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Manejo Pecuário      
Quando se muda a lógica
A adoção de sistemas integrados altera o curso de um sistema de produção
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Dalizia Aguiar, Embrapa Gado de Corte
22/01/2016
 
É possível ter lavoura em solos arenosos? É possível incorporar áreas de pastagens degradadas na produção de grãos? Há viabilidade técnica e econômica? Pesquisadores da Embrapa, especialistas em distintas áreas, afirmam que não só é possível como rentável. O assunto foi tema do painel “Integração lavoura-pecuária-floresta em solos arenosos” no espaço da Embrapa durante o Showtec em Maracaju (MS).
 
“Se somarmos as áreas ocupadas com solos latossolos, argilosos, os de textura média e os arenosos (neossolos) temos dez milhões de hectares, aproximadamente. Somando o cultivo de cana-de-açúcar, soja, eucalipto e outros grãos, temos quatro milhões de hectares plantados e sobram ainda seis milhões, teoricamente, disponíveis. O que fazemos?”, lança o pesquisador Júlio Salton.
 
Em resposta, o próprio Salton sugere ao produtor aumentar as chances de sucesso com o aproveitamento máximo da água das chuvas, a redução a zero da erosão, a promoção da cobertura de solo com plantio direto, a correção do mesmo e o aumento do teor de matéria orgânica. Um caminho para se conseguir tudo isso é implantar o sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) e, quando convier, incorporar a floresta com seus eucaliptos (ILPF).
 
Um exemplo cita o agrônomo da Embrapa é o Sistema São Mateus, testado e validado na região leste e arenosa de MS, que leva o nome da propriedade onde ocorreram os ensaios, por no mínimo, cinco anos. Tradicionalmente, os modelos de sistemas integrados iniciam a sequência de rotação pela agricultura, para depois incorporar a pastagem. No SSMateus, começa-se pelo pasto. Salton afirma que “com a adoção do SS Mateus em apenas 1/3 da área disponível pode-se incrementar a produção na ordem de 15 milhões de sacos de soja e 12 milhões arrobas de carne por ano, com valores ao redor de R$ 2,5 bilhões”.
 
Segundo os cientistas, Mato Grosso do Sul tem quase da metade de sua superfície com pastagem cultivada, a outra fatia é composta pelo Pantanal e lavouras e a área com pastagem apresenta algum grau de degradação ou já degradação total. Além disso, os solos do Estado são predominantemente ácidos e com baixa fertilidade natural, com textura mista e arenosa e ainda há a incidência de veranicos.
 
O início
Entretanto para chegar aos bons resultados é válido gravar um conselho dado pelos pesquisadores: “um mais um não é dois neste caso”. A começar pelo ponto de partida, planejamento. Sem gestão rural não se faz integração. Depois olhar onde se pisa, o solo, e então formar um “círculo virtuoso, não vicioso”, alerta Manuel Macedo. “A lógica no tempo para quem adota ILP ou ILPF se altera”, completa.
 
O especialista em solos esclarece o raciocínio explicando que na integração lavoura-pecuária a amostragem de solo para cada cultura e sistema de manejo deve ser seguida, criteriosamente, para se planejar uma recomendação segura. Além disso, os resultados dos boletins de análise devem se adequar às condições locais; o manejo da fertilidade precisa observar o sistema como um todo, não uma cultura exclusiva; os níveis críticos dos nutrientes devem considerar as peculiaridades, sem subestimá-las; e, principalmente, adequar o solo para a cultura inicial, porém com foco na mais exigente. Mais que recomendações, são deveres.
 
No meio do caminho
Solo é fator de decisão, mas não o único. Itens agronômicos, econômicos, ambientais e práticas culturais, entre elas, o manejo da pastagem também são fundamentais para Macedo. O pesquisador Ademir Zimmer acrescenta que o manejo nos sistemas de integração é idêntico ao de sistemas tradicionais, mas alguns cuidados extras são imprescindíveis. O primeiro é a escolha da forrageira, “focando nos objetivos da produção, com manejo adequado de forma a atender a produção animal e proporcionar boa palhada para os cultivos em sucessão”.
 
Zimmer ensina que logo após a colheita da cultura efetua-se um pastejo rápido para estimular o perfilhamento basal. Em áreas com plantio direto de culturas sobre o pasto, inicia-se um pastejo mais intenso na mesma alguns meses antes, para uniformizar o relvado. E ainda algumas semanas antes da dessecação, é necessário deixar a área em repouso para acúmulo de massa e favorecer a dessecação para o plantio das culturas. Sem esquecer da adubação de manutenção.
 
Outros componentes
É fato que animais e plantas sofrem fortes influências do clima e também é sabido que os sistemas integrados alteram o microclima, porém isso é bom ou não? Para o agrometeorologista da Empresa, Danilton Flumignan os primeiros sinais de experimentos em andamento no Estado respondem que sim, com devidas recomendações.
 
Ele relata que a adoção do plantio direto minimizou as perdas por evaporação de água; a inserção do componente florestal melhorou o microclima e favoreceu os animais e o pasto; o uso de quebra-ventos, corretamente direcionados, reduziu as perdas por evapotranspiração e o plantio de espécies e cultivares mais tolerantes a temperaturas altas e déficit hídrico garantiram índices satisfatórios de produtividade.
 
Mais além, “apesar do uso de sistemas integrados serem recentes, a pesquisa científica tem demonstrado que são melhores que os sistemas simples, como só lavoura ou só pecuária para produção frente aos efeitos adversos do clima”, complementa Michely Tomazi, PhD em solo.
 
Durante o painel, a pesquisadora, assim como os demais profissionais, baseada em resultados recentes, ressaltou que os produtos obtidos em sistemas integrados tem um percentual de emissão bem menor do que os obtidos em sistemas não integrados e “quando incluímos árvores para produção de madeira, por exemplo, o balanço geral do sistema é positivo para o sequestro de carbono. Fica mais carbono retido do que é emitido para atmosfera. Nesse balanço, até o famoso metano emitido pelos animais é compensado pelo gás carbônico capturado pelas árvores”.
 
Showtec
Destinado aos produtores e empreendedores rurais, técnicos agrícolas, acadêmicos, entre outros, o Showtec é uma feira anual onde são apresentados produtos e serviços ligados ao setor agropecuário, lançamentos, inovações tecnológicas, sistemas de produção, palestras técnicas e resultados de pesquisas que contribuem para a sustentabilidade do agronegócio brasileiro.
 
O evento é realizado pela Fundação MS e tem como principais promotores o Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), Sistema OCB/MS (Organização das Cooperativas Brasileiras) e Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) e conta com o apoio do Sindicato Rural de Maracaju, Prefeitura Municipal de Maracaju, Sebrae/MS (Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena e Micro Empresas), Senar MS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia do Mato Grosso do Sul), Embrapa Gado de Corte, Embrapa Agropecuária Oeste, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar, Sicredi e Fundect (Fundação de Apoio do Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul).
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