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Os desafios do manejo de doenças em culturas orgânicas foram o tema de mesa-redonda realizada no 47º Congresso Brasileiro de Fitopatologia, realizado em Londrina-PR. Os pesquisadores debateram desde o manejo do solo na agricultura orgânica, homeopatia em plantas até resultado de experiências práticas no Oeste do Paraná. A mesa foi coordenada por Regina Maria Vilas Boas Campos Leite, da Embrapa Soja.
A pesquisadora da Kassel University (Alemanha), Maria R. Finckh, abriu os trabalhos. Com a palestra Soil management and biodiversity: the central pillars of plant disease in organic agriculture, mostrou experiências no plantio de batatas nos EUA. Segundo a pesquisadora, a substituição do cobre pelos sistemas orgânicos para reduzir as doenças nas leguminosas apresentou bons resultados.
O uso de máquinas para a introdução de compostos nos campos, as barreiras naturais – que reduziram, de acordo com ela, até 57% o índice de doenças – e análises da experiência do controle de doenças nas plantações de café colombianas foram apresentados. “Elas não são protegidas com fungicidas, o que, além de cooperar com a sustentabilidade, trouxe uma economia de cerca de R$ 100 milhões”, ressaltou Maria Finckh.
A homeopatia no tratamento de plantas foi tratada pela pesquisadora Solange Monteiro de Toledo, do Iapar. Com o princípio da “cura pelo semelhante” e da “dinamização”, a homeopatia, conceituada pela primeira vez pelo grego Hipócrates (460 a.C), pode auxiliar no tratamento de doenças diversas.
Um dos exemplos de êxito, segundo Solange, foi a aplicação do óleo de eucalipto em feijoeiros para a diminuição de manchas. “Observamos uma redução de 72% nas manchas”, observou. A relação da homeopatia com a agroecologia, segundo a pesquisadora, se dá, além da relação com os orgânicos, com a promoção da saúde e a independência de recursos financeiros para o agricultor.
Pesquisador e professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Odair José Kuhn fechou a mesa com as experiências que trabalhadores do campo no Oeste do Paraná, na palestra Manejo de doenças na agricultura orgânica no modelo do Oeste paranaense: virtudes e desafios. Em sua maioria composta por propriedades de 15 hectares e com 16% de população rural, a região de cultura orgânica do Oeste sobrevive de principalmente de soja, milho, trigo e mandioca. A produção é vendida em mercados locais. Grande parte dos produtores não tem certificação: apenas 65 dos 800 são certificados.
O pesquisador relatou que as propriedades são em geral diversificadas e estáveis e lutam para conseguir atingir as premissas da agroecologia – produzir com justiça social, viabilidade econômica e de forma ecologicamente correta –, embora em alguns casos a falta de biodiversidade no local tenha atraído epidemias às lavouras. “Um produtor perdeu 60% de sua renda com uma epidemia em uma plantação de tomates. Quando não há diversificação, a chance de atrair pragas é muito maior”, alertou.
A promoção do evento é da Sociedade Brasileira de Fitopatologia e realização da Universidade Estadual de londrina (UEL), Embrapa Soja e Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).
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