dia de campo

a
Esqueceu a senha?
Quero me cadastrar
     25/04/2024            
 
 
    
Manejo  
O potencial de uso da Terra Preta no Nordeste
Um hectare de terra preta pode chegar a ter 200 toneladas de carbono a mais do que num solo vizinho
Comente esta notícia Envie a um amigo Aponte Erros Imprimir  
Alexandre Kemenes
02/08/2011

Alguns exploradores do século XIX ficaram impressionados com a extraordinária fertilidade dos solos em algumas regiões centrais da Amazônia. O segredo era a terra preta de índio, com uma aparência que varia de marrom escura a negra, constituição fina e leve, chegando a se apresentar numa camada de até dois metros de espessura.

Os cientistas de solo, arqueologistas e antropólogos que estudaram este material durante muitos anos chegaram à conclusão que a terra preta de índio fora feita por antigas comunidades indígenas residentes locais durante centenas e até milhares de anos. Na região de Manaus existiam na época do descobrimento grandes comunidades de habitantes nativos que cobriam extensas áreas contínuas (entre 05 e 100 hectares).

Devido ao grande número de pedaços de cerâmica, em meio à terra preta, é possível que os locais fossem as cozinhas, depósitos de lixo e banheiros destas antigas moradias. Alguns destes locais podem ter mais de três mil anos e, comparando com os solos próximos, apresentam três vezes mais fósforo e nitrogênio e 10 vezes mais carbono, sendo que um hectare de terra preta pode chegar a ter 200 toneladas de carbono a mais do que num solo vizinho.

A maioria dos cientistas concorda que boa parte deste solo é o resultado de grande acúmulo de carvão vegetal e outros resíduos orgânicos. Dentro deste contexto, as cidades do Nordeste brasileiro dispõem de grande quantidade de resíduos de origem agrícola, material que hoje vem sendo descartado em aterros e lixões, os quais podem ser reaproveitados e transformados em terra preta através do processo de compostagem ou pirólise.

Entretanto, são necessários estudos científicos a fim de estimar o valor agronômico, econômico, ambiental e social do funcionamento destes mecanismos tanto nas cidades quanto em meio rural. Boa parte dos solos da região é considerada pobre e pode ser  beneficiada pelo processo de compostagem orgânica. Por este método, o resultado é a rápida decomposição do carbono que fica pouco tempo ausente da atmosfera.

Já o método do biochar (carvão biológico vegetal) é uma solução mais duradoura, pois, além de transformar o solo pobre e arenoso em fértil, mantém o carbono aprisionado, se decompondo lentamente durante centenas e até milhares de anos, ou seja, a técnica tem uma altíssima taxa de sequestro de carbono, contribuindo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e com isso auxiliar a mitigar as contribuições regionais para o processo de aquecimento global.

A temperatura do planeta vem aumentando e causando as mudanças climáticas globais que nada mais são que um reflexo do comportamento atual das pessoas consumindo muito e desperdiçando ainda mais. A humanidade deve buscar a melhor utilização dos recursos disponíveis, a fim de mitigar o processo de aquecimento global, e uma das melhores formas de reutilizar é sequestrar carbono atmosférico por meio de resíduos orgânicos agrícolas no solo.

Alguns pesquisadores estimaram que até o final deste século, se este método for aplicado mundialmente utilizando a maior parte dos resíduos descartados pelo homem, a quantidade de carbono sequestrada através da pirólise e enriquecimento do solo poderão chegar ao dobro do carbono que é emitido hoje na queima de combustíveis fósseis.

Com isso, como daqui a alguns anos teremos o uso de mais bio-combustíveis do que combustíveis fósseis, vamos sequestrar mais carbono do que emiti-lo para a atmosfera, revertendo, com isso, o atual processo de aquecimento global. No entanto, um século não seria muito tempo para realizar etapa tão importante no desenvolvimento atual de nossa sociedade e para a manutenção do meio ambiente natural e preservado?

 

Aviso Legal
Para fins comerciais e/ou profissionais, em sendo citados os devidos créditos de autoria do material e do Jornal Dia de Campo como fonte original, com remissão para o site do veículo: www.diadecampo.com.br, não há objeção à reprodução total ou parcial de nossos conteúdos em qualquer tipo de mídia. A não observância integral desses critérios, todavia, implica na violação de direitos autorais, conforme Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998, incorrendo em danos morais aos autores.
Evandro Teleginski
12/08/2011 21:32:46
Aqui na Universidade Estadual do Centro-Oeste campus Irati-PR, estß sendo realizado um experimento, usando p¾ de carvÒo com o intuito de melhorar a estrutura do solo e ajudar na retenþÒo d'ßgua. Os resultados preliminares sÒo animadores. Desta forma, a pequena propriedade rural poderia destinar uma ßrea para o plantio de eucaliptos para produzir biomassa, e parte desta madeira ser transaformada em carvÒo, depois sendo triturada para incorporar ao solo.
AssistÝ dois vÝdeos esclarecedores sobre o assunto:

www.youtube.com/watch?v=3r6iw11qnKg

www.youtube.com/watch?v=MrDCQhyDZXE

Para comentar
esta matéria
clique aqui
1 comentário

Conteúdos Relacionados à: Fertilidade
Palavras-chave

 
11/03/2019
Expodireto Cotrijal 2019
Não-Me-Toque - RS
08/04/2019
Tecnoshow Comigo 2019
Rio Verde - GO
09/04/2019
Simpósio Nacional da Agricultura Digital
Piracicaba - SP
29/04/2019
Agrishow 2019
Ribeirão Preto - SP
14/05/2019
AgroBrasília - Feira Internacional dos Cerrados
Brasília - DF
15/05/2019
Expocafé 2019
Três Pontas - MG
16/07/2019
Minas Láctea 2019
Juiz de Fora


 
 
Palavra-chave
Busca Avançada