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Trigo: semeadura em solo encharcado pode favorecer o mosaico
Velha conhecida do produtor, doença depende de água livre no solo para que o vetor do vírus possa alcançar o sistema radicular das plantas
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Joseani M. Antunes, Embrapa Trigo
26/06/2017

O grande volume de chuva no começo de junho atrasou a semeadura dos cultivos de inverno no Rio Grande do Sul. O encharcamento do solo, além de dificultar a entrada das máquinas na lavoura, também aumenta o risco de incidência do mosaico comum do trigo.

O clima frio e úmido encontrado nos estados do Sul do Brasil torna o mosaico um velho conhecido do produtor, uma doença que depende de água livre no solo para que o vetor do vírus possa alcançar o sistema radicular das plantas. Geralmente, o mosaico é verificado em áreas com histórico da doença – glebas mal drenadas e com aguadouros - já que tanto o vetor quanto o vírus podem permanecer no solo por longo tempo. De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Douglas Lau, o longo período de sobrevivência do vetor do vírus no solo torna práticas como a rotação de culturas pouco eficientes: “Em experimentos de pesquisa mesmo deixando o solo em repouso por cinco anos, quando voltamos a semear cultivares suscetíveis naquela área, sob condições de ambiente favorável, o mosaico voltou a ocorrer”, conta o pesquisador da Embrapa Trigo Douglas Lau.

O encharcamento do solo associado ao clima frio, que dificulta a evaporação rápida da água, forma o ambiente perfeito para o mosaico. A previsão de chuvas, após a semeadura ter sido realizada em solo úmido, também aumenta o risco de ocorrência da doença em áreas com histórico de mosaico.

O levantamento de dados dos últimos cinco anos, registra que os maiores danos por mosaico estão associados a precipitações próximas a 200 mm no mês de semeadura. “A fase mais crítica é nos dias subsequentes à semeadura, quando a infecção precoce tem potencial de causar mais danos a planta, afetando o desenvolvimento dos tecidos em formação”, explica Douglas Lau. Os danos podem chegar a 50% de redução no rendimento de grãos em cultivares suscetíveis, comprometendo a formação das espigas em culturas como trigo e triticale.

Sintomas
Os sintomas do mosaico começam a aparecer cerca de um mês após a infecção e se expressam até o final do ciclo da planta. A principal característica da doença é a alternância entre tecidos sadios e afetados, formando listras verdes e amarelas nas folhas. Plantas de trigo também apresentam retardo no crescimento.

A distribuição de plantas doentes no campo normalmente ocorre em manchas ou reboleiras, em locais onde a drenagem do solo não é boa. Porém, em anos com ambiente mais favorável, o mosaico pode infectar toda a lavoura. A disseminação do vetor ocorre a longo prazo, por meio de máquinas que trafegam entre áreas contaminadas e áreas, até então, livres de mosaico.

Controle
Estratégias de controle químico e práticas culturais ainda precisam ser melhor exploradas para aumentar a eficiência. Atualmente, a recomendação mais segura ao produtor é o investimento em cultivares resistentes ao mosaico. A pesquisa já identificou um grande número de cultivares que respondem bem a presença do vírus. Os resultados dos experimentos com as cultivares mais plantadas ou novos lançamentos para o Rio Grande do Sul são publicados anualmente no documento “Reação de cultivares de trigo ao mosaico comum”, disponível no site da Embrapa.

Saiba mais sobre mosaico do trigo assistindo ao vídeo aqui

Rede de Pesquisa

Segundo o pesquisador Douglas Lau, algumas cultivares de trigo apresentam variações no nível de resistência ao mosaico em função do local e ano de cultivo. Ainda, em alguns casos, técnicas de adubação e tratamento de sementes mostram redução nos efeitos negativos do mosaico. Para entender melhor essa dinâmica da doença, está em desenvolvimento um projeto de pesquisa multi institucional para avaliar a variabilidade da população do vírus e as estratégias de manejo do mosaico comum do trigo no Brasil.

O projeto formou uma rede de pesquisa reunindo instituições públicas e empresas privadas, cooperativas e universidades que respondem por 90% do mercado de cultivares de trigo.

De acordo com o pesquisador da Biotrigo Genética, Paulo Kuhnem, hoje os programas de melhoramento precisam testar suas linhagens em vários locais e anos para ter uma maior confiabilidade da reação ao mosaico, o que atrasa e onera os programas de melhoramento. “Esta pesquisa, entre outros objetivos, busca fornecer informações da variabilidade da população viral e a reação de cultivares, tornando a seleção de genótipos mais eficiente”, explica o pesquisador. Segundo ele, a cooperação entre as instituições e os profissionais envolvidos no projeto vai trazer resultados técnicos e científicos que irão beneficiar toda a cadeia produtiva da cultura do trigo.

A identificação dos vírus associados ao mosaico por meio do sequenciamento do genoma está sendo realizada através da parceria entre UDESC, Biotrigo Genética e Embrapa Uva e Vinho. Os resultados dessa etapa serão utilizados nos experimentos a campo para caracterizar a população viral e a relação com a resistência de cultivares. A rede experimental também está avaliando as melhores práticas de manejo.

As pesquisas no campo estão sendo conduzidas pela Biotrigo Genética, OR Sementes, CCGL TEC, Coodetec, Fundação ABC e Embrapa Trigo. No total, serão quatro anos de pesquisa, com experimentos em nove municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. “Ao final, queremos disponibilizar indicações de práticas agropecuárias envolvendo estratégias genéticas, químicas e culturais para o adequado manejo do mosaico comum do trigo”, conclui Douglas Lau.

O trabalho conduzido pela rede de pesquisa para o manejo do mosaico comum do trigo será apresentado na XI Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, que acontece em Cascavel/PR, de 25 a 27 de julho de 2017.

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