Poliana Corrêa, Web Rádio Água 09/04/2015

A Agência Nacional de Águas (ANA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) concluíram o Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil – Ano 2013. O estudo foi realizado levando em consideração a crescente expansão da técnica no País, os conflitos pelo uso da água, a carência de dados atualizados sobre as áreas irrigadas e a necessidade de planejamento e ordenamento da atividade em bases econômicas e ambientais. A técnica de pivô foi escolhida como objeto do levantamento por ser o método de maior expansão no País nos últimos anos.

Segundo o trabalho, quatro estados concentram quase 80% da área ocupada por pivôs centrais no País: Minas Gerais (31%), Goiás (18%), Bahia (16%) e São Paulo (14%). Estes estados contribuem para uma concentração de uso de pivôs nas bacias dos rios São Francisco, Paranaíba, Grande e Paranapanema. Considerando regiões hidrográficas, a do Paraná concentra quase 530 mil hectares e a do São Francisco acumula 350 mil hectares.

Thiago Henriques Fontenelle, especialista em recursos hídricos da Agência Nacional de Águas (ANA), conta mais detalhes sobre o estudo:

“A região sudeste e centro-oeste, principalmente em áreas de cerrado, são regiões que concentram maior número de pivôs-centrais de irrigação. Esta área também tem sido impactada pela crise hídrica. O que é importante ressaltar é que esta água nem sempre está concorrendo com abastecimento humano, muitas vezes elas estão localizadas em regiões em que não há ocupação densa ou então elas estão depois de cidades. Então não, necessariamente, esta água está sendo tirada de outros usos pela irrigação. No dado nacional a irrigação responde a 72% do consumo da água o Brasil e em bacias onde elas se concentram mais chega a ultrapassar os 90%”

Com os resultados, os principais polos de expansão da irrigação poderão ser monitorados de forma ampliada e o restante do País poderá ser monitorado com periodicidade bienal ou trienal. Fontenelle, também explica outras ações recorrentes do estudo:

“Bom, ele tem uma série de aplicações porque a partir do momento que a gente tem a localização de cada pivô central com coordenadas no Brasil, isso abre uma gama de possibilidades. No curto prazo, eu diria que três áreas mais se beneficiam nesse levantamento: primeiro está relacionado a fiscalização e outorga de uso da água, que é a autorização que os usuários tem para usar a água, então a gente pode cruzar esses dados de pivôs com os dados das autorizações para saber quais bacias estão mais ou menos irregulares quanto ao uso da irrigação e com isso promover companhas de regularização e fiscalização. Outra área é a de capacitação, sabendo onde os irrigantes estão mais concentrados a ANA, a Emater, a própria Embrapa e outras instituições que oferecem capacitações podem atuar nessas áreas. E outra área importante seria de planejamento, para os planos de recursos hídricos e planos de irrigação que estão sendo desenvolvidos, esses dados são fundamentais para saber quais regiões já alcançaram seu limite de área irrigada e quais ainda podem crescer de forma sustentada”.

Para outras informações sobre o Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais no Brasil, acesse: www.ana.gov.br.