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Kamila Pitombeira
13/07/2011
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Com o crescimento da utilização do etanol no mercado, a produção de cana-de-açúcar está em alta e os preços variam de acordo com os períodos de safra e entre safra. É nesse contexto que entra o plantio de sorgo sacarino, que produz etanol a partir da mesma levedura que a cana e é plantado justamente na fase de entressafra. Segundo Rafael Parrella, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, o sorgo pode chegar ao mercado para reforçar a produção de etanol, reduzindo problemas de falta de produto e oscilação de preço. Além disso, a planta apresenta algumas vantagens que vêm qualificando a cultura como uma matéria-prima bastante promissora para a produção de etanol.

— Entre essas qualidades, está o ciclo curto de apenas 4 meses. Além disso, ela utiliza os mesmos equipamentos utilizados pela cana-de-açúcar na colheita e o mesmo processamento na indústria. Isso representa uma vantagem porque, nas usinas, ele poderia ser utilizado como alternativa para a produção de etanol na entre safra — afirma o pesquisador.
Além disso, ele diz que a cultura do sorgo sacarino é bastante rústica e apresenta boa tolerância durante a seca, além de exigir poucos nutrientes. Já a produtividade varia em torno de 100 toneladas de massa verde por hectare. Em relação ao etanol, a produtividade está avaliada em torno de 3.500l por hectare em apenas 4 meses, o grande diferencial desse tipo de produção, já que a cana produz 7.000l em 12 meses.
— Quanto ao processamento, apesar de ser igual, o do sorgo apresenta vantagens em relação ao da cana-de-açúcar. Isso porque a mesma colhedora de cana pode ser utilizada para colher o sorgo. Mas ele também pode ser colhido com colheitadeiras de biomassa e de forragem, que são bem mais baratas — explica Parrella.
De acordo com ele, as principais regiões produtoras do sorgo sacarino no Brasil ainda são áreas experimentais. Ele diz que, segundo dados obtidos na última safra, as maiores regiões produtoras foram principalmente a Sudeste e um pedaço do Estado de Goiás. Já em Minas Gerais, os trabalhos de produção são realizados pela própria Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
— A qualidade do etanol do sorgo sacarino é bem equivalente a da cana. Na verdade, o que muda nesse processo é a matéria-prima e não a levedura que produz o etanol. O que estamos mudando é o alimento da levedura — explica o pesquisador.
Já em relação a doenças, ele conta que existem algumas que ocorrem na produção de sorgo sacarino. Mas afirma que essas doenças são comuns no Brasil e não inviabilizam a cultura. Entre elas, está a antracnose, a ferrugem e a diatraea.
— Mas, no trabalho de melhoramento, procuramos selecionar materiais resistentes que não precisem de aplicações de fungicidas e agrotóxicos — diz.
A colheita de sorgo sacarino se inicia quando a planta encontra-se em maturação. Segundo Parrella, nesse período, que acontece após o florescimento, em média 100 dias, o caule possui açúcares acumulados. Na colheita, serão utilizadas colhedoras comuns ou de cana.
— A colheita de sorgo sacarino tem uma vantagem, pois ele é mais fácil de cortar do que a cana. Por isso, seu rendimento é maior — garante.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Milho e Sorgo através do número (31) 3027-1100.

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