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Agroecologia      
Produção agroecológica muda vida de famílias no Espírito Santo
"O custo de produção é menor, pois aproveitamos os recursos da propriedade. Só compramos o esterco porque não damos conta de produzir"
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Luciana Silvestre Girelli, Incaper
16/08/2016

Produzir alimentos em sistemas de agricultura mais sustentáveis já é uma realidade para diversas famílias em Dores do Rio Preto, ES. Além de melhorar a relação da agricultura com o meio ambiente, a agroecologia tem possibilitado a geração de renda a agricultores familiares e potencializado o desenvolvimento regional.

Esse é o caso do senhor José Ailson Brinati e de sua esposa Maria Aparecida Silva Brinati. Eles começaram a produzir de forma agroecológica a partir de 2009, quando receberam um kit do Projeto Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), por meio de uma ação do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).

“Nós trabalhávamos com feira desde 2006, mas intensificamos o trabalho com agroecologia a partir do PAIS. Recebemos um kit com caixa d’água, mudas de frutas, galinhas, tela para galinheiro, bomba de irrigação, entre outros itens. Também conhecemos a experiência da feira de Muqui e a comunidade de Fortaleza, onde há produção agroecológica”, relatou José, que ainda visitou a Fazenda do Incaper Mendes da Fonseca, em Domingos Martins, onde funciona a Unidade de Referência em Agroecologia do Incaper.

Após a instalação do PAIS, de acordo com o senhor José, houve uma melhora de 80% na produção para a feira. Vale ressaltar que foram instaladas 30 unidades do PAIS em Dores do Rio Preto. “Comecei a utilizar técnicas que eu nem conhecia, como o uso do sombrite. O Incaper começou a me orientar na elaboração de caldas para o tratamento de doenças, entre outras questões, como produção de sementes de qualidade, jeito de fazer o canteiro e técnicas de produção”, contou José.

A produção de alimentos saudáveis sempre esteve na ordem do dia dessa família. “A vida inteira fomos contra o uso de agrotóxicos. Podemos vender e comer com sossego os produtos da horta. O custo de produção é menor, pois aproveitamos os recursos da propriedade. Só compramos o esterco porque não damos conta de produzir”, afirmou Maria Aparecida.

Atualmente essa família produz diversas hortaliças, café e trabalha com pecuária. Em sua propriedade, o Incaper instalou uma Unidade Demonstrativa de Citrus, com 88 plantas de laranja e tangerina, para avaliar a relação de enxerto e porta-enxerto.

Preocupação ambiental
A preocupação com o meio ambiente está presente na produção de base agroecológica. Na propriedade dos Brinati foram implantados Corredores Ecológicos e Sistemas Agroflorestais (SAF’s) em 1,2 hectares, o que melhorou a conservação do solo e da água.

Além disso, os agricultores reproduzem sementes em sua propriedade, fato que garante a qualidade da procedência desse material. São reproduzidas, por exemplo, sementes de milho, feijão, inhame e espinafre.

Comercialização, geração de renda e autonomia
A produção agroecológica de Dores do Rio Preto é comercializada na Feira que acontece aos sábados, da qual participam oito famílias de agricultores. No município, os servidores públicos da Prefeitura Municipal recebem o ticket-feira no valor de R$ 18,60 por mês para comprar produtos por meio desse canal de comercialização.

A família do senhor José Ailson Brinati vende, em média, 26 caixas de produtos por semana, com retorno de R$ 700. Na primeira feira, realizada há 10 anos, essa família vendeu R$ 40 em produtos, o que indica a ampliação de renda proporcionada pelo trabalho com produção de hortaliças.

“Também vendemos nossos produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com entrega para cinco colégios, e sob encomenda para restaurantes e lanchonetes. Tivemos que aprender a manejar nossos produtos para atender a um cronograma de vendas”, explicou José, que é o presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural.

Segundo Maria Aparecida Silva Brinati, os recursos advindos da feira possibilitam o pagamento das despesas da casa e permitiram o pagamento dos estudos das filhas. “Conseguimos pagar a faculdade da Daiane, que fez Matemática em Carangola, e da Diana, que cursa Nutrição, em Itaperuna. O filho mais novo, Diogo, cursa o ensino médio aqui em Dores”, relatou Maria Aparecida.

Agroecologia: uma opção de vida

De acordo com o extensionista do Incaper que atua em Dores do Rio Preto, Norberto das Neves Frutuoso, a família do senhor Brinati é um exemplo de que a produção agroecológica é uma excelente opção para quem quer adotar esse sistema de produção.

“Por mais que o técnico apresente as tecnologias para o agricultor, o mais importante é que haja uma aceitação e uma troca de conhecimentos entre eles. A família Brinati sempre aceitou muito bem nossas orientações. Eles conseguiram vislumbrar as oportunidades que nós oferecemos. Confiaram no Incaper e colocaram em prática os conhecimentos. Investiram sabendo que haveria retorno”.

Ele também disse que a olericultura, atividade principal adotada por essa família, é excelente para trabalhar de maneira agroecológica, uma vez que os aspectos da biodiversidade, diversificação da produção e preservação ambiental são fortemente colocados em prática. “Para que essa propriedade obtenha o registro de orgânica é preciso ainda evoluir para a produção autossuficiente de matéria orgânica para a adubação, pois ainda é adquirida de fora”, disse Norberto.

O extensionista fez questão de apresentar as diferenças entre a produção agroecológica e a orgânica. “A agroecologia é uma ciência que se baseia em alguns princípios, como a preservação ambiental, a remuneração justa da mão-de-obra e a agricultura orgânica. O produto orgânico é um componente da produção agroecológica e se caracteriza pelo não utilização de produtos químicos na produção. Nós queremos que a família do senhor Brinati obtenha o certificado de orgânica para que possa ter seu trabalho reconhecido. Pelo PNAE, eles poderiam receber mais para a entrega dos alimentos para as crianças”, ressaltou Norberto.

A agroecologia é mais do que um sistema de produção sustentável, mas uma opção de vida. “A nossa geração de produtores quer fazer economia. Não se preocupa com a saúde e com a terra para as próximas gerações”, contou José. Sua esposa completou: “Todos os nossos filhos estudaram e o mais novo quer estudar agronomia, quer ficar na terra. Temos que ter o momento de brincar, de estudar e de trabalhar”, afirmou Maria Aparecida.

No município de Dores do Rio Preto existem, aproximadamente, 15 agricultores com produção agroecológica. O escritório local do Incaper busca orientar todos os que buscam informações com alternativas sustentáveis de produção agropecuária.

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