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Meio Ambiente      
Estudo avalia relação entre glifosato e minhocas no solo
Pesquisa buscou saber se o ácido aminometilfosfônico (AMPA), um dos principais metabólitos do glifosato, tem impacto sobre as minhocas
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Katia Pichelli, Embrapa Florestas
29/04/2016

Pesquisa realizada no Brasil e publicada na Nature/Scientific Reports avaliou a presença de metabólito de glifosato no solo e seu impacto na comunidade de minhocas, que são importantes bioindicadores da qualidade do solo. Fruto de um trabalho de pós-doutorado, a intenção da pesquisa foi avaliar se o ácido aminometilfosfônico (AMPA), um dos principais metabólitos do glifosato, tinha impacto sobre as minhocas. "O glifosato é o herbicida mais utilizado no mundo e conhecido por se degradar facilmente", explica o pesquisador George Brown, da Embrapa Florestas. "No entanto, precisamos conhecer melhor o efeito residual no solo, em especial o impacto do AMPA, que é um subproduto da degradação do glifosato", acrescenta.

Em pesquisas anteriores, percebeu-se uma variação muito grande na quantidade de minhocas em solos de plantio direto, uma prática agrícola que tem como objetivo conservar o solo. A questão era: se o plantio direto é uma prática que ajuda a conservar o solo, e que aumenta a população de minhocas, porque existem plantios com poucas minhocas? Poderia ser algum fator associado ao manejo do plantio direto, como o uso de algum agrotóxico nocivo às minhocas? Segundo Brown, "outra questão é que na literatura existem trabalhos que confirmam efeito tóxico do glifosato em minhocas e outros trabalhos sem efeito algum nestes organismos. Ou seja, existe um debate a ser resolvido".

A pesquisa publicada na Nature/Scientific Reports realizou diversos ensaios, que estudaram o comportamento e a reprodução das minhocas em diferentes dosagens de AMPA, em solos padronizados. Os estudos foram feitos com a espécie Eisenia andrei, que é padrão ISO para testes ecotoxicológicos. Durante a etapa de revisão bibliográfica, foram encontrados resultados de pesquisa realizada na Argentina que detectava resíduos de AMPA em diversos solos de plantios agrícolas. O estudo mostrava quantidades de até mil partes por milhão (mg/kg) no solo, valores considerados muito altos. A professora Cíntia Mara Ribas de Oliveira, da Universidade Positivo, que também fez parte do estudo, ressalta a persistência do AMPA no solo: "segundo a literatura, enquanto o tempo de meia vida do glifosato é de 5 a 23 dias, o do AMPA é de 151 dias, com variações de 76 a 240 dias, pois isso depende da temperatura, tipo de solo, condições de atividade microbiana, entre outros fatores. Ou seja, o AMPA permanece por bastante tempo ainda depois da aplicação do glifosato e isso pode trazer impactos à biota do solo".

"Então, o que está acontecendo com as minhocas nesta dosagem?", pondera Anahí Dominguez, da Universidad Nacional de Río Cuarto, na Argentina, que desenvolveu este trabalho no Brasil como parte de seu pós-doutorado, com apoio de pesquisadores da Embrapa Florestas, Embrapa Cerrados e de professores do Programa de Pós-Graduação em Gestão Ambiental da Universidade Positivo. "O AMPA não afetou a mortalidade das minhocas, nem na maior dose utilizada (2.500 ppm). Contudo, o AMPA afetou a reprodução e desenvolvimento das minhocas, resultando em maior produção de casulos em longo prazo (maior investimento em reprodução); mas, na maior dose, tanto os casulos quanto os juvenis eclodidos eram menores. Sem AMPA, a reprodução foi menor, mas os casulos e os indivíduos juvenis eram maiores", explica Anahí.

Os próximos passos seriam avançar no acompanhamento do crescimento das minhocas em solo contaminado para ver como se desenvolvem e também as novas gerações. "Existe uma série de desdobramentos que podem ser feitos", avalia Brown, "o que traz um grande espaço de pesquisa: será que a próxima geração vai enfraquecer mais ainda? Qual o potencial reprodutivo? Qual o efeito a longo prazo nestas populações? Estamos contaminando o solo com AMPA e impedindo que as minhocas se desenvolvam da forma que devem e desempenhem seu papel benéfico?", pondera.

A intenção é também realizar testes em solos naturais, pesquisando o impacto do AMPA em condições ambientais em solos com diferentes níveis de contaminação. "Além disso, já foram iniciadas pesquisas em busca de soluções para a questão, como por exemplo o uso de biocarvão para atenuar os efeitos ecotoxicológicos do AMPA em solos contaminados", afirma Cíntia Oliveira.

A Scientific Reports é a única publicação de acesso livre do Nature Publishing Group.

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