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Frases como “só saio de casa depois de tomar um café” ou “vamos marcar um cafezinho” fazem parte do cotidiano dos brasileiros. Puro, com leite ou em receitas mais elaboradas, ele está no dia a dia. Mas de onde vem o café que tanto se fala? A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas desenvolveu 90% dos cultivares de café arábica – aquele que gera uma bebida aromática e saborosa, conhecido popularmente como café de garrafa — plantadas comercialmente no Brasil.
O Instituto já desenvolveu 66 cultivares de café arábica. A Mundo Novo e a Catuaí representam 90% do parque cafeeiro nacional, sendo as preferidas dos cafeicultores por suas características de rusticidade, produtividade, capacidade de adaptação e qualidade da bebida. “Embora se adaptem bem aos diversos sistemas de produção, em praticamente todas as regiões produtoras do Brasil, com a modernização da cafeicultura e implementação de novas técnicas de manejo da lavoura cafeeira, deverá ocorrer adoção gradual de novas cultivares, sempre buscando maior equilíbrio entre produtividade e qualidade, conforme exigências do mercado”, explica Gerson Silva Giomo, pesquisador da Secretaria e diretor do Centro de Café do IAC.
Nos outros 10% do parque nacional há uma mescla de cultivares desenvolvidas por outras instituições e pelo próprio IAC, em que algumas se destacam pelo vigor, produtividade, qualidade de bebida, resistência ou tolerância à ferrugem e nematoides, dentre elas Icatu, Obatã, Tupi, Ouro Verde e Bourbon.
A contribuição do IAC para a cafeicultura brasileira vai além do desenvolvimento de cultivares. Desde a sua fundação, o Instituto teve grande participação na capacitação técnica de recursos humanos e na consolidação de programas de melhoramento genético de outras instituições de pesquisa, disponibilizando, inclusive, germoplasma que possibilitou o desenvolvimento de novas cultivares em outros Estados brasileiros.
Programa de Cafés Especiais do IAC busca produtos com sabor e aroma diferenciados
A qualidade do café interfere diretamente na temperatura do mercado, se aquecido ou não. O perfil sensorial diferenciado, com ênfase no aroma da bebida, tem sido a aposta do Programa de Cafés Especiais do IAC, com potencial para obtenção de cafés com nuances de sabor e aroma floral, frutado, achocolatado, cítrico e de especiarias, entre outros de interesse ao nicho de cafés especiais.
“De pioneirismo em pioneirismo, o IAC agora trabalha para gerar nova oportunidade à cadeia de produção, cumprindo a determinação do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, de gerar renda no campo e produtos de qualidade para a população”, diz Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
A proposta do IAC é disponibilizar ao setor uma “carta de cafés” — opções variadas de cultivares de alta qualidade e processamento pós-colheita adequado — com a possibilidade de reorientações nas pesquisas científicas que possam resultar em atendimentos específicos para as demandas apresentadas e as regiões geográficas onde se pretende cultivá-los. “A qualidade é muito sensível às variações de ambiente”, afirma Giomo.
Os diversos materiais em estudo no Instituto incluem cultivares antigas como o Bourbon Vermelho, Bourbon Amarelo, Caturra, Icatu, Maragogipe e Mundo Novo, cultivares atuais como Obatã e Tupi, além de híbridos de cultivares elite com acessos do Banco de Germoplasma. A seleção é focada nas características qualitativas dos grãos que resultem em qualidade de bebida diferenciada. “Cafés especiais que apresentam qualidade diferenciada possibilitam maior agregação de valor ao produto, são mais valorizados quanto mais diferenciado e exótico for o perfil sensorial do café”, explica o pesquisador do IAC.
Materiais promissores estão sendo cultivados em escala experimental em Campinas, Mococa e São Sebastião da Grama para avaliações agronômicas e tecnológicas. Ressalta-se que o cultivo do café especial é igual aos demais. “Maiores mudanças deverão ocorrer na escolha da cultivar apropriada e na pós-colheita do café, etapa em que as técnicas específicas de processamento e secagem deverão ser implementadas para potencializar a qualidade intrínseca da cultivar”, explica.
O Programa utiliza padrões internacionais para avaliação da qualidade dos cafés especiais, com os métodos recomendados pelaSpecialty Coffee Association of America (SCAA) e pelo Coffee Quality Institute(CQI), dos Estados Unidos.
Programa de Cafés Especiais IAC
• Sistema inovador do IAC propõe trabalho caracterizado pela reunião de áreas de pesquisas aliadas à cadeia de produção do café e ao mercado.
• Redução no tempo para obter nova cultivar e fomento ao uso de mudas obtidas por meio da clonagem.
• Atendimento de demandas específicas de diferentes regiões produtoras e alinhamento da produção de cafés especiais diferenciados com as exigências do consumidor.
• Atendimento a nichos de mercado e valorização da qualidade.
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