Saulo Coelho, Embrapa Tabuleiros Costeiros 19/05/2016

Apresentar espécies arbóreas, nativas e forrageiras e como elas podem contribuir para a conservação do solo em sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Esse é o objetivo principal do dia de campo que a Embrapa Tabuleiros Costeiros realiza esta sexta-feira (20) em Frei Paulo, no Agreste Central Sergipano.

O evento acontece das 9h às 14h e integra as ações de transferência de tecnologia da Embrapa para oportunizar aos agricultores um intercâmbio com acesso às informações sobre tecnologias adaptadas ao sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Nordeste.

São esperados cerca de 40 participantes no encontro, que acontece no Campo Experimental Pedro Arle, mantido pela Unidade da Embrapa no município. Os agricultores familiares da região passarão por duas estações de visitação de Unidades de Referência Tecnológica (URT) instaladas no campo para a observação, aprendizado e troca de experiências.

Na primeira estação, o pesquisador especializado em recursos florestais Lauro de Oliveira Junior apresenta árvores nativas, forrageiras e arbóreas e conservação do solo para o sistema ILPF. Na segunda, o especialista em pastagens e forrageiras Henrique Rangel demonstra as potencialidades da leguminosa gliricídia em diversos sistemas para ILPF.

O dia de campo conta com o apoio da Rede de Fomento em ILPF – que congrega as empresas Cocamar, John Deere, Parker, Syngenta e Dow AgroSciences –, da Prefeitura e Secretaria de Agricultura do Município de Frei Paulo, Emdagro e do Grupo de Interesse dos agricultores.

Diversas outras ações estão sendo realizadas para fortalecer a adoção de sistemas integrados em todas as regiões do país. Uma delas, também em Frei Paulo, aconteceu nesta terça (17), com palestra técnica orientando sobre o uso, conservação e multiplicação de sementes de grãos para o sistema ILPF. Estão previstos, também, para maio e junho, dias de campo sobre uso da técnica de plantio direto em sistemas integrados.

Degradação
A recuperação das pastagens degradadas tem sido uma preocupação constante no meio rural brasileiro. Em paralelo ao problema da degradação das pastagens, a queda de rentabilidade das lavouras causada pelo sistema tradicional de preparo do solo surge como outro desafio.

A região Nordeste possui 16 milhões de hectares com pastagens naturais e 14,5 milhões com pastagens cultivadas, e estima-se que a área de pastagens cultivadas com algum grau de degradação seja de 11,6 milhões de hectares.

O rebanho do Nordeste em 2006 era composto de 40,77 milhões de animais distribuído nas sub-regiões da Zona da Mata, Agreste e Sertão, tendo na pastagem sua fonte quase exclusiva de alimento. Em geral, a quantidade de animais é bem acima da que as pastagens podem suportar, causando uma crescente degradação das mesmas.

As pesquisas com sistemas de integração no Nordeste ainda são recentes, mas já com resultados bastante satisfatórios. As pesquisas com ILPF para as Zonas da Mata e Agreste estão em sua maioria baseadas no uso da gliricídia ou da leucena como componente arbóreo em consórcio com lavouras, gramíneas e palma forrageira.

Especificamente para as áreas costeiras o consórcio da gliricídia com o coqueiro tem mostrado resultados bastante promissores. De acordo com Rangel, um sistema com alta eficiência para recuperação de pastagens degradadas na Mata e Agreste é o consórcio da gliricídia com milho e capim-braquiarão.

Projeto
"No Agreste, mais especificamente visando os produtores de leite, tem-se estudado utilização de sistemas de ILPF para reduzir a dependência de insumos externos. Esses sistemas já têm suas eficiências comprovadas, mas necessitam de maiores esforços para transferência e adoção, o que se pretende com esse projeto que coordenamos", explica o pesquisador.

Outros sistemas, como a integração de pasto e lavoura com eucalipto, de eficiência comprovada em outras regiões, são também facilmente adaptáveis em locais de condições pluviométricas mais favoráveis, como as do sul da Bahia e serão difundidos no projeto.

O projeto liderado por Rangel prevê ações de transferência de tecnologias em ILPF no Ceará, Rio grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. A ideia é que as ações contribuam para disseminação de conhecimentos e promovam a adoção de tecnologias relacionadas à intensificação sustentável de sistemas de integração de produção animal e vegetal.

No total serão instaladas, reestruturadas, acompanhadas e analisadas 18 Unidades de Referência Tecnológica, e treinados 40 agentes multiplicadores das estratégias de ILPF. Os dados levantados nas URTs irão alimentar os bancos de dados regional e nacional da rede de ILPF.