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Pesquisador alemão aponta problemas de contaminação de água e solo no primeiro dia do Congresso Internacional de Fertilizantes
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Elisângela Santos, Embrapa Solos
22/10/2014

"Em um ano, o que a Alemanha utilizou de urânio embutido no fósforo na agricultura, se fosse para usinas nucleares, daria para fornecer energia a 2.350 mil casas populares". Esse foi apenas um dos muitos dados preocupantes divulgados pelo cientista alemão Edwald Schnug, vice-presidente do Centro Científico Internacional de Fertilizantes e Fertilização (CIEC), na abertura do 16º Congresso Mundial de Fertilizantes, no Rio de Janeiro. O evento começou ontem (dia 20) e terminará na próxima quinta-feira, dia 23, no Windsor-Barra, reunindo as maiores autoridades do mundo sobre o assunto. Com o tema "Inovação Tecnológica para uma agricultura tropical sustentável", sustentabilidade e tecnologia são as palavras-chave do evento.

Apesar da situação ambiental do solo ser negativa na Europa – fruto também da contaminação por metais oriundos de artefatos da guerras – no Brasil a situação é outra. "Temos que levar em conta que, sobretudo na fronteira entre Alemanha e Holanda, onde há muito resíduo de armamento utilizado na Segunda Guerra, o solo já é saturado de metais pesados. Então quando se coloca adubos fosfatados que apresentam urânio na sua composição (entre outros elementos), aí realmente há uma contaminação dos lençóis freáticos e do solo", explica Ronaldo Pereira, pesquisador da Embrapa Solos. Ele continua: "Em partes da Holanda, para se comprar uma casa, é preciso primeiro que a pessoa descontamine o solo antes de erguer o primeiro tijolo".

Tal afirmativa é endossada por Paulo Sérgio Pavinato, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq): "O Brasil importa fósforo do norte da África e do Peru, porque é muito mais solúvel do que o nacional. E apesar de haver urânio em sua composição, como usamos muito menos fertilizante por hectare do que a Europa e a China, a quantidade desse metal radioativo também é bastante reduzida". Segundo Pavinato, o problema no Brasil não é contaminação por fertilizante químico-industrial e sim, pelo adubo orgânico, em áreas de grande produção animal. "Temos problemas no solo e na água, em Santa Catarina, por causa de dejetos suínos. Como fica inviável o transporte para regiões mais remotas, os produtores aproveitam os resíduos desses animais para a agricultura. Aí sim, o solo e a água passaram a sofrer contaminação".

O pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Alberto Bernardi, vê como promissora a pesquisa em materiais pesados e radioativos no Brasil. "Acredito que o País deve se mirar no que aconteceu com Europa e na China e abrir novas linhas de pesquisa para estudar o impacto de metais pesados radioativos nos insumos para agricultura. Acho que é uma nova vertente que pode ser mais explorada pela Embrapa para evitar impactos ambientais negativos no futuro", analisa ele.

Bernardi foi o último palestrante na manhã desta terça-feira e abordou suas pesquisas com o uso da zeólita, uma espécie de argila que está sendo usada em testes com o objetivo de potencializar o efeito do nitrogênio na agricultura, tendo em vista seu baixo aproveitamento na produção: apenas de 25% a 50% é utilizado pela planta. "O resto é perdido na forma de gases, pela lixiviação (processo de escorrimento de nutrientes do solo) e erosão", explica.

Ele apresentou uma espécie de "macarrão" para turbinar os fertilizantes nitrogenados, feito em parceria com a Embrapa Instrumentação Agropecuária. Em outras palavras, Bernardi colocou a bentonita – tipo de argila brasileira – numa máquina específica e transformou essa argila em longos e finos tubos, que depois serão picadinhos, viabilizando seu uso. Os resultados têm sido promissores em experimentos com roseiras, pastagens tropicais e milho.

O 16º Congresso Mundial de Fertilizantes continua até quinta-feira, com muitas novidades para melhorar a eficácia e a sustentabilidade desse insumo tão importante para a agricultura mundial.

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