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Algodão      
Algodão orgânico: preço três vezes maior que convencional
Não danifica o ambiente, não prejudica a saúde do consumidor e é vendido para um mercado que paga mais caro pelo produto
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Juliana Royo
12/07/2010

O algodão é uma das culturas em que mais se aplica inseticidas no mundo, porque, além de sofrer com muitas pragas, principalmente o bicudo, o algodão não é comestível. Por estes motivos, até pouco tempo não se pensava em produzir algodão orgânico, mas o nicho de mercado de consumidores que estão dispostos a pagar até três vezes mais por produtos livres de agrotóxicos é crescente e a Embrapa Algodão desenvolveu tecnologias alternativas para o manejo fitossanitário e adubação orgânica da cultura.

— Toda a cultura produzida organicamente pressupõe a não utilização de insumos químicos. Significa que você não pode utilizar inseticida para combater praga, não pode usar fungicida químico pra controlar doenças nem pode usar fertilizante químico pra adubar o solo. Você tem que utilizar substancias orgânicas, que já existem na natureza, e substâncias botânicas. É produzir de forma limpa. As estratégias alternativas permitem que a gente produza algodão orgânico de qualidade e com produtividade semelhante ao algodão convencional. O algodão orgânico vai atender um nicho de mercado que é exigente na qualidade dos produtos agrícolas. Esse segmento às vezes paga três vezes o preço da pluma, em relação à pluma tradicional, porque sabe que é um produto limpo que não vai causar alergia nas pessoas. Você pode ter a mesma produtividade do algodoeiro convencional, sem aplicar uma gota de inseticida. Vai agregar valor ao produto e vender por um preço maior, gerando renda para o agricultor familiar do Nordeste — destaca o pesquisador na área de entomologia Carlos Alberto Domingues da Silva, chefe de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Embrapa Algodão. 

Produzir algodão orgânico é um desafio, mas o preço final do produto pode fazer o esforço da produção valer a pena. Para resolver os problemas das pragas sem usar químicos, o produtor precisa atender a uma série de estratégias especiais que devem ser cumpridas e monitoradas corretamente. Uma prática muito importante é a catação dos botões florais caídos ao solo. Segundo o pesquisador, pragas como o bicudo se alimentam deste botão floral e as fêmeas depositam os ovos dentro deles, fazendo com que eles caiam no chão. Se o produtor não destruir este botão que está no solo, a larva do bicudo vai se desenvolver, virar um inseto adulto e atacar a lavoura. Outra medida relevante é a aplicação do caolim, que é um pó de rocha misturado com água. Quando o produtor pulverizar o caolim sobre a plantação elas vão ficar tingidas de branco, confundindo o bicudo, já que a planta do algodão é verde. Dessa forma, Silva explica que o controle da praga é feito pela não preferência do inseto. Além disso, o caolim deixa a superfície da planta escorregadia, não permitindo que o bicudo se equilibre e confundindo o inseto.

— No caso do controle de pragas, nós adotamos o chamado manejo ecológico. O produtor deve utilizar o espaçamento correto da cultura do algodão que é de 80 centímetros entre linhas com 12 a 10 plantas por metro linear. Você tem uma densidade de plantas com controle fitossanitário, com o controle biológico. Se você fechar muito as plantas você impede que a calda do inseticida chegue até a praga e se você abrir muito perde em produtividade. Outra prática importante é o plantio na mesma época de agricultores vizinhos, tem que respeitar o calendário. Na região do Semiárido como temos um problema de déficit hídrico, problema de falta de água, o calendário já é naturalmente obedecido na época das chuvas. Da mesma forma se adapta a adubação, que na produção de algodão orgânico é feita com a utilização de esterco bovino e esterco de curral, que são matérias orgânicas para fertilizar o solo — explica.

A rotação de cultura também é uma prática importante na produção do algodão orgânico, mas o problema é que o produtor precisa escolher culturas que também tenham tecnologias orgânicas desenvolvidas e o leque de opções não é muito grande. De nada adianta plantar milho, soja ou frutas na rotação utilizando químicos. Se o produtor escolher o milho para rotacionar com o algodão, precisa ser um milho orgânico. O desafio do agricultor é escolher uma cultura que seja rentável, adaptada à região e que possa ser cultivada organicamente também.

— Na região do Semiárido, além destas práticas que já foram mencionadas, é possível também se realizar o controle climático. A gente se aproveita da natureza para exercer o controle de pragas. A temperatura do solo chega a mais de 50º, então, quando o botão do algodão atacado pelo bicudo cai ao solo, na região semiárida, ele perde água e dentro dele a larva do bicudo morre também pela alta temperatura do solo. É um controle realizado pela natureza, pela ação do clima — diz o pesquisador da Embrapa Algodão, que foi um dos palestrantes do Dia de Campo de Algodão Orgânico, no dia 9 de julho, no município de Itaporanga, na Paraíba.

Clique aqui, ouça a íntegra da entrevista concedida com exclusividade ao Jornal Dia de Campo e saiba mais detalhes da tecnologia.
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