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Poliana Corrêa, Web Rádio Água
18/07/2016
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Com R$ 30 bilhões de investimentos federais previstos para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2016/2017, a economia brasileira tem se firmado nos sucessivos recordes de produção de grãos. Graças ao Sistema de Plantio Direto (SPD), técnica importada dos Estados Unidos, nos anos 70, os produtores nacionais têm expandido cada vez mais as áreas de cultivo, garantindo o aumento produtivo aliado à preservação ambiental.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa sobre Políticas Alimentares Internacionais (IFPRI, em inglês), o Brasil possui cerca de 30 milhões de hectares utilizando a técnica (pouco menos de 50% de toda a área plantada no território), garantindo ao País a segunda colocação mundial. O destaque fica por conta do Paraná, estado pioneiro no uso do sistema, com mais de 90% da área de plantio das culturas de verão em SPD.
Se até 1972 os produtores paranaenses perdiam mais de 20 toneladas de solo por hectare todos os anos por causa das erosões, atualmente, eles contam com diversas tecnologias de apoio para o uso e disseminação do SPD. É o caso da Plataforma Web – Sistema Plantio Direto, ferramenta online desenvolvida pelo Centro Internacional de Hidroinformática (CIH), na qual é possível calcular o Índice de Qualidade do Plantio (IQP) de cada propriedade rural registrada, com base em um cadastro e parâmetros de qualidade de manejo do solo. Além de permitir a visualização geográfica das informações em um mapa interativo.
Franke Dijkstra, Herbert Bartz e Manoel “Nonô” Pereira, pioneiros do plantio direto no Brasil
De acordo com o 1º secretário da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP), Ricardo Ralish, o objetivo é utilizar a ferramenta como mecanismo de difusão das técnicas do sistema “queremos que a plataforma seja amplamente utilizada pelos agricultores, assistentes técnicos, empresas, cooperativas, entre outros. Desta forma, conseguimos aumentar significativamente a área de uso do SPD”, explicou.
O sistema é resultado de uma parceria entre a Itaipu Binacional, a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP) e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), que desde 2007 vêm desenvolvendo uma metodologia participativa, denominada Índice de Qualidade Participativo do Sistema Plantio Direto (IQP), com o objetivo de qualificar o Sistema Plantio Direto e aplicação do método em 8 microbacias, em com 226 propriedades da Bacia Hidrográfica do Paraná 3.
“O oeste do Paraná, nos permite desenvolver ações que visam tornar a região um polo difusor da agricultura sustentável, que será exemplo para o mundo”, finalizou o secretário.
Os produtores rurais podem contar ainda com a cartilha do Programa de Estímulo à Qualidade do sistema de Plantio direto na Palha, na Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (BP3) e a publicação “Plantio direto: a tecnologia que revolucionou a agricultura brasileira”, ambas disponíveis gratuitamente para consulta.
Em 2015, a FEBRAPDP iniciou um novo convênio com a FPTI e a Itaipu (que também tem como parceiros a Embrapa, Iapar, Emater, Universidade de Londrina e Instituto Rio Grandense do Arroz), para lançar uma versão atualizada e revista do sistema de certificação da qualidade do plantio direto. As 226 propriedades-piloto também estão passando por um processo de reavaliação para saber como o plantio direto evoluiu em cada uma delas nos dois últimos anos.
Paraná pioneiro
No Brasil, o sistema de plantio direto ganhou força a partir da instalação de indústrias de moagem de soja no Paraná, mais especificamente na região de Ponta Grossa. Com isso, o uso do solo ficou bem mais intenso. O panorama exigiu uma solução para diminuir os prejuízos de perda do solo em decorrência das chuvas de verão.
“No início nós eramos chamados de visionários, de filósofos e até de loucos”, é dessa maneira que Franke Dijkstra, agricultor de Castro (PR), descreve a receptividade da nova prática agrícola, importada dos EUA, nos anos 70.
Junto com Herbert Bartz, de Rolândia; e Manoel “Nonô” Pereira, de Ponta Grossa, formaram o trio de agricultores responsáveis pela implantação do plantio direto no Brasil. Após uma visita ao estado da Virgínia, nos Estados Unidos, Nonô trouxe as primeiras impressões da técnica, que precisou de adaptações regionais, para solucionar os problemas enfrentados pelos produtores paranaenses. Após testes iniciais e adaptações com as características regionais, os primeiros resultados começaram a aparecer.
Vantagens
A prática possui três características fundamentais: rotação de culturas, cobertura permanente e pouca movimentação do solo. Além de aumentar a produtividade, a técnica pode ser mais barata e ambientalmente mais sustentável. De acordo com a Embrapa, após o SPD estar consolidado, ocorre redução da quantidade de adubos, corretivos e horas de máquina (economizando combustível), além da produtividade também ser maior. Como consequência, o custo médio ou custo por unidade produzida torna-se menor nesse sistema, quando comparado com o cultivo convencional.
O SPD viabiliza a sustentabilidade da capacidade produtiva do solo, pela redução de perdas por erosão, mantendo a cobertura vegetal (palhada), reduzindo o assoreamento e a eutrofização de represas e cursos d'água, com melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo, elevando sua capacidade de infiltração e retenção de água. Isso influência, também, no seu teor de matéria orgânica, promovendo, portanto, a preservação do meio ambiente.
O custo de produção do milho plantado diretamente sobre a palha é 6% menor que na agricultura convencional, além disso, o gasto para evitar a erosão e captação de água é um terço menor, garantindo uma economia de 30% na reposição ambiental. Completando o ciclo de vantagens, ao extinguir o arado, os produtores economizam até 45 litros de combustível por hectare.
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