Cristiane Betemps e Léa Cunha, Embrapa 24/09/2014

A Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) e a Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), realizam nesta quarta-feira, dia 24 de setembro, das 9h às 16h, um dia de campo sobre Produção Integrada de Citros. O evento acontece em Cacequi (RS), na propriedade da Orange Agroindustrial Ltda., que também é uma das organizadoras do evento, em conjunto com a Associação dos Citricultores da Fronteira-Oeste (Ascifro), o Viveiro Conmudas e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
 
O evento é uma das atividades previstas no projeto "Transferência de tecnologias de cobertura vegetal na cultura dos citros e sua contribuição para agricultura conservacionista", liderado pelo analista Cicero de Cartaxo Lucena, do Setor de Gestão de Transferência de Tecnologia da Embrapa Mandioca e Fruticultura. O projeto, que está alinhado com as diretrizes do Plano da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC) do Mapa, pretende divulgar técnicas que permitam a conservação do solo, aumentem o teor de matéria orgânica do solo e contribuam para uma citricultura sustentável e de baixa emissão de carbono. "Pretendemos demonstrar aos produtores e técnicos extensionistas os benefícios do uso de coberturas vegetais em citros. O manejo adequado de coberturas verdes nas entrelinhas dos pomares reduz o uso de herbicidas e o número de operações com roçadeiras para o controle do mato. A adoção do manejo de coberturas vegetais poderá também minimizar os efeitos do trânsito exagerado de máquinas nos pomares que causam a compactação do solo com a formação do chamado "pé-de-grade" e dificultam o armazenamento de água no solo, tornando as plantas mais suscetíveis ao déficit hídrico em períodos de ocorrência de veranicos", explica Cicero.
 
O município de Cacequi/RS faz parte do pólo de citros sem sementes no Rio Grande do Sul. E para expandir ainda mais a citricultura de mesa naquela região, a propriedade da Orange Agroindustrial servirá de modelo de produção para o conhecimento dos produtores. A área é composta de 160 hectares plantados e uma produção de 500 toneladas de citros. Uma das estações simultâneas será sobre a Produção Integrada de Citros Sem Sementes na Campanha Gaúcha, apresentada pelo pesquisador Roberto Pedroso de Oliveira, da Unidade de Pelotas. "Vamos mostrar o sistema de produção utilizado pelo João Batista Turmina, como um caso de sucesso aos produtores daqui, com a intenção de despertarem para se inserirem na cultura", comentou Roberto. Segundo ele, as principais cultivares de citros sem sementes que são desenvolvidas na propriedade são a Ortanique, Navelina, Okitsu, Lanelate e Salustiana.
 
A outra estação é sobre o Manejo Integrado de Plantas Infestantes em Citros com Uso de Coberturas Vegetais, apresentada por José Eduardo Borges de Carvalho e Cícero Cartaxo de Lucena, da unidade de Cruz das Almas. Durante esta terça-feira, 23, os pesquisadores realizaram uma visita técnica ao município de Pareci Novo/RS, para acompanhamento do desenvolvimento do sistema de produção de citros sem sementes.
 
Publicação sobre o Sistema de Produção de Citros Sem Semente
O mercado de citros sem semente está em expansão no País. A Embrapa Clima Temperado lançou uma publicação, de 380 páginas, direcionada a este mercado. Os citros que estão entre as frutas mais produzidas e consumidas no mundo, fazem parte da mesa de muitos brasileiros. Embora o Brasil seja o maior produtor mundial de laranja, ainda existe mercado para desenvolver a citricultura, especialmente as de fruto sem sementes de mesa.
 
Conforme o pesquisador Roberto Pedroso de Oliveira, um dos organizadores da publicação denominada "Sistema de Produção de Citros sem Sementes", apresenta todas as informações, desde a escolha da muda até a pós-colheita. "O produtor tem conseguido um preço que é quase o dobro dos citros com semente. Já para o consumidor a vantagem é a praticidade no consumo da fruta sem a semente", defende Roberto.
 
Os curiosos na produção de citros e também os citricultores podem acessar este endereço e fazer o download da publicação para ter acesso às informações.
 
Panorama da cultura
De significativa importância socioeconômica, a citricultura é responsável por incluir o país na liderança internacional. O Brasil é o primeiro produtor mundial de citros e o maior exportador de suco de laranja doce – principal produto do complexo agroindustrial da citricultura brasileira. A área plantada com citros no Brasil ocupa em torno de 940 mil hectares, sendo 88,8% desta área plantada com laranja.
 
A citricultura é uma das principais atividades agrícolas nos estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Sergipe, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas e Amazonas e a produtividade média nacional da laranja é de 23,3 toneladas por hectare.
 
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor total da produção brasileira de citros, compreendendo laranjas doces, tangerinas, limas ácidas e limões verdadeiros, atingiu, em 2010, a expressiva marca de R$ 7,1 bilhões, ocupando o quinto lugar entre as principais cadeias produtivas do agronegócio brasileiro.