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Controle Biológico      
Patente vai acelerar pesquisas de controle biológico no Brasil
Patente deferida pelo INPI vai auxiliar os produtores de soja nacionais no controle das piores pragas dessa cultura: os percevejos
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Fernanda Diniz, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
10/07/2014

Uma patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em outubro de 2013 à Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vai auxiliar os produtores de soja brasileiros no controle das piores pragas dessa cultura no País: os percevejos da soja. A patente, intitulada "Composição de atração, armadilhamento e/ou extermínio do percevejo da soja Piezodorus guildinii" (PI 9903509-0) tem como princípio ativo o composto metil 2,6,10 trimetiltridecanoato, responsável pela atração de várias espécies de percevejos do complexo da soja, incluindo o percevejo marrom da soja o Euschistus heros.

A patente é resultado de mais de 15 anos de pesquisas desenvolvidas pelas equipes da Embrapa e de instituições parceiras com foco na utilização de semioquímicos para controle biológico do complexo de percevejos que atuam como pragas nas lavouras de soja no Brasil. Semioquímicos são substâncias químicas utilizadas na comunicação entre os seres vivos na natureza. Quando ocorrem dentro da mesma espécie são chamadas de feromônios.

Os feromônios são utilizados pelos insetos para vários fins, como alimentação, demarcação de território, presença de predadores, reprodução, entre outros. Mas, independente do uso, o fato é que os percevejos utilizam esses sinais químicos para se comunicarem, o que despertou a atenção do pesquisador Miguel Borges e sua equipe na década de 90. Observando o comportamento dos insetos na natureza, Borges concluiu que poderia estudar a fundo os feromônios para monitorar e reduzir as populações de percevejos nas lavouras de soja no Brasil.

Começou, então, a criá-los em laboratório para reproduzir as condições existentes na natureza e extrair o feromônio. O percevejo marrom (Euschistus heros), o percevejo pequeno verde da soja (Piezodorus guildinii), e o percevejo verde (Nezara viridula) – constituem o complexo de pragas de maior risco para a cultura da soja no Brasil, causando danos desde a fase de formação das vagens até o final do desenvolvimento das sementes.

Quando se alimentam, os percevejos atingem diretamente os grãos em formação e, por isso, representam um perigo na reta final do cultivo, quando se definem o rendimento e a qualidade da semente.

Os feromônios isolados em laboratório são colocados em armadilhas que, por sua vez, são distribuídas pelas lavouras em várias regiões produtoras de soja no Brasil com o objetivo de monitorar e controlar as populações dos percevejos-praga e, consequentemente, reduzir os danos às plantações.

Experimentos em campo com esse feromônio resultaram na captura de fêmeas de Euschistus heros, Piezodorus guildinii e Edessa meditabunda (conhecido popularmente como percevejo-asa-preta-da-soja). Apesar do feromônio não ser produzido por todas essas espécies, pode ocorrer atração cruzada, como explica o pesquisador Miguel Borges: "uma espécie utiliza o feromônio da outra porque sabe que encontrará sítio de oviposição e alimentação".

Controle biológico de pragas da soja: prioridade no Brasil
O Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial de soja, participando com 23,8% da produção mundial e 19 % do total exportado. A produção nacional é de cerca de 68 milhões de toneladas, envolvendo 16 estados e uma área superior a 23 milhões de hectares.

O mercado de inseticidas para a cultura da soja no País gira em torno de US$112,70 milhões. Atualmente, são utilizados mais de 4,5 milhões de litros de inseticidas químicos por safra para o controle de percevejos-praga, ao custo aproximado de R$ 20,00 por hectare.

Por isso, investir em tecnologias de controle biológico de pragas da soja é uma prioridade para o Brasil hoje, como explica Borges.

E não só de pragas da soja. Os estudos com feromônios já estão sendo estendidos a outras culturas agrícolas. Foram iniciadas pesquisas, em parceria com a Embrapa Amazônia Ocidental, para controle da broca do cupuaçu e também com a Embrapa Arroz e Feijão para monitoramento do percevejo do colmo do arroz (Tibraca limbativentris).
 
Patente vai agilizar transferência da tecnologia ao setor produtivo
Segundo o pesquisador, os semioquímicos ocupam hoje cerca de 30% do mercado de biopesticidas no mundo, perdendo apenas para os inseticidas bacterianos e os botânicos. No Brasil, o mercado de semioquímicos está em franca expansão, com mais de 15 produtos registrados e outros em fase de registro.

Existe grande interesse de empresas privadas na tecnologia de controle e monitoramento de pragas a partir da tecnologia a base de feromônio desenvolvida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. "A concessão desta patente vai facilitar e agilizar a sua transferência ao setor produtivo, já que representa uma segurança para o investidor e para a Empresa, como inventora", destaca Borges.

A patente é um ativo mensurável e, por isso, estimula a realização de investimentos em pesquisa. Os contratos de transferência de tecnologia que envolvem direito de propriedade e patente garantem às empresas envolvidas mais segurança na cooperação, ao mesmo tempo em que resultam em agregação de valor aos produtos ou serviços gerados.

A transferência das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa ao setor produtivo é uma forma fazer com que cheguem mais rápido aos consumidores. O que no caso do controle biológico é ainda mais premente, pois representa saúde e nutrição na mesa da população. "Ou seja, quem lucra é o País e a sociedade brasileira, pois a criação de inovações que resultam em produtos que beneficiam a sociedade brasileira ajudam a trazer o progresso para o Brasil. Além disso, a comercialização de patentes gera recursos para futuras pesquisas", finaliza o pesquisador.

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