Abapa 20/08/2014

Em tempos onde a sustentabilidade é tema de importância fundamental nos principais debates sobre o futuro da humanidade e a produção agrícola, os cotonicultores brasileiros mostram estar preocupados em trabalhar de forma ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável. Isto é o que demonstram os números do programa Algodão Brasileiro Responsável na safra 2013/2014, que certificou 71% do total de algodão produzido no país, valor correspondente a 1.218.000 toneladas de pluma. A safra 13/14 alcançou um total de 1.705.197 toneladas.

“O cotonicultor brasileiro demonstra essa preocupação há muito tempo, quando iniciamos, no Mato Grosso, o Instituto Algodão Social (IAS), em 2005. Depois, na Abrapa, criamos o Programa Socioambiental do Algodão (Psoal) em 2009, aderimos à Better Cotton Initiative (BCI) em 2010 e chegamos, nesta safra, com o terceiro ano de ABR, o primeiro após o benchmarking com a BCI”, diz Gilson Pinesso, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

Na safra 2013/2014 o ABR certificou 255 fazendas, espalhadas em seis estados: Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Groso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Um salto de 19% em comparação às 214 propriedades certificadas na safra 2011/2012, a primeira de execução do programa. Em área plantada, a safra 13/14 alcançou 805.443 hectares, 30% maior que a primeira safra.

BCI
Na safra 2013/2014 a Abrapa e a BCI realizaram um benchmarking entre os protocolos de verificação das duas entidades, proporcionando que o produtor certificado pelo ABR seja, se assim quiser, automaticamente licenciado pela BCI.

A novidade fez com que os números do licenciamento de algodão Better Cotton no Brasil crescessem de forma significativa na última safra. Desde a safra 2011/2012, o Brasil já era o maior fornecedor de algodão BC do mundo. Com os resultados alcançados na safra 2013/2014, a posição do país está cada vez mais consolidada nesse mercado.
Na primeira safra o programa licenciou 325.100 toneladas. Em 13/14 chegou ao recorde de 1.117.500 toneladas, registrando um crescimento de 244% no período de três safras e confirmando mais uma vez o Brasil em primeiro lugar no ranking de países produtores de algodão BC.

Isto significa que 66% da produção brasileira é BCI, o que destaca o Brasil como produtor de cerca de 60% de todo algodão BC do mundo.

Na safra 2011/2012 a BCI licenciou 107 fazendas em todo o Brasil. Com o benchmarking, na safra 2013/2014, atingiu o número de 209 propriedades, um crescimento de 95% no período. Em relação à área plantada, a safra 2011/2012 teve 210.280 hectares licenciados. Já na safra atual, cresceu para 745.412 hectares, a maior área de licenciamento BCI alcançada até então. No período de três safras, o crescimento em área licenciada BCI foi de 254%.

Certificação
A certificação do programa ABR é feita em duas partes. Inicialmente, é realizada uma verificação interna pelas equipes de sustentabilidade das associações estaduais, que observam a conformidade das propriedades com a lista de requisitos do programa. “Os técnicos vão até as fazendas para uma avaliação e orientação sobre como corrigir os possíveis problemas”, explica Denilson Galbero, gestor de sustentabilidade da Abrapa.

Após a verificação interna e a correção das não conformidades, é o momento da verificação de terceira parte, por certificadoras independentes. Para a safra 2013/2014 as empresas contratadas para realizar a auditoria independente são a ABNT, que realiza o trabalho em MT, MS, BA e MA; a SGS, em MG; e a Gênesis Group, em GO. O principal requisito para a seleção das empresas foi a acreditação internacional. Elas foram escolhidas após uma análise de preços e reconhecimento entre nove instituições.

ABR
O programa Algodão Brasileiro Responsável é uma iniciativa da Abrapa e de suas estaduais para unificar o protocolo de certificação de sustentabilidade na produção de algodão no Brasil. A partir da safra 2013/2014, o produtor certificado pelo ABR será, se assim quiser, automaticamente licenciado pela Better Cotton Initiative (BCI). O ABR baseia-se em princípios relacionados aos três pilares básicos da sustentabilidade: ambiental, social e econômico.

As mobilizações do ABR para a safra 2014/2015 começam em outubro e a expectativa é de crescimento no número de adesões de produtores.