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Carlos Dias, Embrapa Solos
22/09/2014
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Entre 16 e 18 de setembro agricultores familiares do território Sertão do São Francisco (municípios de Uauá, Canudos e Curaçá, na Bahia), realizaram a avaliação qualitativa da sustentabilidade de seus agroecossistemas. Esta avaliação foi realizada em duas etapas utilizando ferramentas da metodologia Diagnóstico Rural Participativo (DRP).
A primeira etapa foi a caracterização dos agroecossistemas por meio da construção de dois mapas da propriedade: um de quando a família chegou na propriedade e o outro retratando a situação atual, com os benefícios adquiridos ao longo do tempo. Também foi elaborado um calendário de chuva, de gênero e de atividades. Na segunda etapa foi realizada a avaliação de indicadores sociais, econômicos e técnico-ambientais, construídos a partir da percepção dos agricultores e da literatura especializada. Para cada indicador foram atribuídos notas que variaram de 0 a 5, onde o 5 corresponde ao nível alto de sustentabilidade.
Para "Seu" Zé de Antonino, da Fazenda Baixa Verde (Curaçá), "a avaliação da sustentabilidade, fazendo estes gráficos e mapas, nos ajuda. Entendemos porque suportamos melhor esta seca de 2010 a 2013 do que a de 1993. Hoje nós temos onde guardar água, temos onde guardar a água que o exército trouxe, em 93 não tinha. Apesar excesso de trabalho nessa seca, consegui salvar metade dos meus animais porque contei com mais recursos aqui para atravessar a falta de chuva. Com estes gráficos que a gente mesmo fez, vimos que a nossa fazenda tá melhor do que a gente pensava, tá indo devagarzinho se sustentando. E melhorou mesmo, e a prova é que nesta seca a gente sofreu menos, morreu menos animal, acho isso é tá indo no rumo desta sustentabilidade que vocês falam, né?".
O Projeto
O projeto Barragem subterrânea: promovendo o aumento ao acesso e usos da água em agroecossistemas de base familiar do Semiárido do Nordeste brasileiro, que está sendo desenvolvido pela UEP Recife, é um dos premiados na primeira versão do Prêmio Mandacaru - Projeto e Práticas Inovadoras em Acesso a Água e Convivência com o Semiárido, na categoria Pesquisa Aplicada. O Prêmio Mandacaru I foi concedido pelo Instituto ambiental Brasil sustentável (IABS) por meio subvenção da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). Para a pesquisadora Maria Sonia Lopes da Silva, da Embrapa Solos, o projeto trata de uma pesquisa sistêmica onde os agricultores, técnicos e pesquisadores estão avaliando a sustentabilidade das propriedades rurais que possuem barragem subterrânea, visando contribuir com o redesenho desses agroecossistemas do Semiárido brasileiro.
A pesquisa está sendo realizada nos estados da Bahia, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, em parceria com outras unidades da Embrapa (Semiárido, Tabuleiros Costeiros e Algodão), ASA por meio de suas entidades associadas (Irpaa, Patac, As-PTA, Cáritas Diocesa de Pesqueira, Caatinga, Cecor e Cactus), Universidades (UFPE, UFAL, UNEB, Univasf e UFPB) e Instituto Federal (de Pernambuco e Alagoas).
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