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Saúde do Solo e Sustentabilidade    
Reinoculação e adubação nitrogenada na soja: dois temas recorrentes
Manejo mais adequado evita uso desnecessário de fertilizantes e reduz custo de produção da soja
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Iêda de Carvalho Mendes, Mariangela Hungria, Fábio Martins Mercante e Fabio Bueno dos Reis-Junior
09/04/2012

 

No último artigo falamos sobre a importância da fixação biológica do nitrogênio (FBN) na cultura da soja para a qualidade do solo, para o bolso do agricultor e para o Brasil. Hoje vamos falar de dois assuntos que são temas recorrentes no dia a dia de quem planta e inocula a soja: Reinoculação e necessidade de adubação nitrogenada.

Reinoculação é o termo utilizado para descrever a inoculação da soja em áreas que já foram inoculadas anteriormente. Os cultivos sucessivos de soja, em uma mesma área, promovem o estabelecimento no solo de estirpes de bradirrizóbio, que podem interferir na resposta da soja à inoculação com as estirpes mais eficientes utilizadas no inoculante. Em vários países do mundo, a inoculação de sementes de leguminosas em solos com populações estabelecidas não apresenta resultados satisfatórios em termos de aumento de rendimento de grãos. Entretanto, esse não é o caso do Brasil, que por possuir um programa eficiente de seleção de estirpes de bradirrizóbio para a soja permitiu o lançamento de estirpes capazes de aumentar o rendimento dessa cultura mesmo em áreas com populações estabelecidas dessa bactéria. Em 31 experimentos conduzidos pela Embrapa Cerrados, Embrapa Soja e Embrapa Agropecuária Oeste foram observados ganhos de produtividade com a reinoculação (em relação ao tratamento não inoculado) da ordem de 4,8; 4,5 e 9,1%, respectivamente. Contudo, em alguns experimentos, foram constatados incrementos de até 25% no rendimento nos grãos demonstrando o papel fundamental desempenhado pelas  bactérias fixadoras de  nitrogênio e a importância da reinoculaçâo anual.

Com relação á necessidade do uso de adubos nitrogenados no cultivo da soja, desde o início da expansão dessa cultura  nas áreas de primeiro cultivo de cerrado, na década de 1970, houve o temor, por parte dos agricultores, de que somente a inoculação não fosse suficiente para suprir todo o nitrogênio necessário para se alcançar boas produtividades. Várias pesquisas realizadas na década de 80  demonstraram que, utilizando-se um inoculante de boa qualidade, a prática da adubação nitrogenada na semeadura da soja era totalmente desnecessária. Mais recentemente, experimentos conduzidos entre 1998 e 2000, obtiveram resultados semelhantes confirmando que não há a necessidade da utilização de doses de “arranque” de adubo nitrogenado na semeadura, visando superar possíveis problemas relacionados a imobilização do N mineral do solo e/ou à competição inicial com ervas daninhas, tanto em áreas de plantio direto quanto de plantio convencional da soja.

Mesmo assim, o avanço do plantio direto na Região do Cerrado, o lançamento de cultivares com teto elevado de produtividade e resultados de pesquisa obtidos nos Estados Unidos evidenciando resposta da soja inoculada à aplicação tardia de nitrogênio no pré-florescimento e no início do enchimento de grãos voltaram a gerar dúvidas sobre a necessidade de adubar a soja brasileira com fertilizantes nitrogenados. Uma vez que a divulgação desse tipo de informação poderia acarretar prejuízos para a fixação biológica na soja, nas últimas dez safras agrícolas, foram conduzidos 15 experimentos na Embrapa Cerrados para avaliar essas informações de forma sistematizada. Independentemente da siginifcânica estatística a aplicação de nitrato de amônio e sulfato de amônio, nas fases de pré-florescimento e enchimento de grãos, promoveu incrementos no rendimento da cultura, que variaram de 1,0 a 4,3 sacas de soja a mais por hectare. Entretanto, ao se considerar os custos do adubo nitrogenado e o preço da saca de soja observa-se que, mesmo na melhor das hipóteses, um ganho de 4 sacas de soja por hectare, não proporcionaria lucro para os produtores, já que o custo de produção com o uso do adubo (em dezembro de 2010 da ordem de R$222,00) supera a receita referente ao acréscimo de produção (R$160,00, assumindo o saco de soja a R$40,00). Um detalhe importante, é que nesses cálculos não foram incluídos os preços do transporte do adubo e de sua aplicação, o que os tornaria ainda mais desfavoráveis.

Além de enfatizarem a importância da reinoculação anual da soja, todos esses resultados de pesquisa, conduzidos em vários locais do País, por vários anos, reforçam os benefícios econômicos que resultam da substituição dos fertilizantes nitrogenados pela inoculação com rizóbio e indicam que não existe razão para a utilização desses insumos em nenhum estágio do cultivo da soja.

A divulgação desses resultados contribui para que um manejo mais adequado seja utilizado pelos produtores, evitando não só prejuízos para a FBN, mas também o uso desnecessário de fertilizantes nitrogenados, com significativos aumentos no custo de produção da soja. Para se ter uma idéia do que isso representa, em dezembro de 2010, o uso de apenas 20 kg de N/ha, na forma de uréia (equivalente a 42 kg desse adubo), na soja cultivada no Brasil resultaria em um custo adicional de cerca de R$ 55,00/ha, totalizando 1,2 bilhões de reais nos 23,6 milhões de ha cultivados com soja.  Viva a FBN e a inoculação da soja!!

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Gustavo Hollmann
13/12/2010 - 12:55
Concordo plenamente com a pesquisa,de que Ú invißvel a adubaþÒo nitrogenada tanto no plantio como p¾s-plantio, seja no olhar financeiro como no aproveitamento do N mineral pela soja.

Lucio Pereira Santos
13/12/2010 - 14:42
O trabalho de Tese de Doutorado, desenvolvido por mim em 1.999, na UFV, demonstrou claramente que a soja inoculada com uma mistura de duas estirpes de Bradyrhizobium japonicum: 5080 (CPAC 7) e 5079 (CPAC 15), na proporþÒo 1:1, com uma concentraþÒo acima de 10 milh§es de cÚlulas vißveis por grama de inoculante, na base de 25 g/kg de sementes, teve melhor desempenho na ausÛncia do N mineral.Os tratamentos todos foram inoculados da mesma forma e os fatores em estudo foram MolibdÛnio via foliar; molibdÛnio via sementes, ambos associados ou nÒo ao nitrogÛnio mineral em cobertura. De um modo geral, a inoculaþÒo, associada ao MolibdÛnio (via foliar principalmente), teve melhor desempenho do que o uso do N mineral, sozinho ou associado ao MolibdÛnio. Em um ·nico caso/experimento, houve aumento de 3,0 kg/ha de grÒos, a cada 1,0 Kg de N utilizado, resultado igual ao obtido por Santos et al., em Santa Maria/RS, no ano de 1985. Contudo, esse ganho Ú invißvel, do ponto de vista econ¶mico, e somente deve ter ocorrido esse resultado devido a problemas desfavorßveis Ó nodulaþÒo, prevalentes naquele solo.

Avílio A. Franco
16/12/2010 - 15:23
ParabÚns IÛda- confirma resultados de Marriel & Franco, 1976.

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