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Lebna Landgraf, Embrapa Soja
16/10/2014
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A preocupação com a segurança alimentar e a contaminação dos grãos por agrotóxicos no Brasil foi o tema de um painel apresentado na A VI Conferência Brasileira de Pós-colheita (VICBP2014) e no VIII Simpósio Paranaense de Pós-colheita de Grãos, nesta quarta, 15 de outubro, promovidos pela Associação Brasileira de Pós-colheita (ABRAPOS) e pela cooperativa COCAMAR, no Centro de Eventos Excellence, em Maringá (PR).
A ação dos resíduos de pesticidas em grãos e sua influência na saúde humana foi apresentada pela palestra da professora Lêda Faroni, da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Em 2008, a Agência Nacional Vigilância Sanitária (Anvisa), adaptou a legislação internacional (Codex Alimentarius) para analisar a situação brasileira de contaminação de grãos. Em 2008, tiveram início as análises de resíduos de pesticidas em arroz e feijão, e em 2012, foram feitas as primeiras análises em milho. "Os resultados das duas primeiras culturas analisadas mostram que os limites permitidos de contaminação estão acima dos índices determinados pela legislação", afirma Lêda.
A professora tem estudos sobre o mecanismo de ação desses agrotóxicos no ser humano. "Esses produtos agem no sistema nervoso central e como consequência, o efeito dos agrotóxicos no organismo humano pode provocar tremores, excitabilidade e até mesmo uma parada respiratória", afirma Lêda.
Por isso, a professora defende a utilização de tecnologias que possam degradar esses resíduos de pesticidas. Um exemplo vem da Europa, que utiliza ozônio ao invés de cloro no tratamento da água. "O ozônio é superior ao cloro porque não deixa efeito residual na água. Além disso, o produto é um excelente biocida, porque atua tanto no controle de microorganismos como em insetos", explica.
A professora diz que já é possível gerar ozônio em laboratório e que já são comercializados no Brasil equipamentos que fornecem ozônio para tratamento de água. "A água ozonizada pode eliminar os resíduos de pesticidas e como o ozônio é um biocida, você tem um ganho de vida útil desses produtos porque ficarão descontaminados", defende. A ideia é que o usuário final adquira os produtos já detoxificados pela indústria.
Enquanto na Europa a água já chega para o consumidor sem a presença de cloro, nos Estados Unidos o ozônio é utilizado para controle de pragas nas unidades armazenadoras, em forma de gás. "No Brasil, algumas empresas vem ofertando água mineral tratada com ozônio, mas ainda faltam geradores de grande capacidade para o tratamento de grãos armazenados", avalia. Além dos efeitos à saúde humana, o Brasil já enfretou embargo econômico da China, que devolveu lotes de soja que estavam com índices de contaminação de agrotóxicos, acima dos permitidos pela legislação mundial.
A Conferência tem a cooperação de várias instituições do setor de pós-colheita brasileiro, sendo a maioria cooperativas - C.Vale, Coamo, Agrária, Cotriguaçu, Castrolanda, Integrada, Cocari, Batavo, Comigo, Cooperalfa, Coopavel, Copacol e Lar - Caramuru Alimentos, Fiagril, UFV, UFSC, Codapar, Ceagesp, Feagri-Unicamp, Conab, Embrapa; CNPq, Capes, Abcao, Sistema Ocepar-Sescoop e OCB.
Mais informações: http://www.abrapos.org.br/eventos/cbp2014/
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