecnológicas propiciadas por resultados de pesquisas. O artigo é digno de ser adicionado ao menu favoritos para consultas futuras.

fernando freire
02/05/2014 - 20:36
Para quem quer ter conhecimento sobre cultivo do tão sensivel tomate aqui tem o que é preciso,profundo em detalhes e rico exclarecimento.

Antonio Lipai
31/10/2014 - 11:38
Esse artigo ajuda a conhecer melhor o que acontece na vida do produtor de tomate.

Ali Mebene Jamal
20/04/2016 - 06:50
este artigo,na minha opinião e de extrema importancia,porque ajuda a saber como controlar ou combater as pragas

Lúcio Santos
12/09/2016 - 22:15
- Parabéns pelo trabalho,porem necessito de um esclarecimento. Eu plantei um pé de tomate no meu quintal e deram três frutos por assim dizer porem as folhas ficaram secas como se estivessem queimadas. que tipo de problema esta ocorrendo na planta?

crisaldo
16/08/2018 - 10:42
como cobater

kk
19/09/2018 - 18:52
otimo

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7 comentários

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