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A terneira é a vaca do futuro. A frase parece óbvia, mas ilustra bem o que os técnicos da Epagri reforçam para os produtores de leite. Significa que os cuidados no início da vida dos animais são determinantes para os resultados na vida adulta. Terneiras criadas em um sistema adequado, com atenção ao local de criação, à nutrição e à sanidade, serão vacas mais produtivas.
A ideia é que não basta o animal ter boa genética se outros fatores não colaboram para que ele desenvolva suas qualidades. Muitos produtores deixam os filhotes juntos em galpões ou cercados, sem contato com pasto, não previnem doenças e dão excesso de ração e silagem. Como resultado, as terneiras podem apresentar problemas de crescimento, acúmulo de gordura no úbere, diarreias e até mesmo morrer.
Desde 2010, a Epagri difunde pelo Estado um sistema sustentável. Nele, cada terneira fica sozinha num piquete com estábulo próprio até completar 5 meses. A alimentação é individual e baseada em leite, ração e água. Só depois dos 5 meses é que as terneiras ficam no mesmo piquete, mas ainda com alimentação separada. Aos 12 meses, elas se juntam às outras vacas, com alimentação à base de pasto.
Mensalmente, o produtor acompanha o crescimento dos animais. Há também um calendário de vacinação e controle de doenças. O acompanhamento do parto, o fornecimento de colostro e a cura do umbigo recebem atenção especial.
Cerca da metade das 245 propriedades que são Unidades de Referência Tecnológica (URTs) da Epagri em pecuária leiteira usam esse sistema. Em todo o Estado, estima-se que 1 mil propriedades adotem a tecnologia. Em 2016, a Epagri apresentou os resultados desse trabalho a 6.216 famílias.
No campo, as práticas reduzem custos e melhoram a taxa de crescimento das terneiras, que se tornam vacas mais produtivas. O sistema ainda reduz a mortalidade, com taxas de sobrevivência superiores a 97%, e diminui a incidência de diarreias e o uso de medicamentos.
Crescimento rápido e leite mais cedo
Na propriedade da família Melz, em Itapiranga, as terneiras recebem cuidados de primeira. No fim de 2015, Ronei e Letícia adotaram o sistema da Epagri e construíram duas casinhas com piquetes individuais. “Antes, as terneiras ficavam todas juntas em um piquete rústico, sem abrigo. Tinham diarreia e tentavam mamar umas nas outras, o que provocava mastite. Elas também competiam por comida, então algumas cresciam e outras ficavam para trás. Agora cada uma fica amarrada no seu cocho e tem ração individual”, explica Ronei.
As terneiras estão virando vacas saudáveis. O desenvolvimento já mudou de ritmo. O porte que antes os animais atingiam em dois anos, agora alcançam em cerca de um ano e meio. “As vacas chegam mais cedo ao peso necessário para inseminar e, como resultado, entram em lactação antes”, diz Ronei.
A nova forma de manejo também reduziu a mão de obra. Agora, o casal tem um lugar adequado para medir, vacinar, desverminar e fazer o acompanhamento mensal dos animais. “Isso facilita bastante o trabalho, sem falar que os animais ficam mais dóceis”, comenta.
Na propriedade localizada em Linha Soledade, há 30 vacas criadas em sistema à base de pasto – 22 estão em lactação. Em 2016, a família produziu 120 mil litros de leite. Desde o início do apoio da Epagri, a produção por vaca aumentou em 2 litros por dia. São 30 piquetes, mas em breve serão 65, pois Ronei e Letícia têm planos: “A meta é ter 35 a 40 vacas em lactação e, no futuro, vender genética também”.
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