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Dalízia Aguiar, Embrapa Gado de Corte
22/09/2016
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A parceria dos países latinoamericanos em ciência acaba de render mais um fruto. Os pesquisadores Martin Zumarraga, Mariana Viale, Angel Cataldi, Maria Isabel Romano e Fabiana Bigi do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA-Argentina), Ana Maria Zarraga da Universidade Austral de Chile e Flábio Ribeiro Araújo da Embrapa (Brasil) publicaram um artigo científico sobre a genômica de micobactérias no caderno temático “A genômica de patógenos e suas possibilidades de aplicações”, na revista oficial da Organização Mundial para Saúde Animal (OIE), volume 35/2016.
Na publicação, os cientistas relatam a contribuição da genômica nos estudos de evolução, virulência, epidemiologia e diagnóstico de micobactérias. O gênero Mycobacterium engloba agentes patógenos que causam graves enfermidades, como a tuberculose, em especial, o M. bovis, importante para a saúde pública pela possibilidade de infectar também humanos. “Devido a este último ponto e ao impacto da tuberculose e paratuberculose na produção animal houve um avanço significativo em conhecimento dos agentes patógenos e a interação com seus hospedeiros”, afirma o bioquímico do INTA Zumarraga.
Entre os avanços, Martin Zumarraga e Flábio Ribeiro destacam o sequenciamento dos genomas de micobactérias patógenas, considerado um divisor nos estudos. Outro destaque apontado por eles e presente no artigo é a etapa anterior ao sequenciamento, na qual se desenhou as bases evolutivas do gênero Mycobacterium e se decifrou os principais mecanismos de virulência das espécies patógenas. O imunologista da Embrapa Flábio Ribeiro explica que o sequenciamento é uma ferramenta que abre a pesquisa para uma série de oportunidades, como avaliar a diversidade de isolados em diferentes partes do mundo, sob a ótica de mercado; e avaliar a persistência de um foco de tuberculose em determinada região.
As equipes dos dois pesquisadores trabalham juntas em várias linhas de pesquisa relacionadas à tuberculose bovina. A genômica está diretamente ligada ao desenvolvimento de métodos de diagnóstico molecular. O estudo filogenético de isolados do Brasil, Argentina e Estados Unidos também é foco dos cientistas, que auxilia no conhecimento pleno da epidemiologia da doença.
Revista
O compêndio da OIE reuniu os pontos de vista de cientistas de diversos países sobre as possibilidades de aplicação das técnicas de sequenciamento a biologia das infecções. Ao todo são 19 artigos, divididos em três temas, com participações científicas de países como os Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e Emirados Árabes. A América Latina é representada nesse artigo dos pesquisadores, inédito na vida acadêmica dos sete especialistas. Esta edição é de responsabilidade editorial dos renomados pesquisadores Pablo Murcia, Massimo Palmarini e Sándor Belák.
A OIE foi criada em 1924 com o objetivo de combater as enfermidades animais. Para isso, a Organização define diretrizes, com embasamento científico, que garantam o fornecimento seguro de alimentos de origem animal. Para os países membros, como Brasil, Argentina e Chile, e suas respectivas instituições de pesquisa, a efetiva participação na entidade representa um reconhecimento por parte da OIE e, por consequência, da Organização Mundial do Comércio (OMC), que reconhece as normas elaboradas pela OIE.
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