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O planejamento de mecanização do processo produtivo do café, a adoção de medidas que permitam economia de água no processamento e a qualidade do produto final foram destacados durante a 6º edição do Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira, nesta terça-feira, 30 de junho. O evento, promovido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) e pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), antecede a abertura da Expocafé ao público, nesta quarta, 1º de julho.
O Simpósio reuniu participantes de 10 estados brasileiros, entre pesquisadores, professores universitários, técnicos, estudantes e cafeicultores. De acordo com o coordenador do Simpósio, Fábio Moreira, professor da UFLA, a realidade dos principais estados produtores de café é a mecanização de todo o processo produtivo, em função da escassa mão de obra no setor. “No Sul de Minas, atualmente, 70% das lavouras são mecanizadas, sendo que apenas 5% da população total está disponível para a mão de obra na cafeicultura”, explica. Segundo Fábio, regiões muito inclinadas como Zona da Mata mineira e Sul do Espírito Santo, ainda têm dificuldade na mecanização da colheita. “A pesquisa, assim como as empresas desenvolvedoras de máquinas e equipamentos, tem buscado o desenvolvimento tecnológico, com foco prático. Este ano, o Espírito Santo fez sua primeira colheita comercial mecanizada do café conillon”, comemora.
O professor da UFLA, Flávio Borém, apresentou o tema “Inovações em pós-colheita do café” destacando que os atuais desafios para o cafeicultor são a escassez de mão-de-obra, o custo do processamento, a escassez hídrica, a poluição ambiental e o contínuo aumento na demanda por qualidade. “O produtor deve optar pela segmentação e buscar soluções diferenciadas para os cafés commodity, com ênfase nos custos, e especial, que se baseia na qualidade da bebida. O grande erro do cafeicultor é querer produzir café especial da mesma maneira que produz café commodity”, explicou.
Os pesquisadores Sérgio Donzeles (EPAMIG) e Sammy Soares (Embrapa/ EPAMIG) apresentaram procedimentos de pós-colheita, com ênfase no Sistema de Limpeza de Águas Residuárias – SLAR, desenvolvido em parceria por EPAMIG, Embrapa Café e Incaper. O Sistema, que é de baixo custo e pode ser construído pelo próprio cafeicultor, é constituído por caixas e peneiras e possibilita o reaproveitamento da água utilizada na lavagem dos grãos. Após a remoção de parte dos resíduos, a água pode ser reutilizada em novos processos de lavagem e descascamento do café e na irrigação de lavouras, permitindo uma economia de água superior a 50%. “Essa água residuária é rica em material orgânico, que inviabiliza o seu descarte simples. Por outro lado, pode ser reaproveitada na nutrição de variadas espécies agrícolas”, afirma Sammy.
Para o cafeicultor Eric Abreu, o reúso da água no descascamento do café produzido na Fazenda Parreiral, em Três Pontas, representa uma economia de 50% do recurso. “Implantei há três anos sistema de baixo custo para filtragem, decantação e bombeamento da água reutilizada no processo de descascamento. Hoje, uso 60% de água reaproveitada e 40% de água limpa na produção do meu café que é comercializado nos mercados interno e externo”, conta.
O cafeicultor João Carlos Pieroni, desde 2010, também utiliza esse sistema de reuso de água, em sua propriedade, em São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas. Ele instalou caixas de água para tratamento da água residuária da produção do café descascado. “Obtive uma economia de até 70% de água no processo”, afirma.
Expocafé 2015
A Expocafé é considerada a maior feira do agronegócio café no Brasil em maquinários e insumos e estará aberta ao público entre 1º e 3 de julho. Em 2015, o evento contará com cerca de 150 expositores, em uma área superior a 12 mil metros quadrados.
A programação está disponível no site www.expocafe.com.br
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