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Saulo Coelho, Embrapa Tabuleiros Costeiros
25/09/2015
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Apresentar as características e o grande potencial da soja como cultura alternativa para os Tabuleiros Costeiros e Agreste nordestinos. Esse foi o principal objetivo do dia de campo realizado pela Embrapa no campo experimental de Umbaúba, no Sul Sergipano, na ultima semana.
Cerca de 40 participantes, entre produtores rurais de portes variados, técnicos do setor público, estudantes do Instituto Federal de Sergipe (IFS) em Cristinápolis e extensionistas da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), participaram do evento coordenado pelo pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), Sérgio Procópio.
Após as boas vindas do chefe-geral, Manoel Moacir Macedo, e do coordenador da Emdagro, Delmo Naziazeno, os participantes assistiram a uma apresentação geral da cultura por Procópio e seguiram para as duas principais estações do dia de campo – de desempenho e características agronômicas e de reconhecimento e controle de pragas.
O dia de campo aconteceu numa área de 2 mil metros quadrados, onde foram plantados 50 materiais desenvolvidos pela Embrapa e por empresas que atuam no mercado nacional. Na primeira estação, Procópio, com apoio do pesquisador Hélio Wilson Carvalho, mostrou as características genéticas, fisiológicas e o desempenho das cultivares no campo.
Potencial
De acordo com Procópio, a soja, por ser uma cultura de grande valorização internacional, tem grande potencial de ganhos para os produtores da região, onde a Embrapa tem realizado nos últimos três anos ensaios em campo com um grande número de cultivares e variedades.
Além de bom desempenho de produtividade, a soja traz a vantagem de fixar nitrogênio no solo por meio de bactérias inoculadas, dispensando a aplicação de toneladas de fertilizantes nitrogenados, o que traz grande economia de insumos.
Segundo dados dos ensaios de campo, a produtividade da grande maioria dos materiais apresentou desempenho acima da média nacional – em torno de 2,9 a 3,3 toneladas por hectare. Especialmente no Agreste, onde o solo é mais rico em nutrientes e apresenta temperaturas mais baixas à noite, mais de 40 variedades e cultivares superaram as médias nacionais, com algumas chegando até 5 toneladas por hectare.
O pesquisador Adenir Teodoro, especialista em controle e manejo de pragas em culturas agrícolas, apresentou algumas das principais pragas que podem ameaçar a cultura da soja, como a lagarta da soja, o percevejo verde e a Helicoverpa armigera, uma das mais agressivas já encontradas no país. Ele descreveu, também, as principais técnicas de controle e combate, como o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Desafios
Para Procópio, apesar do grande potencial da soja como alternativa aos produtores do Nordeste, alguns problemas e gargalos representam desafios importantes a enfrentar e resolver, como a sintonia do plantio com o regime de chuvas e a fertilidade dos solos.
A ocorrência de chuvas na soja tem se concentrar no momento certo, durante o enchimento de grãos. "Caso haja estiagem nessa fase, os grãos não atingirão o tamanho ideal, gerando prejuízos", adverte.
Por outro lado, a concentração excessiva de chuvas num curto período, muito comum em alguns anos no litoral nordestino, pode acarretar o encharcamento do solo e à morte das plantas, gerando perdas irreversíveis.
"A execução do zoneamento de risco climático para soja nessas regiões, que ainda não acontece, pode ser um grande passo para o desenvolvimento da cultura, pois permitirá a criação de linhas de crédito por bancos públicos e facilitará a previsão das melhores datas de plantio", acredita.
A fertilidade do solo, que é considerada baixa nos Tabuleiros Costeiros, também demanda atenção dos produtores. Em muitas áreas há insuficiência de micronutrientes, que devem ser comprovadas por análises de solo e corrigidas da forma mais adequada", explica.
Impressões
O agricultor Alfredo Góis, de Rio Real, no norte da Bahia, planta milho em sua propriedade há muitos anos, e decidiu experimentar a soja para diversificar sua produção. Este ano ele plantou cerca de 60 hectares com nove variedades, e espera uma boa produtividade, considerando o nível de crescimento das plantas.
"Em 2016 devemos aumentar bastante a área plantada com a soja, para diversificar e fazer rotação de culturas com o milho. Estamos comprovando que é uma Cultura muito promissora, que veio para ficar", revela.
A estudante Lara Oliveira, que cursa a 3ª série no IFS de Cristinápolis, achou interessantes as técnicas de monitoramento e controle de pragas. "Vemos muitos produtores usando agrotóxicos em excesso porque não conhecem essas técnicas mais sustentáveis, e acabam matando também os inimigos naturais", comentou.
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