Caio Albuquerque, USP/Esalq 31/10/2014

Em 2009, o professor Luiz Carlos Estraviz Rodriguez, do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) criou o Grupo de Estudos em Tecnologia Lidar (Get-LiDAR). A partir de então, um grupo de pesquisadores, essencialmente pós-graduandos, trabalham em estudos com aplicação do LiDAR, um pacote tecnológico que envolve, em síntese, sensores remotos acoplados em aviões que, a partir da emissão de laser, fornecem aos pesquisadores imagens tridimensionais de grandes áreas florestais. “As aplicações militares motivaram os investimentos dessas tecnologias de monitoramento. O uso civil se espalhou e hoje o laser em si invadiu inúmeras áreas das ciências. As aplicações na área florestal acontecem de forma mais recente, com pioneirismo de países nórdicos e América do Norte”, conta Rodriguez.

Agora, após uma série de trabalhos finalizados, a equipe do Get-LiDAR preenche a lacuna de literatura em língua portuguesa que aborda essa ferramenta com o lançamento do livro “LiDAR: aplicações florestais”. O público da obra são estudantes, professores, pesquisadores, além de profissionais que atuam nas áreas de inventário, ecologia, monitoramento e manejo de paisagens, área de topografia, mapeamento, sistemas de informações geográfica etc.

O livro é organizado em capítulos que, se lidos sequencialmente, desenvolvem gradualmente a capacidade de processar dados LiDAR para fins florestais. O aprendizado de cada novo conceito é apoiado por roteiros que, passo a passo, demonstram a efetiva aplicação desses conceitos em um estudo de caso real. O leitor aprende assim, "colocando a mão na massa", a processar e analisar dados gerados por uma das mais promissoras tecnologias de modelagem digital de terreno e de monitoramento do crescimento de florestas. “Os exercícios que ilustram cada capítulo utilizam um conjunto de dados reais, que se encontram disponíveis gratuitamente para download”, aponta Eric Bastos Gorgens, um dos autores do livro e pós-graduando em Recursos Florestais na ESALQ.

Além da eficiência proveniente das imagens 3D, o LiDAR oferece resultados imediatos para grandes dimensões, fornecendo a quantificação e a qualificação da biomassa. “Dessa biomassa podemos extrair índices como a quantidade de carbono sequestrada, a dinâmica de captura de carbono, a degradação dessa biomassa e, em estudos mais sofisticados podemos verificar a complexidade da estrutura vertical, se trata-se de uma floresta natural ou plantada e a forma como ela cresce. Isso permite, em silvicultura de precisão, a possibilidade de intervenções específicas como controle de fertilização, combate de pragas ou doenças etc”, complementa o professor Rodriguez.

O leitor tem a oportunidade de aplicar ferramentas gratuitamente disponíveis na internet para o processamento desses dados. Em sua maioria, essas ferramentas integram a suíte FUSION LTK (LiDAR Tool Kit - Caixa de Ferramentas LiDAR), desenvolvidas por técnicos do Serviço Florestal Norte-americano e que permite executar as principais etapas de processamento, análise e avaliação de dados normalmente implementados em levantamentos florestais.

Finalmente, o docente reforça que o LiDAR permite economia de recursos e tempo no campo e vem modificando a maneira de ensinar e aprender em inúmeras áreas do conhecimento. “Ao longo da sua formação, estudantes de Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal e Gestão Ambiental, por exemplo, passam por disciplinas de topografia, agrimensura, enfim, medições de áreas em campo e complexidade da biodiversidade natural. E essa tecnologia vem revolucionado várias dessas ciências porque apresenta-se como uma nova ferramenta que diminui o tempo em campo aumenta a eficiência dos dados obtidos. Ele não traz novas medidas, mas traz medidas que antes necessitavam de custo e tempo maior. Sobre o livro, a ESALQ exerce seu papel de liderança ao oferecer essa publicação em português mas, acima de tudo, de forma didática, pois mesmo em inglês é difícil encontramos no mercado um livro com essa conotação tutorial”, finaliza.

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