dia de campo

a
Esqueceu a senha?
Quero me cadastrar
     25/04/2024            
 
 
    

Muitos agricultores e técnicos, ao observarem plantas de soja com problemas após a emergência, logo pensam em doenças como possíveis causas. Porém, alguns dos sintomas causados por herbicidas, por insetos e mesmo por estresses fisiológicos podem ser confundidos com danos causados por doenças, levando a erros de diagnóstico e, consequentemente, de manejo.

No Sul do Brasil, a principal doença, na fase inicial de desenvolvimento de soja, é o tombamento de plântulas causado por fitóftora. No início desta safra 2013/2014, foram registrados danos por fitóftora em lavouras do município de São Luiz Gonzaga, no Rio Grande do Sul, após chuvas na emergência. As plântulas afetadas emergem normalmente e, após alguns dias, apresentam menor porte, as folhas murcham e as plantas morrem. Todo o sistema radicular apodrece e se rompe com facilidade quando as plantas são arrancadas do solo. Em alguns casos, apenas a extremidade da raiz principal morre e a planta, para compensar, desenvolve raízes secundárias mais superficiais, o que faz com que a planta torne-se menos vigorosa e mais sensível a períodos de estiagem. O principal dano, nesta fase, é a necessidade de replantar grandes áreas.

As condições mais favoráveis para o aparecimento deste problema são chuvas no período de emergência (ou aplicação de irrigação artificial neste período); cultivares de soja sem resistência à fitóftora; solo pesado e compactado; e temperaturas altas, entre 25 °C e 30 °C no sulco de semeadura. Na maior parte do Brasil, o uso de cultivares de soja com resistência a esta doença resolve o problema. Também a drenagem e a descompactação do solo podem auxiliar no controle. Outros métodos, como rotação de culturas e tratamento químico da semente ou da parte aérea, não apresentam sucesso.

Os herbicidas são, em sua maioria, seguros para soja, mas aplicações mal realizadas podem resultar em injúrias. As causas diagnosticadas para problemas mais comuns são diversas, sendo as principais: presença no solo de resíduo de herbicidas aplicados no inverno (como o metsulfurom-metil para controlar buva); associações de produtos como inseticidas, fungicidas e micronutrientes no tratamento de sementes; e mistura de herbicidas, fungicidas, inseticidas, fertilizantes e adjuvantes em aplicações pós-emergentes da soja. Os sintomas variam entre forte inibição de germinação; supressão de crescimento; trifólios amarelados, lanceolados e/ou encarquilhados; meristemas amarelados ou mortos; brotações laterais; e, em casos mais severos, morte de plantas. O uso de mistura de agrotóxicos, para aplicação em sementes ou no tanque do pulverizador, é usado na tentativa de reduzir o número de entradas nas lavouras, mas as reações químicas que podem ocorrer quando se misturam esses compostos são, de certa forma, imprevisíveis e por isso, não se recomenda misturar esses produtos.

Quanto aos insetos, grande parte das ocorrências está associada a condições de estresses. Os sintomas mais comuns são desfolhamento, murcha e morte de plântulas ao acaso, resultando em falhas de estande de plantas. Besouros desfolhadores são comuns no início do desenvolvimento, mas as plantas de soja normalmente toleram estes danos e raramente são necessárias intervenções com inseticidas. Em períodos de deficiência hídrica, frequentemente observam-se plantas mortas por lagarta-elasmo, com sintomas muito parecidos com a morte por fitóftora. Já o tamanduá-da-soja pode afetar plântulas ao acaso, se a soja for cultivada em área infestada na safra anterior, enquanto que em área com rotação de culturas, o ataque inicial irá concentrar-se nas plantas da bordadura. Normalmente, a ocorrência destas pragas dá-se em baixos níveis populacionais. Porém, quando ocorrem altas populações, além do tratamento de sementes, pode ser necessária a aplicação de inseticidas em pulverização. O mais importante é o monitoramento frequente da lavoura para verificar a quantidade e o tipo de insetos pragas presentes na área e, só então, com base no tamanho da população, tomar a decisão mais adequada.

Para a Helicoverpa armigera, inseto recentemente observado no Rio Grande do Sul, o monitoramento é fundamental para evitar danos elevados na cultura. Na fase inicial da soja, o monitoramento deve ser feito planta a planta, observando-se as brotações novas, pois é neste local que as larvas geralmente estão localizadas. O nível de ação recomendado para controle, no estádio vegetativo, é de 4 lagartas menores que 1,5 cm por metro linear, em média. Atingido este número, recomenda-se usar inseticidas de maior seletividade a inimigos naturais como, por exemplo, os reguladores de crescimento.

Finalmente, os problemas iniciais da cultura de soja podem estar relacionados a doenças, a herbicidas e a insetos. Técnicos e produtores devem sempre considerar o herbicida usado, as misturas aplicadas nas sementes, a presença de insetos e as condições climáticas predominantes, além da resistência da cultivar a doenças. Esses dados são decisivos para a correta diagnose e para a solução de muitos problemas que ocorrem na fase inicial de desenvolvimento de plantas de soja.

Aviso Legal
Para fins comerciais e/ou profissionais, em sendo citados os devidos créditos de autoria do material e do Jornal Dia de Campo como fonte original, com remissão para o site do veículo: www.diadecampo.com.br, não há objeção à reprodução total ou parcial de nossos conteúdos em qualquer tipo de mídia. A não observância integral desses critérios, todavia, implica na violação de direitos autorais, conforme Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998, incorrendo em danos morais aos autores.
Ainda não existem comentários para esta matéria.
Para comentar
esta matéria
clique aqui
sem comentários
Anater revitaliza serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural no país
Nova agência nasce para efetivar a parceria entre pesquisa, assistência técnica e extensão rural
Alface com maior teor de ácido fólico
Embrapa desenvolve materiais geneticamente modificados que produzem mais das moléculas que dão origem ao ácido fólico
Adubação nitrogenada na soja é desnecessária
Pesquisa conduzida pela Embrapa comprova que soja não precisa da aplicação de adubos nitrogenados seja na semeadura ou no desenvolvimento
Colhedora adaptada de girassol tem maior velocidade
Produtores devem criar suporte entre 50 e 60cm de altura na plataforma de milho usando telinha ou saco de adubo
Manejo correto de inseticida evita custo excessivo
Identificação de espécie da praga e realização de amostragens são métodos indicados para combate na sojicultura
A agricultura irrigada e as demandas atuais da sociedade
A incorporação de conceitos atuais como #quot#irrigação deficiente#quot#, #quot#efeitos compensatórios de déficits hídricos#quot# e #quot#inclusão da eficiência de uso de água na avaliação da irrigação#quot#, decisivos para assegurar a sustentabilidade da agricultura irrigada, ainda não consegue sensibilizar muitos técnicos
Adubação foliar de enxofre: uma aliada para o agricultor
Alguns dos fatores que contribuem para a deficiência do enxofre no solo são o uso contínuo de fórmulas com baixo teor ou ausência do nutriente, a alta produtividade de culturas que exportam o elemento pelos grãos e regiões de plantio convencional sem presença da palha na superfície
Problemas iniciais em soja
Alguns dos sintomas causados por herbicidas, por insetos e mesmo por estresses fisiológicos podem ser confundidos com danos causados por doenças, levando a erros de diagnóstico e, consequentemente, de manejo
Biblioteca da Embrapa: uma rica fonte de pesquisa disponível aos amazonenses
Atualmente, acervo conta com mais de 24 mil peças bibliográficas em diferentes suportes: livros, folhetos, teses, separatas, periódicos, CDs, DVDs e mapas
Comercialização de café: administrando riscos através do mercado futuro
É importante entender que a colheita é o fruto do que foi feito durante toda a implantação e manutenção do cafezal, e que um bom manejo resulta em uma lavoura mais produtiva e na produção de grãos de qualidade. Mas, não adianta produzir bem sem vender bem
Como o marketing e a comunicação pode ajudar na educação do produtor?
A parceria da mídia também será essencial e, junto com ela, o grande desafio de alistar as mídias sociais nessa guerra pela educação e capacitação para a sustentabilidade
O momento da automação agropecuária
Cada vez se torna mais premente viabilizar a automação em maior escala em função da contínua redução de mão de obra para atuar em diferentes atividades no campo, um cenário comum nos países desenvolvidos e que avança rapidamente no Brasil
Milho safrinha é opção para suplementar alimentação do rebanho
Segundo pesquisador, milho produz a melhor silagem para o gado porque o grão tem qualidade superior, melhor digestibilidade e maior valor nutritivo
Meliponicultura: rainhas in vitro podem alavancar atividade
Pesquisadores desenvolvem nova técnica que permite criação de abelhas sem ferrão em massa
Ferrugem da soja: rápida disseminação preocupa
Mesmo só tendo sido detectada mais tarde, doença vem se alastrando rapidamente
Broca-do-fruto faz produtores abandonarem plantios de cupuaçu
Pesquisa busca soluções para a praga, que é mais grave nos estados do AM e RO onde os plantios estão sendo abandonados devido à alta incidência. PA e AP também já relatam presença da praga

Conteúdos Relacionados à: Manejo
Palavras-chave

 
11/03/2019
Expodireto Cotrijal 2019
Não-Me-Toque - RS
08/04/2019
Tecnoshow Comigo 2019
Rio Verde - GO
09/04/2019
Simpósio Nacional da Agricultura Digital
Piracicaba - SP
29/04/2019
Agrishow 2019
Ribeirão Preto - SP
14/05/2019
AgroBrasília - Feira Internacional dos Cerrados
Brasília - DF
15/05/2019
Expocafé 2019
Três Pontas - MG
16/07/2019
Minas Láctea 2019
Juiz de Fora


 
 
Palavra-chave
Busca Avançada