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Agricultura Familiar  
Plantas medicinais: cultivo da saúde por mãos femininas
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Incaper
17/03/2015

O cultivo de plantas medicinais na agricultura tem sido feito por mãos femininas. São tradições passadas de mãe para filha e que demonstram o cuidado e preocupação das mulheres com a saúde da família e da comunidade. Esse saber popular, aliado aos conhecimentos científicos, tem trazido muitos benefícios para a sociedade, sobretudo após a adoção de medicamentos fitoterápicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No Espírito Santo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) tem incentivado o cultivo e o uso adequado das plantas medicinais.

De acordo com a bióloga do Incaper Fabiana Ruas, tradicionalmente, as mulheres repassam os conhecimentos com plantas medicinais para sua família e comunidade. “Nas hortas caseiras, por exemplo, são as mulheres que dedicam seu tempo aos cuidados com as plantas, se interessam em aprender e ensinar receitas caseiras de culinária e remédios que, de fato, curam e melhoram a saúde e a qualidade de vida da comunidade”, explicou Fabiana. Ela também disse que as mulheres possuem uma memória muito viva daquilo que recebem como educação sobre o uso correto das plantas, forma de preparo dos chás, xaropes, pomadas, sabonetes, entre várias receitas com as plantas medicinais.

As mulheres participam de todo o processo de tratamento das plantas medicinais, desde o cultivo até a preparação das formulações. “Nas Pastorais da Saúde, por exemplo, as mulheres são 90% dos voluntários que se revezam em atividades que vão desde cuidar das plantas em hortas, manipulação das ervas em cozinhas ou salas tão bem apropriadas que lembram laboratórios, até atender, como agentes de saúde, a famílias inteiras em lugares de difícil acesso”, disse Fabiana.

Exemplos de mulheres que atuam com plantas medicinais são as que integram o Centro Comunitário Franco Rossetti, no município de Pedro Canário. A entidade, que nasceu da Pastoral da Criança há cerca de 20 anos, atua com terapias alternativas, incluindo a fitoterapia e a geoterapia, que consiste no uso da argila como tratamento. Cerca de 80% das pessoas que atuam nessa instituição são mulheres.

De acordo com a integrante do projeto, Valdete Fontes da Rocha, o trabalho com plantas medicinais começou com a preocupação das integrantes da pastoral em cuidar das crianças do bairro. “Fazíamos visita domiciliar e encontrávamos muitos crianças com feridas, gripadas ou desnutridas. Por isso, começamos a fazer xaropes, pomadas e chás. Porém, o uso de plantas medicinais precisa ser feito de forma adequada. O preparo tem que seguir vários procedimentos, pois não é porque é uma planta que não pode fazer mal. Por isso, realizamos diversos estudos e capacitações”, explicou Valdete.

Atualmente, a entidade atende a pessoas de toda a região Norte do Estado. O Centro Comunitário possui uma horta orgânica, uma horta medicinal e também um horto, com árvores que podem ser utilizadas no preparo de formulações.

Outro exemplo de trabalho com plantas medicinais é feito pela agricultora orgânica no município de Santa Maria de Jetibá, Selene Tesch. Ela atua há mais de 20 anos com esse cultivo em sua propriedade, onde há mais de 120 variedades de plantas. Ela comercializa seus produtos, que vão desde plantas desidratadas a temperos e condimentos, nas feiras orgânicas da Grande Vitória.

“Iniciei esse trabalho como agente de saúde no município. Na minha propriedade o cultivo é agroecológico, pois as plantas que serão utilizadas para tratamento de saúde não podem ter produtos químicos. Nas feiras, comercializo para vários tipos de público, como profissionais da saúde. Também destino o material para comunidades rurais, que muitas vezes se localizam distantes dos postos de saúde”, falou a agricultura.

Incentivo ao uso de plantas medicinais
O Incaper, desde 2009, já realizou 45 oficinas de chás e xaropes, principalmente na Fazenda Experimental Engenheiro Agrônomo Reginaldo Conde, em Jucuruaba, município de Viana. Nessas oficinas, foram repassadas receitas de chás, xaropes, pomadas, sucos, óleos, pastas, sabonetes, tinturas e várias outras formulações caseiras, com entrega de material didático e certificados. As atividades foram em parceria entre o Instituto, Pastorais da Saúde e Emescam.

Além disso, nos últimos anos, foram realizados cursos de plantas medicinais; excursão sobre plantas medicinais para Curitiba, no Paraná; Dias de Campo e Dia Especial de plantas medicinais. Atualmente, mais de 800 pessoas estão cadastradas na Rede Estadual de Plantas Medicinais (Plamedes), criada em 2008 e coordenada pelo Incaper. Em âmbito nacional, o Instituto participa como representante da Rede Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, contribuindo com a discussão de políticas públicas e legislação sobre o tema.

Além dessas atividades com comunidades, o Incaper desenvolve pesquisas com plantas medicinais em parceria com diversas instituições de ensino e pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Emescam, Faesa, Embrapa, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, entre outras. Também mantém o banco de germoplasma de espécies medicinais na Fazenda Experimental Engenheiro Agrônomo Reginaldo Conde, o que contribui para a seleção, melhoramento e introdução de genótipos dessas plantas, o que irá proporcionar que, futuramente, o Incaper forneça variedades selecionadas, testadas e asseguradas para os produtores rurais.

O Instituto também coordena pesquisa científica com aroeira (pimenta rosa), que é condimentar e medicinal dentro do portifólio dos experimentos implantados no Projeto Biomas Mata Atlântica, em Sooretama. Além disso, fornece material vegetal para coleção de plantas medicinais do Museu de Biologia Mello Leitão, em Santa Teresa, com mais de 80 amostras de plantas medicinais devidamente identificadas botanicamente.

Em termos de distribuição de material propagativo de plantas medicinais, o Incaper possui uma parceria com o Instituto Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) no projeto Farmácia Viva, pelo qual fornece matéria-prima e mudas de plantas medicinais para horta e para as atividades dos socioeducandos. Os adolescentes também são tratados com fitoterápicos produzidos no local em parceria com as Pastorais da Saúde. Há também uma parceria com projetos de arranjos produtivos locais com plantas medicinais com as comunidades indígenas de Aracruz, para os quais são fornecidos materiais propagativos e assistência técnica.

De acordo com a bióloga Fabiana Ruas, além de dar continuidade aos projetos de pesquisas em andamento e continuar o fornecimento de material vegetal e assistência técnica, novas atividades estão previstas no âmbito de plantas medicinais. “Em conjunto com a Emescam, o Incaper irá realizar oficinas de tinturas e óleos voltadas para Pastorais da Saúde e profissionais que manipulam as plantas e atuam na área. As atividades ocorrerão no laboratório da Emescam, com material vegetal fornecido pelo Incaper”, informou Fabiana.

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