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Trabalho de pesquisa recém publicado na revista Environmental Toxicology and Chemistry relata efeitos de dois inseticidas sistêmicos de largo espectro, fipronil e imidacloprido, em abelhas melíferas. Esses inseticidas são amplamente utilizados na agricultura e os autores concluíram que fipronil e imidacloprido são inibidores da bioenergética mitocondrial, pois diminuem a quantidade de energia disponível para as células. Essa ação complementa o entendimento da toxicidade desses compostos para as abelhas.
Os cientistas estão buscando explicações para determinar as causas do desaparecimento das abelhas que tem ocasionado um declínio populacional alarmante desses insetos. Os serviços de polinização cruzada que elas realizam são requeridos por aproximadamente 80% das plantas que apresentam flores e, um terço do alimento produzido através da agricultura depende diretamente da polinização feita por abelhas. Em decorrência da diminuição da população de abelhas, várias pesquisas têm sido realizadas sobre infestação com ácaros, doenças virais e os impactos diretos e indiretos dos pesticidas sobre as abelhas.
Os efeitos dos pirazóis (e.g., fipronil) e neonicotinóides (e.g., imidacloprido) sobre o sistema nervoso são bastante conhecidos. Daniel Nicodemo, professor de ecologia e apicultura da Universidade Estadual Paulista em Dracena, Brasil, e principal autor do estudo diz: "Esses inseticidas afetam o sistema de nervoso de insetos praga e de insetos benéficos, geralmente ocasionando a morte. Efeitos subletais relacionados a alterações comportamentais dos insetos são descritos em vários estudos; e, mesmo poucos nanogramas de ingrediente ativo podem comprometer a percepção gustativa, o aprendizado olfatório e a atividade motora das abelhas”.
A característica principal do desaparecimento das abelhas é a incapacidade das operárias de retornar às respectivas colmeias, e tais limitações têm um impacto direto sobre essa habilidade de regresso ao local de origem.
No presente estudo, Nicodemo e colaboradores focaram nos efeitos do fipronil e imidacloprido sobre a bioenergética de mitocôndrias isoladas de cabeças e tórax de abelhas melíferas africanizadas. As mitocôndrias são as usinas de energia das células, gerando a maioria do adenosina trifosfato (ATP), utilizado como uma fonte de energia química.
Os músculos torácicos que as abelhas utilizam para voar são altamente dependentes de grandes quantidades de oxigênio e de metabolismo energético. A fosforilação oxidativa mitocondrial impulsiona a síntese de ATP, que é necessária para contração dos músculos durante o vôo. "Se alguma coisa não ocorre da forma prevista, a produção de energia é prejudicada", explica Nicodemo. Assim como um avião, uma abelha precisa de combustível sem impurezas para poder voar".
Ambos, fipronil e imidacloprido, afetaram negativamente a bioenergética mitocondrial da cabeça e tórax das abelhas. Embora níveis subletais não promovam prejuízos evidentes, essa exposição a baixos níveis dos inseticidas contribui para a incapacidade da abelha forragear e retornar para a colmeia, o que poderia implicar no declínio das populações de abelhas.
Contato do autor: Prof. Dr. Daniel Nicodemo, nicodemo@dracena.unesp.br ou 55-18-3821-8145
Leia artigo completo em inglês aqui.
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