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Monitoramento Ambiental: conhecendo para preservar
Santa Catarina conta com uma das mais importantes redes de estações meteorológicas e hidrológicas do país, que monitora o ambiente com apoio de imagens de radar e de satélite
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Gisele Dias, Epagri/GMC
04/09/2014

Acompanhar e avaliar dados fornecidos por aparelhagem técnica. Essa é uma das definições que o Dicionário Aurélio dá para o verbo monitorar. É exatamente isso que faz a Epagri/Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram). Por meio de sensores instalados em estações meteorológicas e hidrológicas, por imagens de satélite e de radar, o Centro mede e avalia as variáveis ambientais do território catarinense. Tais dados se transformam em informação para a sociedade em pesquisas e na previsão do tempo.

A Epagri/Ciram herdou de estruturas anteriores um banco de dados agro-hidrometeorológicos que reúne variáveis ambientais medidas desde 1911. Atualmente, são cerca de 194 milhões de dados coletados nos mais diversos pontos de Santa Catarina, número que cresce na ordem de 60 mil novos registros ao dia.

Com o uso de sensores ambientais, instalados em estações automáticas e convencionais, a Epagri/Ciram recolhe e armazena medições de temperatura e umidade relativa do ar, velocidade e direção de vento, chuva, molhamento foliar, pressão atmosférica, temperatura da relva e do solo, radiação solar, horas de insolação, nível e vazão de rios, maré, qualidade da água e pragas que atacam determinadas culturas.

Em abril último, a rede de estações meteorológicas gerenciada pela Epagri/Ciram contava com 194 unidades, 18 convencionais e 176 automáticas. As automáticas medem as variáveis ambientais a cada 10 ou 15 minutos. A maioria conta com sistema de telemetria que envia os dados automaticamente para o banco da Epagri/Ciram a cada hora. O envio das medições é feito por sinal de celular ou de satélite. Nas automáticas que não possuem telemetria os dados ficam armazenados na memória do equipamento e são resgatados em intervalos definidos pelos pesquisadores. Nas convencionais as medições são feitas três vezes ao dia por observadores, responsáveis por anotar e enviar tais dados à sede da Epagri/Ciram.

Ampliação
A primeira estação meteorológica automática da Epagri/Ciram foi instalada em 1995, em Florianópolis. Em 2008 o sistema contava com cerca de 50 estações e, a partir daí, entrou em franca ampliação, graças aos vários projetos de pesquisa propostos pela equipe da Epagri/Ciram.

As estações foram incorporadas ao sistema gerenciado pela Epagri com verbas de projetos de pesquisa financiados pelo governo do Estado, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), pelo CNPq, pela Finep e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de SC (Fapesc). Também foram importantes as parcerias estabelecidas com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Embrapa, a Universidade Federal de Santa Catarina, o Instituto Federal de SC, a Petrobrás, prefeituras catarinenses e o Instituto San Michele, da Itália.

E a rede não para de crescer. Já está projetada a instalação de outras 30 estações com recursos do PAC Embrapa e mais 20 da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS). A instalação desses equipamentos vai ampliar a cobertura a partir da região do Oeste do Estado, onde a rede é menos adensada, mas depende ainda da criação de uma estrutura regional de manutenção e apoio.

Para Hamilton Justino Vieira, pesquisador da Epagri/Ciram e responsável pelo gerenciamento da rede, Santa Catarina pode ser considerada hoje uma referência nacional em termo de cobertura de estações meteorológicas. “Temos sido convidados para participar de projetos de outros estados para repasse de tecnologia e experiência”, exemplifica.

Paralelamente à expansão da rede, a Epagri/Ciram desenvolveu tecnologias próprias de monitoramento, como os sensores de molhamento foliar e de chuva, além da placa eletrônica de aquisição de dados.  Ainda foram desenvolvidos pelos pesquisadores do Centro os sistemas de transmissão e recepção dos dados. A divulgação das informações geradas se dá por portais na internet, também desenvolvidos na Epagri/Ciram, que atualizam em tempo real informações lidas pelas estações.

Rede ANA
Além de gerenciar essa rede, a Epagri/Ciram mantém contrato com a Agência Nacional de Águas (ANA) para operar a rede que monitora a Vertente do Atlântico em SC. Essa rede é formada por estações pluviométricas (medem chuva), fluviométricas (medem nível e vazão de rios) e outras que medem essas três variáveis. Elas podem ser automáticas, com ou sem sistema de transmissão, e também convencionais. Essa rede conta hoje com 100 pontos de monitoramento no Estado e vem sendo modernizada desde 2011.

Os dados gerados pela rede ANA são monitorados em tempo real pela Sala de Situação, instalada em abril de 2013 na Epagri/Ciram com recursos do órgão federal. Segundo o hidrólogo Guilherme Miranda, pesquisador da Epagri/Ciram responsável pela operação da Sala, a estrutura reúne dados de 38 estações que monitoram 10 bacias hidrográficas catarinenses. Os dados são visualizados em uma tela de 50 polegadas pelos técnicos da Epagri/Ciram que, a partir deles, produzem diariamente boletins de monitoramento hidrológico publicados no site e distribuídos para mais de 600 endereços eletrônicos cadastrados.

“Nós realizamos esse monitoramento considerando os riscos de cheias e estiagens”, explica Guilherme. Mas as informações são essenciais também do ponto de vista da gestão do uso da água. Por isso, são monitorados locais de interesse estratégico, como pontos de captação de água para abastecimento público.

Radar e satélite
É impossível cobrir 100% de um território estadual com estações meteorológicas e hidrológicas. Por isso, as lacunas geradas nessa informação são cobertas com estimativas remotas, fornecidas por radares meteorológicos e imagens de satélite.

Os técnicos da Epagri/Ciram já se preparam para operar, a partir do próximo semestre, o primeiro radar meteorológico de Santa Catarina. Com custo total de R$10 milhões, bancado pelo Fundo de Defesa Civil, o equipamento é considerado o mais moderno do Brasil. Ele está sendo instalado na cidade de Lontras, no Alto Vale do Itajaí, e cobrirá 77% do território catarinense.

Técnicos da Epagri/Ciram e da Defesa Civil já estiveram no Alabama, Estados Unidos, recebendo treinamento no fabricante do radar. Outras capacitações serão realizadas na capital catarinense a fim de preparar profissionais para operar o equipamento e interpretar as imagens geradas.

Clóvis Corrêa, meteorologista da Epagri/Ciram, explica que o radar é capaz de “ler” a distribuição e o tamanho das gotas de água e gelo existentes em uma nuvem e, assim, estimar o volume da precipitação. O equipamento também permite o monitoramento da velocidade e direção de vento. Dessa forma, ajuda os meteorologistas a ser mais precisos nas previsões de chuva ou granizo, comuns no território catarinense, para as próximas três horas e pode também colaborar na previsão de curtíssimo prazo de tornados.

O radar terá condições de monitorar com qualidade o Vale do Itajaí, onde são recorrentes os eventos de chuvas intensas. Poderá ainda fazer boa leitura dos sistemas meteorológicos que entram pelo litoral e atingem o Vale e podem resultar em desastres naturais graves, com o que atingiu Santa Catarina em novembro de 2008. O alcance do novo equipamento se estende ainda para o Meio-Oeste, a Grande Florianópolis e parte dos Planaltos Sul e Norte.

Atualmente, Santa Catarina conta com apenas um radar, instalado no Morro da Igreja e operado pela Aeronáutica. A Epagri/Ciram recebe essas imagens, mas elas não são as mais adequadas, já que não se trata de equipamento com fins meteorológicos. O Estado catarinense dispõe ainda de apoio do Simepar, órgão de meteorologia do Paraná, que cede imagens de seu radar. Para Clóvis, Santa Catarina deveria contar com pelo menos cinco radares para atender a sua demanda de monitoramento ambiental.

As imagens de satélite completam o sistema e servem para fazer o monitoramento em grande escala. Elas são capazes de estimar a temperatura de nuvens e da superfície do mar, bem como informar as condições de umidade da atmosfera. As imagens enviadas para a Epagri/Ciram são atualizadas a cada 15 ou 30 minutos e, por mostrarem um recorte da realidade, podem ser utilizadas para a correção dos modelos computacionais usados para fazer a previsão do tempo.

Monitoramento do mar
O próximo desafio da Epagri/Ciram é ampliar o monitoramento de clima e tempo para o mar. Para tanto, o Centro está propondo o projeto Sistema de Monitoramento Meteorológico e Oceanográfico da Costa de Santa Catarina. A proposta pretende ampliar de 10 para no mínimo 15 o número de estações meteorológicas existentes na faixa litorânea catarinense, além de instalar 10 marégrafos. Numa fase seguinte, os pesquisadores desejam contar com ondógrafos, correntômetros, sondas para medir salinidade e temperatura, bem como radares de alta frequência para acompanhar as correntes e as baías do Estado.

O monitoramento litorâneo é essencial para a sociedade catarinense. Os 31 municípios litorâneos do Estado comportam apenas 8% da área, mas 36% de sua população e 34% do PIB estadual. A importância econômica da região é indiscutível, já que abriga quatro portos, atrai cerca de 8 milhões de turistas ao ano, além de concentrar as produções de arroz irrigado e banana. No aspecto econômico, destaque ainda para a indústria pesqueira e a maricultura. Por fim, a região costeira de Santa Catarina tem importância ambiental, por abrigar verdadeiros berçários naturais. Todos esses aspectos vão se beneficiar das informações geradas pelo monitoramento da região.

SDC vai montar sistema estadual de monitoramento e alerta
A Epagri/Ciram assinou contrato com a Secretaria de Estado da Defesa Civil (SDC) para realizar um diagnóstico das redes de estações hidrometeorológicas e de qualidade da água que tenham potencial para compor o sistema estadual de monitoramento e alerta. Os trabalhos serão executados entre abril e julho de 2014. O objetivo é levantar todas as estações hidrometeorológicas e de medição da qualidade da água automáticas e telemétricas existentes no território catarinense, independentemente se são de propriedade do poder público ou do setor privado.

Para tanto, já foram realizadas reuniões técnicas com integrantes dos comitês de bacias, coordenadores locais de Defesa Civil e outros interessados. Em seguida, teve início o levantamento da situação atual, a sistematização, o cadastramento e a espacialização dos dados dessas estações.

A Defesa Civil vai receber um banco de dados espaciais, utilizando arquivos compatíveis com Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Everton Vieira, geógrafo da Epagir/Ciram que coordena o trabalho, explica que, na prática, os técnicos da SDC poderão visualizar em mapas todas as estações cadastradas, cada uma com informações de localização, tipo de estação, sensores de que dispõe, além de outras características relevantes, como o estado de conservação e condições de acesso. O levantamento envolve praticamente toda a equipe de pesquisadores da Epagri/Ciram.

Com o diagnóstico em mãos, caberá à Defesa Civil definir quais estações terão condições de compor o sistema estadual de monitoramento e alerta. A sociedade será a maior beneficiada pelo trabalho, tanto na área de prevenção a desastres e eventos extremos quanto no planejamento das atividades econômicas, principalmente no meio rural.

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