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Matemática auxilia ação contra o HLB dos citros
Método verifica comportamento e dispersão da praga ao longo do espaço e do tempo, considerando produtividade, distribuição espacial, idade e sanidade das plantas
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Nadir Rodrigues, Embrapa Informática Agropecuária, e Alessandra Vale, Embrapa Mandioca e Fruticultura
26/04/2016
 
Um modelo matemático pode ajudar o agricultor a avaliar o impacto da doença huanglongbing (HLB), também conhecida como greening, nas lavouras citrícolas do País. O modelo foi elaborado pela matemática Ana Paula Diniz Marques como parte de sua dissertação de mestrado, com orientação do docente Takaaki Ohishi, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e colaboração da pesquisadora Sônia Ternes, da Embrapa Informática Agropecuária (SP).
 
Para auxiliar os produtores na tarefa de controlar o inseto que transmite a doença, o trabalho matemático segue a abordagem do Modelo Baseado no Indivíduo (MBI), que permite verificar o comportamento e a dispersão da praga ao longo do espaço e do tempo, considerando fatores como produtividade, distribuição espacial, idade e sanidade das plantas.
 
O HLB é causado pelas bactérias Candidatus Liberibacter (Ca.L.) asiaticus e Ca.L. americanus. A doença é o maior problema dos laranjais de São Paulo, o principal estado produtor de suco de laranja. As técnicas mais utilizadas para combater a doença são a eliminação das plantas infectadas e o controle do vetor, um inseto psilídeo de três a quatro milímetros de comprimento chamado Diaphorina citri.
 
Por ser uma doença com indicativo de remoção de plantas sintomáticas, é muito complicado realizar estudos epidemiológicos de grande escala a campo. "É aí que entram os modelos", afirma Francisco Laranjeira, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA). "O problema do HLB dos citros pode ser enquadrado na questão do manejo de pragas em paisagens agrícolas. Ou seja, seu controle não é possível se as práticas forem voltadas apenas para o manejo de pomares isolados. Diversas escalas espaciais devem ser consideradas para ajustar o manejo não só na microescala do pomar, mas chegando até ao manejo regional", explica.
 
O modelo criado na FEEC avalia a situação do pomar infectado e oferece ao produtor uma previsão de quais serão as consequências da praga no cultivo. É possível estimar, por exemplo, se o lucro terá queda em longo prazo ou se há expectativas de melhora da produtividade. Outro benefício trazido pelo estudo é a discussão de algumas orientações de manejo para lavouras infectadas publicadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em 2008 (Instrução Normativa nº 53), como a obrigatoriedade da inspeção de pomares citrícolas a cada três meses para remoção das plantas com sintomas da doença.
 
A pesquisa de Ana Paula ainda levou em consideração a relação entre a idade das plantas e a incidência da doença, já que o psilídeo se reproduz nas brotações, fase que ocorre de modo mais intenso nas árvores mais novas. A conclusão é de que, quanto mais jovem o pomar infectado, pior o impacto da doença na vida produtiva da planta. O estudo também ressalta a importância da detecção das plantas com sintomas e do manejo contínuo de pomares vizinhos, já que os psilídeos podem passar de uma plantação para outra. Entre os principais indícios da doença, estão o aparecimento de ramos com folhas amareladas e curvadas e a produção de frutos assimétricos e com tamanho reduzido. Em alguns casos, a árvore pode até mesmo parar de produzir frutos.
 
Parceria para combater a praga
Entre as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa e parceiros voltadas ao huanglongbing, está o HLB BioMath fase 2, que propõe uma abordagem biomatemática como suporte à defesa fitossanitária e avaliação de tecnologias de manejo. Estima-se que, apenas na Bahia, a entrada da doença poderia ocasionar perdas de quase dois bilhões de reais.
 
O objetivo do projeto é desenvolver ferramentas que auxiliem no monitoramento, detecção e erradicação da doença. Na etapa inicial, a equipe utilizou um modelo matemático clássico, que permitiu a avaliação da dinâmica da doença ao longo do tempo. Já a fase dois tem como ponto-chave o desenvolvimento de um Modelo Baseado no Indivíduo, capaz de expandir os aspectos analisados sob o ponto de vista espacial. Esse tipo de modelo é o mais indicado para lidar com sistemas mais complexos que envolvam comportamento diferenciado dos vetores conforme fase de vida, presença de hospedeiros alternativos e diferentes configurações espaciais das plantas suscetíveis.
 
A pesquisadora Sônia Ternes ressalta que a tese acadêmica produzida por Ana Paula Marques poderá contribuir para pesquisas realizadas na Embrapa, principalmente na segunda fase do projeto HLB BioMath. "O modelo trabalha um tema atual e importante, com uma abordagem promissora e ainda pouco usada na nossa área. Vamos usar como base algumas dessas experiências para a avaliação da análise espacial da doença", explica.
 
Os projetos HLB BioMath já desenvolveram vários modelos que vêm sendo aplicados para análise de critérios legislativos de amostragem e controle, análise de cenários de disseminação em nível regional, simulação de amostragem para detecção precoce em micro e macroescalas espaciais e também avaliação da influência de populações de hospedeiros alternativos na disseminação da doença. "A ideia é usar esses modelos para testar configurações de pomar que possam ser úteis como estratégia 'push and pull' de controle de vetores. Ou seja, atrair inimigos naturais e repelir os vetores", conta Laranjeira, líder dos projetos.
 
Um dos destaques desse novo estágio da pesquisa será o estudo da murta, planta conhecida por seu uso em cercas vivas, como aliada na prevenção e no tratamento da doença em pomares. "A murta é uma hospedeira alternativa do HLB, mas oferece um ciclo de desenvolvimento diferente da doença, se comparada aos citros. Queremos saber se a murta colocada próxima ao plantio funcionaria como um atrativo da praga, livrando o pomar, ou, se depois de um tempo, ela aceleraria a infestação", esclarece Sônia. Caso os benefícios dessa prática sejam comprovados, ela poderia se tornar uma recomendação técnica do Mapa.
 
Sônia ainda destaca a importância dos avanços computacionais para a realização dos estudos. "Como não é possível fazer experimentos no campo com HLB, já que é preciso ter um ambiente controlado, é com a simulação computacional que podemos testar as várias hipóteses e tentar prever o que poderia acontecer com diferentes configurações de pomares com murta ou policultivos", afirma. A análise da aplicação de murtas em áreas de cultivos citrícolas está prevista para gerar resultados até o fim de 2017.
 
De acordo com dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, 42,5 milhões de plantas sintomáticas foram arrancadas entre 2005 e 2015, somente em terras paulistas. O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) identificou que na produção de 2015 cerca de 18% das plantas apresentavam sintomas. Por conta do aumento na incidência do HLB e dos altos custos da produção, muitos produtores têm abandonado as lavouras de citros do País, responsável por 60% da produção mundial de suco de laranja, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
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