dia de campo

a
Esqueceu a senha?
Quero me cadastrar
     13/12/2024            
 
 
    
Agricultura Orgânica        
Adubação organomineral reduz aplicações de nutrientes em 40%
Fertilizante proveniente da mistura de composto orgânico e fontes minerais mantém a mesma produtividade dos adubos comerciais
Ouça a entrevista Comente esta notícia Envie a um amigo Aponte Erros Imprimir Ficha
Juliana Royo
31/05/2010

A adubação organomineral é uma mistura de compostos orgânicos com a complementação de fontes minerais. Pela alta quantidade de matéria orgânica e minerais, as perdas dos nutrientes como nitrogênio, potássio, fósforo ou ureia são praticamente reduzidas a zero. Com o maior aproveitamento do adubo no solo, o organomineral faz com que o produtor possa usar de 35% a 40% menos das fontes de nutrientes, o que representa uma redução significativa dos gastos do produtor. Além da economia imediata, o agricultor pode gastar ainda menos a longo prazo. Isso acontece porque o adubo organomineral devolve vida ao solo e incentiva a proliferação de microorganismos e reestrutura o solo, que vai absorvendo melhor os nutrientes aplicados. Com isso, após quatro anos de uso do adubo organomineral é possível aplicar até metade da quantidade que estava sendo utilizada inicialmente.

— O adubo organomineral é um fertilizante produzido em duas fases. Na primeira etapa, é obtido um composto orgânico e, para se obter isso, o resíduo orgânico é decomposto. Depois vem a segunda etapa, que é o balanceamento, feito de acordo com a cultura em função da sua exigência e do que o solo pode fornecer. Os custos são consideravelmente reduzidos sem diminuir produtividade. Muito pelo contrário, percebemos que, de um ano para o outro, o solo exigia menos adubação porque ele desenvolveu uma vida. O solo deixou de ser estéril e passou a ser um solo com microorganismos, com matéria orgânica e boa estruturação — explica Jeferson Antônio de Souza, pesquisador na área de solos e nutrição de plantas da Epamig  (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais).

A vantagem econômica é perceptível em qualquer época, mas é ainda maior em épocas de crise financeira, como aconteceu em 2008. Segundo o pesquisador, a ureia que hoje custa cerca de R$ 800 a tonelada chegou a quase R$ 1.900 há dois anos, assim como o cloreto de potássio. Com o preço dos nutrientes nas alturas, o produtor que utilizava o adubo organomineral economizava quase 50% com a adubação sem prejudicar a produtividade.

— Para o café, se for recomendada uma tonelada por hectare de um adubo 20,0520 nós vamos balancear esse organomineral para fornecer quantidades equivalentes de NPK ao 20,0520 com a mesma 1 tonelada. Só que como ele tem características orgânicas e minerais as perdas que normalmente ocorrem com nitrogênio, fósforo e potássio são reduzidas quase a zero. Isso possibilita a gente fazer uma redução de 35% a 40% dessas fontes. Enquanto eu sou obrigado a fornecer 1 tonelada de 20,0520 por hectare para o café eu posso fornecer o equivalente a 650 quilos de adubo organomineral. Essa redução de 40% nas fontes vale para qualquer cultura seja café, milho, soja, cana, feijão. Mas o produtor espera o preço subir para ficar preocupado. Eu acho que o produtor devia se preocupar hoje porque seria até uma maneira dele brecar essa alta no preço dos nutrientes — alerta.

Além do benefício financeiro com a redução de gastos, e o benefício físico e biológico do solo, com o maior aporte de nutrientes e matéria orgânica, a adubação organomineral também tem uma vantagem ambiental. Este adubo é produzido a partir de resíduos orgânicos como restos de culturas e subprodutos da indústria. Esse material seria descartado virando lixo e poluindo o meio ambiente. Ao invés de ficar exposto e virarem poluentes eles são transformados em fertilizantes, acabando com um passivo ambiental. Com isso, o produtor até pode gerar crédito de carbono, um mercado que está se iniciando mundialmente e ainda é pouco conhecido no Brasil, mas que tem um futuro muito promissor e pode elevar ainda mais a renda do produtor que investir em agricultura orgânica.

— Se for olhar pelo lado do produtor a principal vantagem é a econômica, ele vai tirar menos dinheiro do bolso e todo mundo sabe que um produto orgânico pode ser vendido mais caro porque tem um valor agregado. Se eu pensar como pesquisador e agrônomo, as vantagens são as características físicas, químicas e biológicas do solo que são melhoradas com a adubação organomineral. Do ponto de vista do consumidor, ele vai perceber que o produto cultivado é de melhor qualidade. Você ainda tem a despoluição ambiental e pode gerar, inclusive, crédito de carbono — analisa Souza.

O adubo organomineral é viável tanto para os pequenos e médios quanto para os grandes produtores e empresários rurais. A base do adubo é a compostagem de matéria orgânica que é a mistura de sobras da atividade agropecuária como bagaço de cana, palha de café, palha de milho, restos de horta agrícola, serragem e cama de frango. Essa matéria-prima é misturada à fontes minerais e fica pronta para ser aplicada diretamente no solo. Um grande problema enfrentado pelos produtores antes era que essa compostagem levava muito tempo para ser feita, cerca de 3 meses. No entanto, novas tecnologias foram desenvolvidas e já é possível obter o adubo organomineral em apenas 10 dias, facilitando o uso em larga escala.

— Nós trabalhamos com um acelerador de decomposição que proporciona em cerca de 10 dias ele consiga fazer o composto dele. Ele não precisa ficar 3 meses revolvendo aquela matéria orgânica. Ele pode fazer inclusive essa experiência própria no café ao invés de 4 adubações entre outubro e março, como é feito normalmente, a gente faz apenas uma adubação com organomineral com dose total no final de setembro, antes da chuva. Esse adubo jogado debaixo da saia do café, ficando livre de raios solares e lavagem pela chuva aguenta 60 dias na sombra da saia do café e logo que dá a primeira chuva desce aquele sumo que desce para as raízes da planta e em 15 dias a gente já a vê a coloração das folhas do café mudando. Existem muitas tecnologias alternativas é só uma questão de correr atrás — ressalta o pesquisador da Epamig.

Clique aqui, ouça a íntegra da entrevista concedida com exclusividade ao Jornal Dia de Campo e saiba mais detalhes da tecnologia.
Aviso Legal
Para fins comerciais e/ou profissionais, em sendo citados os devidos créditos de autoria do material e do Jornal Dia de Campo como fonte original, com remissão para o site do veículo: www.diadecampo.com.br, não há objeção à reprodução total ou parcial de nossos conteúdos em qualquer tipo de mídia. A não observância integral desses critérios, todavia, implica na violação de direitos autorais, conforme Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998, incorrendo em danos morais aos autores.
Amauri dos Santos Pinheiro
21/08/2010 - 11:49
Excelente a matÚria, tanto resÝduo orgÔnico sendo jogado fora e o nosso PaÝs gastando Bilh§es de Reais na importaþÒo de adubos. Os produtores rurais do Brasil precisam saber disso. Nossos dirigentes nas esferas Federal, Estadual e Municipal tambÚm precisam saber disso.

Wilson Costa Pilé
13/05/2015 - 13:53
Wilson Costa Pilé
Maringá-PR
13/05/15 - 13:45
Excelente matéria, eu vendo organomineral, é incrível os resultados que os produtores aqui na nossa região tem obtido, principalmente no que diz respeito a custos e benefícios.
Obrigado Doutor Jeferson Antônio de Souza da EPAMIG, por seus esclarecimentos e enriquecimento do meu próprio conhecimento do produto .

Celso corizoli
05/12/2018 - 21:12
Gostaria de saber mais sobre organomineral só que pretendo fazer Lee com húmus nas fórmulas equivalente ao 20_05_20 mais microe

Para comentar
esta matéria
clique aqui
3 comentários

Conteúdos Relacionados à: Adubação
Palavras-chave

 
11/03/2019
Expodireto Cotrijal 2019
Não-Me-Toque - RS
08/04/2019
Tecnoshow Comigo 2019
Rio Verde - GO
09/04/2019
Simpósio Nacional da Agricultura Digital
Piracicaba - SP
29/04/2019
Agrishow 2019
Ribeirão Preto - SP
14/05/2019
AgroBrasília - Feira Internacional dos Cerrados
Brasília - DF
15/05/2019
Expocafé 2019
Três Pontas - MG
16/07/2019
Minas Láctea 2019
Juiz de Fora


 
 
Palavra-chave
Busca Avançada