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Embrapa Tabuleiros Costeiros
22/03/2013
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A palestra ‘Estimativa do volume de água cinza de pesticidas na pegada hídrica de cultivos agrícolas’, realizada pelo pesquisador Lourival Paraíba, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), integrou as atividades da Semana da Água em Sergipe, evento coordenado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh).
Na manhã de quarta-feira (20), em Aracaju, Paraíba, acompanhado pelos pesquisadores da Embrapa Tabuleiros (Aracaju, SE), Julio Amorim e Marcus Cruz, apresentou o estudo que propõe um modelo matemático para estimar o volume de água cinza necessário para diluir, no ambiente, misturas de agrotóxicos na água.
O trabalho desenvolvido por Lourival, em coautoria com os pesquisadores Ricardo Antônio Almeida Pazianotto, Alfredo José Barreto Luiz, Aline de Holanda Nunes Maia e Claudio Martín Jonsson, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), foi premiado em primeiro lugar na categoria Profissional no XII Congresso Brasileiro de Ecotoxicologia - Ecotox 2012, realizado em setembro de 2012 em Porto de Galinhas, Pernambuco.
Segundo explica o pesquisador, a água cinza é um componente da pegada hídrica e, grosso modo, expressa o volume total de água necessário para diluir a carga de agrotóxicos usados em uma atividade agrícola, em uma determinada região.
Na agricultura, a pegada hídrica expressa o volume total de água empregado na produção de um produto agrícola, e envolve três categorias de água – a verde, que é a quantidade que a planta naturalmente utiliza na fotossíntese e evapora; a azul, que representa a quantidade empregada no plantio por meio de irrigação; e a cinza, a água residual resultante do manejo da cultura, que pode carregar em si resíduos de fertilizantes químicos e agrotóxicos.
Modelo
O modelo supõe que a água é contaminada pela mistura dos agrotóxicos e usa em seus cálculos valores de concentrações letais em organismos indicadores da qualidade da água (algas, peixes e microcrustáceos). Assim, o sistema desenvolvido calcula o volume total de água que seria necessário para diluir a carga da mistura dos agrotóxicos e manter a água em padrões pré-definidos de qualidade para a vida aquática e para o homem.
A preocupação principal dos pesquisadores é com a preservação da água de classe I, segundo a classificação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), isto é, a água dos mananciais ainda não comprometidos e não degradados, própria e segura para uso humano, a exemplo dos rios de Bonito, MS.
Para ilustrar o trabalho, os pesquisadores usaram a estimativa da água cinza de herbicidas usados em cultivos de cana-de-açúcar para a produção de açúcar e álcool. Como foi estimado pelo modelo que cada agrotóxico contribui diferentemente para o volume total da água cinza, um resultado prático do modelo seria a sua adoção como um indicador ambiental oficial, com a confecção de um selo que identificaria na embalagem do agrotóxico o poder de sua contribuição na produção de água cinza, quando aplicado em um cultivo agrícola.
Uma vez finalizado e validado pela comunidade científica, o trabalho da Embrapa Meio Ambiente poderá servir como base para a implementação de políticas públicas que busquem a conservação dos mananciais brasileiros, além de uma maior conscientização da sociedade em geral em relação à importância da água, não apenas para consumo direto humano, mas o quanto dela se emprega na produção dos bens que consumimos e o quanto seria necessário para reduzir os riscos de danos ambientais.
“É importante que a população entenda o conceito de pegada hídrica, e saiba, por exemplo, que no processo de produção de uma xícara de cafezinho, foram empregados, de acordo com a organização Water Footprint Network, 140 litros de água, para se beneficiar um litro de leite foram gastos mil litros, e para manufaturar um notebook, a cadeia produtiva empregou 20 mil litros de água”, argumenta.
Para ver imagens da palestra de Lourival Paraíba na rede social Flickr, clique aqui.
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