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João Mota, Web Rádio Água
11/09/2015
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O uso de esgoto na agricultura é uma forma sustentável de aumentar a produtividade na lavoura e também uma alternativa para economizar água. É o que aponta a pesquisa realizada pelo Núcleo de Pesquisa em Geoquímica e Geofísica da Litosfera (Nupegel) da USP, sobre irrigação de solos agrícolas utilizando os resíduos do tratamento de esgoto.
Em tempos de escassez hídrica, a pesquisa é importante porque resulta na economia de recursos, tais como: a economia de água e de fertilizantes minerais, o manejo inadequado das águas residuárias do tratamento de esgoto sendo despejados diretamente em rios, além do aumento da produtividade das culturas irrigadas com esses efluentes.
No entanto, a técnica não pode ser utilizadas em toda as culturas. As hortaliças, por exemplo, que entram em contato direto com a água e não sofrem nenhum processo até seu consumo, tornam-se inadequadas para a alimentação humana. Para se ter uma ideia da eficiência do projeto, em experimentos com cana-de-açúcar, a produção foi 60% maior que a média da produção sem irrigação no estado de São Paulo.
Adolpho José Melfi, responsável pela pesquisa e coordenador do Nupegel, comenta a técnica e a sua importância:
“Nós temos os dados necessário para mostrar que não existe perigo para utilização (da técnica), desde que evidentemente nós tenhamos todos os cuidados. Conhecer o solo que estamos irrigando, conhecer os tipos de culturas que podemos irrigar. Não vamos irrigar hortaliças com essa água, mas, por exemplo, cultura de girassol, café, milho, capim laranja. No exemplo da laranja, nós estamos irrigando a parte basal, da raiz, e o fruto não tem nenhum contato com a água. Na Flórida, nos EUA, todos os laranjais são irrigados com afluentes de esgoto tratado. Então essa é uma prática que poderia ser extremamente importante para nós, assim permitimos o aumento de produção de alimentos, melhoria das condições ambientais. É um método que provocaria economia para o produtor e do ponto de vista da sociedade, a técnica seria aceita como já foi aceita em muitos países”.
Apesar de ser uma alternativa viável e interessante dos pontos de vista ambiental, econômico e social, a técnica ainda é pouco utilizada no Brasil. Isso acontece por ser uma área relativamente nova para a qual não existe uma legislação específica. Por isso são necessários estudos sobre o impacto dessa metodologia no solo, nas plantas, na água e na atmosfera para que assim haja regulamentação para sua implantação.
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