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A agropecuária brasileira poderá ter um ganho de 70 milhões de hectares de área para a produção de alimentos, transferindo culturas e colhendo duas safras anuais, apenas aplicando técnicas sustentáveis de produção, como a agricultura de baixo carbono e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Este acréscimo de área, sem derrubar uma só árvore, aumentaria em 131% a produção de grãos e fibras, passando de 187 milhões para 432 milhões de toneladas/ano. Na pecuária, o volume de oferta de carne bovina saltaria de 9 milhões para 15 milhões de toneladas.
Os dados foram apresentados pela presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, nesta segunda-feira (24/3), em palestra no Global Agribusiness Fórum 2014. O evento reúne até amanhã, em São Paulo, empresários, autoridades e especialistas do Brasil e do exterior para debater os desafios do agronegócio e da produção mundial de alimentos.
Segundo a presidente da CNA, o Brasil tem condições plenas de ampliar sua produção agropecuária. Segundo ela, o fator determinante será o mercado, e não tecnologia. “Podemos aumentar a produção em quatro meses, com facilidade. Temos que medir esta temperatura, que será Kátia Abreu, para quem o problema da fome decorre, hoje, da falta de renda e não a falta de comida. Ela acredita que, com as condições favoráveis de aumento de produção e produtividade, o país cumprirá a meta definidas pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), de aumentar a produção de alimentos em 40% até 2050, ajudando a resolver o desafio de vencer a fome no mundo.
A senadora destacou, ainda, que o crescimento da produção agrícola brasileira ocorreu graças ao desenvolvimento de novas tecnologias. Nos últimos 36 anos, a produção de grãos e fibras cresceu 296% (de 46,9 milhões para 187 milhões de toneladas, enquanto a produtividade expandiu 178% no mesmo período (de 1.258 kg/hectare para 3.507 kg/hectare). A área plantada, por sua vez, só aumentou 42% (de 37,3 milhões para 53,3 milhões). Ela lembrou que o Brasil produz em apenas 27,7% do território nacional, preservando 61% do país com florestas e outros tipos de vegetação nativa.
Outro ponto destacado por Kátia Abreu foi o fato de o crescimento do setor agropecuário ter se dado com “tecnologias brasileiras” e produzido ganhos especialmente para a população mais pobre. Segundo ela, há 40 anos, as famílias gastavam 48% do orçamento com alimentação, em uma época que o Brasil era um tradicional importador de alimentos. Hoje, estes gastos caíram para algo em torno de 14% a 20% do salário, graças ao aumento de produtividade que possibilitou acesso à comida barata e de boa qualidade. “Com isso, sobrou renda para educar os filhos até a universidade, comprar eletrodomésticos, etc”, lembrou.
Ao falar da importância da agropecuária para a economia brasileira, a senadora lembrou que o setor é o responsável por 40% das exportações, 37% dos empregos do país, quase 25% do PIB, além de sustentar o superávit da balança comercial brasileira por muitos anos. Ao falar da sucessão no agronegócio brasileiro, destacou que, enquanto os europeus têm idade média de 52 anos, os americanos de 58 e os japoneses de 67, os empresários brasileiros são em média bem mais jovens: 45 anos.
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