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Embrapa Pecuária Sul
04/03/2015
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Mais de 200 pessoas participaram do Dia de Campo Regional Convênio Embrapa-Irga, realizado nos campos experimentais da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS), nesta terça-feira (03/03). No evento foram apresentadas alternativas de produção em terras baixas, áreas que geralmente são ocupadas com a cultura de arroz. Para o Chefe Geral da Embrapa Pecuária Sul, Alexandre Varella, a diversificação da produção em áreas baixas é uma demanda dos produtores, e o trabalho em conjunto com o Irga visa gerar informações úteis para a cadeia produtiva, envolvendo arroz, pecuária e outras culturas. Já o presidente do Irga, Guinter Frantz, salientou que o convênio com a Embrapa é importante para atender às necessidades regionais, já que os experimentos são direcionados para as características da região da Campanha, sempre tendo com meta aumentar a rentabilidade do produtor.
No Dia de Campo foram apresentados resultados de diferentes experimentos em terras baixas em sete estações, apresentando temas como variedades e cultivares de arroz, Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e rotação de culturas. Duas estações trataram de ILP, com a utilização de espécies forrageiras de inverno e de verão em terras baixas. A pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul Márcia Silveira, por exemplo, apresentou recomendações de manejo do capim-sudão BRS Estribo, uma gramínea forrageira de verão. Segundo a pesquisadora, a cultivar, lançada pela Embrapa em 2013, apresenta várias vantagens em relação ao material comum, como alta produção, boa capacidade de perfilhamento, manejo flexível e ciclo mais longo. Márcia ressaltou que, desde que bem manejada, o BRS Estribo pode ser cultivado em terras baixas com boa produtividade. Já o pesquisador Danilo Sant’Anna mostrou os resultados de experimentos de cultivo de arroz com plantio direto em área antes ocupada com azevém. Segundo ele, o objetivo é possibilitar o aumento do período de pastejo do azevém antes da implantação da cultura de arroz, além de aproveitar a pastagem para armazenamento de nutrientes na terra.
Em relação à rotação de culturas em terras baixas, um dos experimentos apresentados no Dia de Campo foi a utilização de técnicas de camalhão de base larga. Segundo o pesquisador da Embrapa Clima Temperado Júlio José Centeno da Silva, essa técnica é recomendada para drenagem superficial de áreas de várzea, possibilitando assim o cultivo de outras culturas, como soja, milho e forrageiras em rotação com o arroz. Silva ressaltou que a técnica forma drenos do centro para fora da área plantada, possibilitando o rápido escoamento das águas das chuvas e isso permite o desenvolvimento da cultura que está sendo implantada. Já o Irga apresentou a alternativa de rotação com soja em terras baixas, buscando mostrar o manejo necessário para o sucesso da lavoura. “Não é em toda área de terra baixa que se pode produzir a soja, tem que procurar as áreas mais altas e vir descendo, se adaptando”, enfatizou o pesquisador Pablo Badinelli. Segundo ele, também é fundamental evitar totalmente as áreas com risco de inundação; entrar e sair com a água em 24 horas; ter drenos mais próximos e fazer análise de solo e calagem.
Os pesquisadores da Embrapa Pecuária Sul, Gustavo Martins e Vínicius Lampert foram os responsáveis pela explicação dos trabalhos desenvolvidos ao longo de três anos com produção de sementes da leguminosa de trevo-branco em terras baixas. No evento eles apresentaram, entre outras questões, análise de custos, o potencial econômico, principais dificuldades, as vantagens e benefícios da produção. "Esse ano foi difícil para a colheita de sementes, mesmo para o trevo-branco, que é uma cultura que se adapta com facilidade ao clima mais úmido. Contudo é preciso ressaltar que se adotarmos medidas adequadas podemos ter uma boa produtividade", lembra Martins.
Duas estações ressaltaram a cultura de arroz. O Irga apresentou resultados de trabalhos de melhoramento genético por meio de uma série de cultivares de arroz. Segundo a pesquisadora do Instituto Mara Lopes, esses materiais apresentam grande produtividade e são resistentes à conhecida brusone, uma das maiores causas de aplicação de inseticidas nas lavouras, e que devido à seleção, reduzem em muito o uso de produtos químicos. Outras características dessas cultivares do Irga foram apresentadas, como a boa resistência à toxidez por ferro no solo, que provoca a redução da produção ou sua perda total. Na vitrine, os destaques foram para as cultivares Irga 429 (resistente também à infestação de arroz vermelho); Irga 430 (ciclo precoce e ampla adaptação em todo o estado) e Irga 424 RI (com boa produtividade e resistente ao arroz vermelho).
Já a Embrapa Clima Temperado mostrou em sua vitrine de arroz irrigado as cultivares em lançamento e pré-lançamento para sistema Clear Field. Entre elas o destaque foi a cultivar de arroz BRS AG Gigante, usada para produção de etanol, sendo também uma alternativa para diminuir a oferta do grão para alimentação, sendo assim regulador do preço do arroz no mercado.
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