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A Integração Lavoura Pecuária (ILP) já é uma prática bastante adotada por diversos produtores rurais e pode trazer inúmeros benefícios, tanto para o produtor como para o meio ambiente. Um deles é a redução de custos, o que traz maior lucratividade. Para falar um pouco mais sobre a atividade, o Portal Dia de Campo conversou com Ake Van Der Vinne, produtor rural de Maracaju (MS) e um dos pioneiros em Integração Lavoura Pecuária para gado de corte. A entrevista exclusiva com o produtor pode ser coferida a seguir.
Portal Dia de Campo – Eu gostaria que o senhor começasse falando sobre a sua experiência com a ILP. Como foi o início quando o senhor adotou a técnica?
Van Der Vinne – Eu comecei em 1989. O início foi bem difícil, pois ninguém tinha experiência e não existiam dados. Tivemos que descobrir qual era o caminho certo.
Portal Dia de Campo – Por que o senhor decidiu optar por essa técnica que, na época, era bastante nova?
Van Der Vinne – Porque eu estava trabalhando com a agricultura e a pecuária. Percebi, então, que existiam problemas na pecuária que a lavoura poderia resolver e na lavoura que a pecuária poderia resolver.
Portal Dia de Campo – Quais foram os principais desafios que o senhor encontrou assim que começou a ILP?
Van Der Vinne – A maior dificuldade foi realizar o plantio direto em cima da pastagem, pois naquele tempo o plantio direto ainda não estava muito avançado. Nos primeiros três anos, muita coisa deu errada. Mas, com o tempo, fui descobrindo o que fazer para que, no fim, tudo desse certo.
Portal Dia de Campo – Quais foram os principais benefícios que o senhor encontrou quando adotou, de fato, a ILP para corte?
Van Der Vinne – Na pecuária, ocorre o melhoramento dos pastos, ficando mais produtivos. Não é preciso realizar qualquer tipo de adubação podendo ainda produzir 20 arrobas por hectare ao ano quase sem custo. Já na agricultura, ocorre o melhoramento do solo.
Portal Dia de Campo – O tipo de integração que o senhor faz usa sempre a soja?
Van Der Vinne – Cultivo sempre a soja e o milho safrinha.
Portal Dia de Campo – Como o senhor faz a rotação entre soja, milho safrinha e pasto?
Van Der Vinne – Costumo plantar a soja por dois anos seguidos. Depois, entro com o milho safrinha. Depois disso, planto a soja novamente. Após a colheita da soja, entro com a pastagem, que durará um ano e meio. No verão, 2/3 da minha área correspondem à soja e 1/3 à pastagem. No inverno, ocorre o contrário.
Portal Dia de Campo – Qual a produtividade da sua lavoura de soja, em média?
Van Der Vinne – Nos últimos cinco anos, a média gira em torno de até 67 sacos por hectare, antes era de 20 a 30 arrobas por hectare.
Portal Dia de Campo – Alguns produtores não conseguem entender a lucratividade que a ILP pode trazer. Qual a sua experiência em relação à lucratividade?
Van Der Vinne – Em certos pontos, a ILP aumenta o lucro. Mas acho, principalmente, que na pecuária aumenta-se a produção devido ao fato de produzir-se em uma área pequena. Sem dúvida, a ILP proporciona um lucro seguro porque o produtor passa a exercer duas atividades, uma em benefício da outra.
Portal Dia de Campo – Que dicas em relação à rotina da fazenda com a ILP o senhor dá aos outros produtores do Brasil?
Van Der Vinne – O agricultor que tem vontade de mexer com pecuária, deve seguir em frente, pois a atividade vale a pena. O pecuarista que quer entrar com a lavoura também. O mais importante é gostar da pecuária e da lavoura. O pecuarista que vai entrar na agricultura só precisa tomar alguns cuidados, pois a agricultura é diferente da pecuária. Primeiro, é preciso investir para depois tirar. Além disso, nada deve ser deixado para depois, como é costume de alguns pecuaristas.
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