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Sustentabilidade      
Estudo aponta prioridades de políticas públicas para preservar polinizadores em nível mundial
Iniciativa resultou na publicação de artigo divulgado na edição online da revista Science
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Fernanda Diniz, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
28/11/2016

A pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Carmen Pires é uma das autoras de artigo divulgado na sexta-feira (25/11) na edição online da revista norte-americana Science que aponta dez prioridades de políticas públicas para proteger os polinizadores em nível mundial. O artigo tem como base o estudo internacional coordenado pela Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, sigla em inglês) que reuniu especialistas de sete países – Reino Unido, Brasil, Suécia, México, Austrália, Argentina e Japão – para avaliar o declínio das populações de abelhas no mundo, e propor políticas públicas para auxiliar os governos a adotarem medidas de proteção a esse e outros animais polinizadores, que têm participação direta na produção de alimentos. A versão resumida do estudo será apresentado na 13ª reunião da COP/CDB (Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica), em Cancun, México, no período de 4 a 17 de dezembro próximo.

A avaliação do IPBES confirma a evidência de declínios em larga escala de polinizadores selvagens em partes da Europa e da América do Norte e a necessidade urgente de um monitoramento mais efetivo desses organismos em todo o mundo. O relatório deixa bem claro que os polinizadores são importantes para as pessoas em todos os lugares tanto do ponto de vista econômico quanto cultural. Os governos entendem isso e muitos já tomaram medidas substanciais para salvaguardar esses importantes animais, mas ainda há muito a ser feito. "As prioridades políticas que sugerimos ajudarão os governos a apoiar e proteger os polinizadores, como parte de um futuro sustentável e saudável ", afirma Carmen Pires.

O mundo inteiro tem assistido ao desaparecimento crescente de colônias de abelhas, especialmente da espécie mais utilizada para a polinização de plantas cultivadas, a Apis mellifera (abelha europeia), que se adapta facilmente a diferentes ecossistemas, formas de manejo e é generalista na busca de recursos. Junto com outros insetos e animais, as abelhas têm responsabilidade direta no aumento da produtividade agrícola, já que cerca de 70% das plantas utilizadas no consumo humano dependem de polinização. A dizimação em massa de populações de abelhas no mundo tem preocupado agricultores, apicultores e a população em geral. Por ser um fenômeno associado a várias causas, os cientistas têm tratado o problema como uma síndrome: o distúrbio do colapso das colônias (CCD, sigla em inglês).

Segundo a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o desaparecimento de abelhas melíferas no mundo é um somatório de diversos problemas, entre os quais destacam-se: uso de agrotóxicos; perda dos habitats naturais em decorrência dos diversos usos da terra, incluindo aumento da fronteira agrícola; patógenos e parasitas que atacam as colônias e mudanças climáticas.

Mas o problema não é só com a abelha Apis mellifera. O estudo capitaneado pelo IPBES propõe 10 diretrizes para auxiliar os governantes na elaboração de políticas públicas voltadas à preservação dos polinizadores em nível global. São elas:

1 - Aprimorar os padrões regulatórios de pesticidas.
2 - Promover o manejo integrado de pragas (MIP).
3 -Incluir efeitos indiretos e subletais na avaliação de riscos de culturas geneticamente modificadas.
4 - Regular o movimento dos polinizadores manejados entre os países.
5 -Desenvolver incentivos, tais como seguros, para incentivar os agricultores a utilizar serviços ecossistêmicos, como polinização, ao invés de agroquímicos.
6 - Reconhecer a polinização como um insumo agrícola nos serviços de extensão.
7 – Apoiar sistemas agrícolas diversificados.
8 – Conservar e restaurar os habitats de polinizadores nas paisagens agrícolas e urbanas.
9 - Desenvolver o monitoramento de polinizadores a longo prazo
10 - Financiar pesquisas participativas para intensificar o uso de práticas de agricultura orgânica, diversificada e ecologicamente correta.

Situação no Brasil: ainda não há um colapso, mas a perda de colônias de abelhas já é uma realidade
Carmen participou também de um outro estudo, publicado na PAB este ano, que reuniu pesquisadores da Embrapa - Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF) e Meio Norte (Teresina. PI) - Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) e Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios para avaliar a situação da perda de colônias de abelhas no Brasil, a partir de revisão de literatura e compilação de dados oriundos de estudos relacionados às possíveis causas de perda e enfraquecimento de colônias de Apis mellifera e também de espécies nativas.

Apesar de não confirmar a ocorrência da CCD, o estudo deixou claro que o risco é iminente porque muitos dos fatores associados ao colapso já são encontrados no País. A situação no Brasil é bastante preocupante. Em cerca de um terço do território nacional, já houve perda de grandes áreas de vegetação natural. Somado a isso, os possíveis impactos da fragmentação de habitats sobre as comunidades de abelhas não têm sido devidamente avaliados.

No Brasil, casos de enfraquecimento, declínio e colapso têm sido relatados especialmente nos estados de São Paulo e Santa Catarina, que somam grandes perdas.

De acordo com Carmen, a perda de colônias no País está associada aos mesmos problemas enfrentados em países da Europa e EUA, onde a CCD já é uma realidade comprovada.
 
Impacto econômico de uma possível CCD no Brasil
Estima-se que o valor econômico da polinização feita por insetos, principalmente abelhas, corresponde a 9,5% da produção agrícola mundial. No Brasil das 141 espécies de plantas cultivadas para uso na alimentação humana, produção animal, biodiesel e fibras, aproximadamente 60%, ou seja, 85 espécies dependem da polinização animal. Além disso, a produção de mel no Brasil movimenta mais de 300 milhões de reais. Por esses dados, é possível prever o quanto um colapso nas populações de abelhas poderia causar de prejuízos à economia nacional.
 
Brasil: falta de informações e de um sistema de monitoramento efetivo das colônias
Entre os problemas enfrentados no País hoje, destacam-se: a ausência de um sistema de monitoramento das colônias de abelhas nos apiários e no ambiente natural; o uso intensivo de agrotóxicos nas lavouras; inexistência de um cadastro amplo e organizado de apicultores e meliponiculltores, entre outros. "Sem o conhecimento efetivo de produtores e colônias no Brasil, não é possível mensurar a magnitude das perdas e nem associá-las de forma segura à CCD ou a outros colapsos. É premente a implementação de programas oficiais de levantamento sistemático de sanidade apícola associada a avaliações dos impactos de fragmentação dos habitats e das práticas agrícolas sobre as comunidades de abelhas", finaliza a pesquisadora.

O artigo da revista Science está disponível no link.

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