Inpa 30/11/2016

Purificador de água (Água Box), casa ecológica construída a partir de bambu, chapas de buriti e inajá para forros e divisórias e tijolo vegetal para construção civil e que dispensa o uso do cimento. Essas são algumas biotecnologias que serão apresentadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) no I Workshop Proamazônia. Promovido pelo Comando Militar da Amazônia (CMA) do Exército Brasileiro e por parceiros, o evento será realizado nesta quinta-feira (1º), no Centro de Convenções Vasco Vasques, anexo à Arena da Amazônia, zona Centro-Sul de Manaus.

Com o tema “Em busca de novas matrizes econômicas”, o Workshop colocará em debate sete áreas temáticas - energia, comunicações, água potável, construção, alimentos, saúde e transporte. O objetivo é levantar dados preliminares relativos às possibilidades econômicas da região amazônica para colaborar com a diversificação da economia do Estado que, atualmente, é centralizada no Polo Industrial de Manaus. Participarão das atividades pesquisadores de diversas instituições, empresas da iniciativa privada brasileira e estrangeira e governamentais.

“É importante o Inpa estar presente neste evento e apresentar seus produtos para as diversas empresas da iniciativa privada, que poderão capitanear estas ideias e tirar das bancadas dos laboratórios e transformá-las em produtos para serem utilizadas pela sociedade”, diz a nova diretora substituta e coordenadora de Ações Estratégicas do Inpa, a pesquisadora Hillandia Brandão.

De acordo com a coordenadora, o Inpa participará do Workshop como âncora nos temas: água potável e construções. “O Inpa também participará nas áreas de alimentos, saúde e transporte”, diz Brandão. “O Instituto possui também vários especialistas em madeiras e o conhecimento tecnológico que detém na área pode ser utilizado para a construção de embarcações”, completa.

Para a diretora substituta, o Inpa, como instituição âncora, tem muito a contribuir com os diversos produtos a oferecer, a exemplo do purificador de água - Água Box ou Ecolágua (nome comercial após transferência de tecnologia para a empresa QLuz Ecoenergia), que o Exército já manifestou interesse em utilizar a tecnologia (criada pelo pesquisador do Inpa, Roland Vetter) nas áreas de fronteiras. “Temos também diversos produtos na área de alimentação, como pescado e frutos”, destaca.

Na área da construção, o Inpa realizou uma série de pesquisas com diferentes materiais adequados ao clima amazônico e que ainda não receberam atenção da indústria para a sua massificação. Os tijolos vegetais são exemplos de biotecnologias que não agridem a natureza por não utilizar argila em sua composição. No lugar da argila são usados restos de casca de coco, de castanha-do-Brasil e de caroço de tucumã. O tijolo vegetal dispensa o uso de cimento, pois tem um encaixe que une as peças.

A Casa Ecológica (CasaEco) é outro exemplo de construção sustentável desenvolvida no Inpa. A casa possui uma área mínima de 42 m2, dotada de captação e utilização de águas pluviais e estação de tratamento ecológico de esgoto. Para a construção são utilizados materiais normalmente empregados na construção civil, além do bambu como componente de paineis de paredes (preenchidos com barro-bambu).

Já o purificador de água é capaz de desinfectar águas contaminadas por germes de rios, lagos e igarapés, através da radiação ultravioleta tipo C, evitando as doenças ocasionadas pela ingestão de águas sujas, como diarreia e Hepatite A. O aparelho pesa 13 quilos e é capaz de purificar até 400 litros de água por hora, utilizando energia solar e bateria. A vida útil da lâmpada ultravioleta é de 10 mil horas, o equivalente a três anos de duração. Cada aparelho tem condições de atender até 300 pessoas com água potável.

Workshop
De acordo com os organizadores do Workshop, a complementação da matriz poderia carrear uma grande quantidade de inovações, não somente em proveito dos habitantes da região, mas também, visando o mercado global, a partir de produtos e serviços de alto valor agregado.

Em março deste ano, o Governo do Estado apresentou a nova matriz econômica sustentável que contempla a interiorização das ações do governo e a utilização de recursos naturais e da biodiversidade amazônica para a geração de emprego e renda.

O I Workshop Proamazônia possibilitará às empresas do Polo Industrial de Manaus estarem lado a lado com as indústrias de Defesa do Brasil e do exterior com vistas a apresentarem soluções inovadoras que contribuam com o desenvolvimento sustentável na Amazônia.

O evento será realizado, simultaneamente, com o Seminário Internacional de Operações na Selva (Siopselva 2016), que acontecerá a partir desta quarta-feira (30) até a próxima sexta-feira (2 de dezembro), no Centro de Convenções Vasco Vasques. O Siopselva reunirá os maiores especialistas brasileiros e estrangeiros em operações militares na selva que debaterão novas ideias e soluções e compartilharão experiências.

Proamazônia
O Programa Proamazônia foi delineado em maio de 2015 e está baseado no alinhamento da Estratégia Nacional de Defesa com a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação no tocante à interseção de áreas científicas sensíveis ao desenvolvimento e à Soberania Nacional. O Proamazônia visa capacitar recursos humanos e ampliar os meios que permitam a expansão das pesquisas científicas e tecnológicas na Amazônia. Também visa prover para futuras gerações meios que possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento sustentável na Região Amazônica.