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O pioneirismo do cultivo de canola no cerrado brasileiro, coordenado pela Embrapa Trigo, acumula resultados impressionantes em Goiás, Mato Grosso do Sul e até mesmo na Paraíba. A implantação de híbridos modernos em condições de pelo menos 600 metros de altitude e determinado nível de precipitação tem garantido o desenvolvimento satisfatório da cultura, própria para os climas frios e temperados da América do Norte e Europa.
Responsável pelo projeto, o pesquisador Gilberto Tomm, ressalta que o plantio de sucessão da espécie pode proporcionar grandes benefícios econômicos aos produtores regionais de milho e soja.
— Além de não atrapalhar a época de semeadura das grandes culturas, a oleaginosa, da família das crucíferas, não é hospedeira de fungos prejudiciais a leguminosas e gramíneas. Sendo assim, a alternativa auxilia a redução das doenças, abreviando também a aplicação de fungicidas — explica.
O grão de canola contém até 38% de óleo de alta qualidade para o consumo humano e na Europa é o mais empregado para produção de biodiesel. Ainda sem grandes ajustes tecnológicos, os estudos já demonstram que o potencial de rendimento da canola como segunda safra na região é semelhante ao do Rio Grande do Sul, em torno de dois mil quilos por hectare.
— Isso demonstra que o Brasil não precisa derrubar árvores ou converter áreas de pastagem para produção de grãos. Há uma enorme extensão de terra, onde podemos produzir canola com rendimentos competitivos e economicamente viáveis, empregando as mesmas máquinas semeadoras e colheitadeiras, os mesmos trabalhadores e a infraestrutura de armazenagem, que ficam ociosos fora do período de verão — ressalta ele.
De acordo com Tomm, a cobertura do solo também impede a infestação de ervas daninhas e proporciona maior fertilidade. Com a prática, as colheitas dos milharais apresentam menores índices de toxinas, aumentando a qualidade do produto, bem como, seu potencial de comercialização. Já os trigais chegam a ganhar de quatro a dez sacas a mais por hectare.
— Futuramente, quando a expansão produtiva da canola permitir a exportação de biodiesel, é importante que o produto atenda às especificações europeias, já que o biocombustível produzido a partir do óleo de soja provavelmente enfrentará alguns entraves quanto às exigências estrangeiras — diz.
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