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ILPF é tema de reunião técnica e dia de campo em Goiás
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Breno Lobato, Embrapa Cerrados
24/03/2015

A Rede de Fomento à Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), da qual fazem parte Embrapa, John Deere, Cocamar, Dow AgroSciences, Syngenta e Parker, promoveu uma reunião técnica em Caldas Novas (GO) e um dia de campo na Fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO), nos dias 18 e 19 de março. Os eventos têm como objetivo divulgar a ILPF como estratégia de produção agropecuária sustentável e discutir os principais desafios à sua adoção.

A reunião técnica contou com 140 participantes, entre representantes das instituições que compõem a Rede de Fomento e de outras empresas, produtores rurais, pesquisadores, agentes financeiros, além de técnicos de extensão rural, público focalizado nessa edição. O encontro teve palestras sobre alguns dos diversos elos da cadeia produtiva, como pesquisa, assistência técnica e extensão rural, capacitação, crédito e cooperativismo, bem como o relato de produtores que estão obtendo sucesso com a ILPF.

Na abertura do encontro, o diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto, falou sobre as contribuições da Embrapa para o desenvolvimento sustentável do País, citando o trabalho de identificação dos desafios futuros da agricultura nacional, elencados no documento "Visão 2014-2014: o futuro do desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira", cuja elaboração foi coordenada pelo Sistema de Inteligência Estratégica (Agropensa). "A questão do desenvolvimento sustentável é prioritária em nossa agenda", afirmou.

O diretor também falou sobre o Congresso Mundial sobre os Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que será realizado pela Embrapa de 12 a 17 de julho em Brasília (DF) e vai reunir os principais especialistas do mundo em agricultura sustentável. O evento vai mostrar os avanços nas pesquisas em preservação, impactos, resultados econômicos e inovações tecnológicas. "É o primeiro congresso mundial de ILPF protagonizado e idealizado no Brasil, uma iniciativa das instituições nacionais que estão procurando fazer a diferença e superar os desafios, que não são poucos. É uma sinalização para o mundo do que o País está fazendo em termos de desenvolvimento sustentável", destacou.

O presidente da Assembleia da Rede de Fomento à ILPF e presidente da John Deere do Brasil, Paulo Hermann, manifestou admiração pela Embrapa. "Do ponto de vista da agricultura tropical, nem se discute: é a principal instituição no mundo. Mas ela se encaixa dentro das maiores instituições de pesquisa e desenvolvimento da agropecuária mundial", disse. Hermann lembrou que a rede de fomento é uma parceria público-privada transparente, criada para contribuir para o desenvolvimento agropecuário do País. "O objetivo é acelerar a transferência de tecnologia, é ser o catalisador desse processo", disse, salientando a necessidade de agentes treinados para atender os produtores brasileiros. O dirigente anunciou que a Schaeffler Brasil, empresa de componentes automotivos industriais, manifestou interesse em integrar a rede.

O ex-ministro da Agricultura (1974-1979) Alysson Paolinelli foi homenageado pela Rede de Fomento à ILPF. "Dr. Alysson é uma figura de inspiração, sempre será uma referência em nosso setor. Foi quem enviou 1,5 mil jovens pesquisadores ao exterior para que eles pudessem fazer a agricultura tropical", lembrou Hermann.

Palestras
O pesquisador João Kluthcouski (João K), da Embrapa Cerrados, apresentou palestra sobre a evolução da ILPF e seus principais impactos, destacando a oportunidade representada pelos sistemas de integração de produzir com sustentabilidade. Ele citou o uso dos sistemas de integração Lavoura-Pecuária (ILP) durante a abertura dos Cerrados (até meados dos anos 1980) e o desenvolvimento pela Embrapa e parceiros dos Sistemas Barreirão, Santa Fé, Santa Brígida, São Mateus e Santa Ana – todos sob a ótica da integração.

João K mostrou os efeitos sinérgicos promovidos pela ILPF que levam ao aumento da produtividade de todas as culturas envolvidas, bem como os demais benefícios econômicos e ambientais. "A pastagem ajuda o lavoureiro a fazer mais grãos com menos custo, e a lavoura superpotencializa a pastagem. Num futuro próximo, a pecuária vai ser subsidiada pela agricultura. Quem não entrar no sistema de integração hoje, está fadado a falir", declarou. Os sistemas ILPF já são utilizados em 2 milhões de hectares no Brasil e, segundo o pesquisador, a adoção independe da condição edafoclimática (clima e solo), do tamanho da propriedade e do maquinário, bem como da condição socioeconômica do produtor, sendo passível de ajustes locais. "A integração é um ‘vírus' altamente contaminante", comparou.

A ecoeficiência dos sistemas integrados e não integrados de lavoura, pecuária e floresta na região do Cerrado foi tema de projeto da Fundação Espaço Eco (FEE) apresentado pela engenheira agrônoma Marcela Costa, pós-graduanda da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), que mostrou dados preliminares colhidos na Fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO). O presidente da Emater-GO, Pedro Arraes, falou das principais frentes de atuação da instituição em 2015, destacando que a ILPF está incluída nos programas setoriais de transferência de tecnologia, e que a ideia é instalar uma unidade de referência tecnológica do sistema em cada uma das cinco regiões de Goiás.

Já o presidente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, José Fernandes Jardim Jr., abordou a importância das cooperativas no fomento à ILPF e a experiência de produtores do arenito Caiuá, no noroeste do Paraná, com a recuperação de pastagens degradadas com o uso de sistemas de integração. Em 2014, 132 produtores cooperados já adotavam sistemas ILPF, perfazendo uma área de produção de grãos de 13,8 mil hectares.

O secretário-executivo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Daniel Carrara, falou sobre as ações de capacitação em todo o País, destacando que 25 técnicos multiplicadores já foram capacitados presencialmente em ILPF na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS). Tiago Peroba, gerente do Departamento de Gestão de Crédito Rural do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apresentou os programas agropecuários do Governo Federal operados pela instituição, como o Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC). Ele também comentou sobre as ações do Banco para capacitar os agentes financeiros que apoiam o Programa ABC na contratação do crédito para produtores interessados em adotar as tecnologias contempladas pelo programa, entre elas a ILPF.

Casos de sucesso
A reunião técnica foi encerrada com um painel moderado pelo diretor-executivo do Conselho Gestor da Rede de Fomento à ILPF, William Marchió, que trouxe informações sobre três propriedades rurais que adotaram sistemas de integração com diferentes propósitos e hoje colhem bons resultados. Em seguida, os respectivos proprietários relataram o dia-a-dia, os desafios e os anseios com a tecnologia.

Marize Costa, proprietária da Fazenda Santa Brígida, em Ipameri (GO), adotou a ILPF em 2006 com o objetivo inicial de recuperar pastagens degradadas, já que a fazenda até então era voltada à pecuária extensiva e não contava com máquinas e pessoal capacitado. "No primeiro ano, tivemos que terceirizar tudo na parte agrícola. A boa notícia é que tudo o que ganhei com a agricultura foi usado para pagar as contas, e ainda me sobrou o pasto recuperado. A pecuária então fez o papel dela e assim fomos capitalizando. A partir daí, tivemos que profissionalizar a agricultura. Agora, teremos que profissionalizar a pecuária", conta. A propriedade tem aumentado as produtividades de milho e soja a cada safra, e vai discutir o planejamento do corte das árvores do sistema. "Quem faz ILP ou ILPF tem que pensar no sistema. A gente agrega muito valor, por isso temos que fazer as contas da lavoura, da pecuária e da floresta no sistema", ensina.

Para o proprietário da Fazenda Flamboyant, em Perobal (PR), na região do arenito Caiuá, Gerson Bortoli, também pecuarista, o primeiro desafio foi a aquisição de maquinário agrícola para implantar o sistema de integração Lavoura-Pecuária. "Mas depois que você começa, não para mais. Os pecuaristas em geral são resistentes a mudanças, isso ainda existe. Mas se fizerem contas, verão que dá mais renda", observa o produtor, que adotou a ILP em 2002 como forma de garantir renda com a propriedade. Ele destacou ainda a importância do acompanhamento de profissionais capacitados: "Sem assistência técnica, não teríamos saído do lugar".

Já o produtor e professor universitário Élvio Pinotti, proprietário da Fazenda Engenho, em Pompeia (SP), adotou sistemas de integração em 1994 com foco na exploração florestal e devido à estabilidade financeira proporcionada pela silvicultura e a problemas de erosão do solo. Mas ele também percebe a oportunidade de ganhos também com a lavoura e a pecuária. "Priorizamos o aspecto da sustentabilidade, tomamos decisões pensando em todo o sistema. Meu avô comprou a fazenda, meu pai e eu estudamos com as receitas dela. E quero passá-la para minha filha", afirmou.

Dia de campo
A Fazenda Santa Brígida recebeu, no dia 19, mais de 600 pessoas para o Dia de Campo sobre ILPF. Com quatro estações de visitação, o evento apresentou diversos aspectos do uso da tecnologia, como a rotação, a sucessão e o consórcio de culturas e o manejo dos componentes dos sistemas de integração.

Na primeira estação, Roberto de Freitas, professor da UEG (Campus Ipameri), abordou os condicionantes para a ILPF, citando o exemplo da fazenda, que buscou na rotação das culturas de soja e milho a forma de recuperar pastagens. "A integração reforça a ideia de rotacionar culturas. O grande segredo é a diversificação", disse, lembrando que os sistemas são flexíveis. "O pecuarista pode fazer integração sem aderir totalmente à agricultura, assim como o agricultor não precisa aderir totalmente à pecuária", frisou.

O pesquisador Lourival Vilela, da Embrapa Cerrados, apresentou, na segunda estação, o consórcio de milho com gramíneas e leguminosas forrageiras. Ele destacou o trabalho para minimizar a competição e harmonizar os dois sistemas consorciados, e citou casos de produtividades de até 250 sacas de milho por hectare em propriedades do Oeste da Bahia e de 10 toneladas por hectare de milho safrinha no Sudoeste de Goiás. Também falou sobre cultivares de forrageiras da Embrapa, como a BRS Paiaguás, e mostrou dados de elevadas produções de forragem e de bovinos no período de seca devido à adoção de sistemas em consórcio. "Trabalhamos com os preceitos da agricultura conservacionista, de modo a aumentar a disponibilidade de nutrientes e a eficiência do sistema. Queremos convencer o produtor de que se trata de um sistema ganha-ganha", disse.

Na terceira estação, Sebastião Pedro e João K, também pesquisadores da Embrapa Cerrados, abordaram ciclo, arquitetura e época da sobressemeadura de forrageiras na cultura da soja. João K falou sobre as principais opções de ILP com soja – sobressemeadura da braquiária, consórcio simultâneo com capim e consórcio defasado (capim plantado pouco depois da soja) – as práticas fundamentais para obtenção de soja de alta produtividade, como acumular matéria orgânica no solo, descompactação do solo e adequação do espaçamento de plantas. "Com a integração, o Brasil viverá a maior revolução agrícola do mundo", apostou o pesquisador. Em seguida, foi demonstrada a moto-semeadora. Desenvolvido pela Embrapa e pela empresa Ikeda, o equipamento faz a distribuição a lanço de sementes, fertilizantes e corretivos de solo, podendo ser embarcada em motocicletas e quadriciclos.

Já Sebastião Pedro apresentou cultivares de soja da Embrapa (BRS 7581RR, BRS 7681RR, BRS 7780IPRO e 7981RR) em diferentes estágios de desenvolvimento das plantas (R5 e R7) sobressemeadas com braquiária. Ele explicou que devem ser utilizados materiais de soja mais rústicos, de ciclo médio a semiprecoce, preferencialmente com resistência a nematoides de galha e tolerância ao nematoide Pratylenchus brachyurus. "O objetivo é que o capim nasça e, após a colheita da soja, esteja disponível para o gado", afirmou.

Na última estação, os consultores da Fazenda Santa Brígida, William Marchió e Vanderlei Oliveira, responderam aos questionamentos dos participantes sobre os componentes animal e florestal no sistema ILPF.

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