dia de campo

a
Esqueceu a senha?
Quero me cadastrar
     26/04/2024            
 
 
    
Sistemas Agroflorestais    
Pesquisa vai gerar metodologia para mapear castanhais na Amazônia
MapCast começou em 2014 e já coletou de diversos dados, que agora estão em fase de consolidação e análise
Comente esta notícia Envie a um amigo Aponte Erros Imprimir  
Felipe Rosa, Embrapa Amazônia Ocidental
29/09/2016

A fim de contribuir para o fortalecimento da cadeia de valor da castanha-do-brasil, um grupo de pesquisadores está desenvolvendo um projeto amplo, que caminha por duas vias principais: geração de metodologias para auxiliar no mapeamento e modelagem da ocorrência de castanhais nativos da Amazônia Brasileira, por meio de geotecnologias, e caracterização das relações sociais e econômicas dos sistemas de produção da castanha.

O projeto Mapeamento de Castanhais Nativos e Caracterização Socioambiental e Econômica de Sistema de Produção de Castanha-do-Brasil na Amazônia ou, simplesmente, MapCast, começou em 2014 e já coletou de diversos dados, que agora estão em fase de consolidação e análise. "Imagens de satélite de diferentes sensores estão sendo avaliadas quanto à possibilidade de detecção de árvores de castanheiras, uma vez que estas são dominantes no dossel (estrutura formada pela copa das árvores) da floresta", destacou a pesquisadora da Embrapa e líder do projeto, Kátia Emídio.

Mas a dominância da castanheira-do-brasil não diminui um importante desafio para a equipe de pesquisadores: a grande diversidade florística existente nas florestas tropicais. Em seus ambientes naturais, as castanheiras podem estar acompanhadas de uma multiplicidade de até 300 espécies por hectare, como explica Emídio: "Os estudos sobre a caracterização dos castanhais e a distribuição espacial das castanheiras, assim como suas associações com outras espécies, podem ser cruciais para a definição de estratégias de manejo e conservação da espécie".

Neste contexto, os pesquisadores também buscam responder a outros importantes questionamentos, como os fatores relacionados ao clima, solo, diversidade e topografia que interferem na ocorrência, abundância e produção de frutos das castanheiras. Conforme a pesquisadora, esses dados também já estão em análise, assim como dados do sensor remoto Lidar, usado para caracterização da estrutura vertical da floresta e sua relação com a produção de frutos nos castanhais.

O MapCast tem duração de 48 meses e as informações coletadas durante o período serão importantes para o avanço do conhecimento sobre a castanheira, em especial nos aspectos relacionados ao seu ambiente natural de ocorrência, fundamentais para a adaptação e recomendação de práticas de manejo adequadas às particularidades das diversa áreas da Amazônia, visando à melhoria da eficiência produtiva da castanha e o desenvolvimento social e econômico da região", destaca a pesquisadora.

Caracterização socioambiental e econômica
Para realizar a caracterização socioambiental e econômica de sistemas de produção da castanha-do-brasil, os pesquisadores estão buscando conhecer melhor alguns dos atores que compõem a cadeia produtiva, colhendo dados desde a produção até a comercialização. Hoje, mais de 55 mil pessoas têm seu sustento baseado no extrativismo da castanha, o que gera a necessidade de conhecimentos sobre os diferentes tipos de organização social das comunidades extrativistas e de suas relações com as áreas onde são coletadas as castanhas. Outra ação importante do projeto é a identificação de quais são os principais fatores formadores do preço do produto nas regiões estudadas.

O projeto contempla atividades em seis estados da região Norte – Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima e Rondônia – e um do Centro-Oeste, o Mato Grosso. "O MapCast conta com equipe multidisciplinar, cujos membros estão empenhados na geração e na ampliação de conhecimentos sobre os castanhais naturais da Amazônia. Espera-se, ao final do projeto, em 2018, ter atingido suas metas e resultados, com contribuição para o fortalecimento da cadeia de valor da castanha-do-brasil", ressalta Emídio.

Castanheira
A castanheira-do-brasil, árvore nativa da Amazônia, ocorre em terras altas de toda a Bacia Amazônica. Foi descrita em 1808 pelos pesquisadores Humboldt, Bompland e Kunth, com a denominação botânica de árvore majestosa da Amazônia (Bertholletia excelsa H. B. K.). Símbolo da região, tem merecido atenção especial da pesquisa devido à sua importância social, ecológica e econômica. Além do aproveitamento dos frutos, a árvore tem aptidão madeireira, mas só pode ser explorada dessa forma em plantios, já que integra a lista do Ibama como espécie vulnerável.

Em seu ambiente natural, a árvore atinge até 50 metros de altura, sendo uma das espécies mais altas da Amazônia. O fruto da castanheira (ouriço) tem o tamanho aproximado de um coco e pode pesar cerca de dois quilos. Possui casca muito dura e abriga entre oito e 25 sementes, que são as apreciadas castanhas-do-brasil. Caso não sejam consumidas, as sementes demoram de 12 a 18 meses para germinar sem tratamento adicional. Muitas delas são plantadas por cutias, que comem algumas delas e enterram as outras para comer mais tarde. As sementes esquecidas brotarão da terra para começar um período de vida que pode chegar a até 500 anos.

A importância para o Estado do Amazonas
Na extração vegetal do Amazonas, destaca-se o valor da produção de três produtos, dois deles alimentícios – o açaí e a castanha-do-brasil – e a madeira em tora. Somados, eles contribuem com mais de 90% do valor da produção do extrativismo vegetal. A informação faz parte dos Dados Estatísticos da Produção Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas: Ano 2013, organizados e sistematizados pelo Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA/AM), coordenado pelo IBGE, e que reúne as instituições públicas e entidades que atuam no setor primário no Estado, dentre as quais está a Embrapa Amazônia Ocidental.

No ranking dos estados brasileiros, nos quais houve maior extração de castanha-do-brasil em 2013, destacam-se o Acre, o Amazonas e o Pará. Juntos, corresponderam a 91% da produção nacional.

Conforme estudo realizado pela Câmara Setorial de Fruticultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em 2014, em 10 anos o Brasil deixou de ser o primeiro exportador e hoje configura-se como o terceiro da lista. O mercado é liderado pela Bolívia e pelo Peru. A cadeia produtiva de castanha no Brasil ainda enfrenta dificuldades de sustentabilidade no mercado, desde o processo extrativista até o beneficiamento.

Aviso Legal
Para fins comerciais e/ou profissionais, em sendo citados os devidos créditos de autoria do material e do Jornal Dia de Campo como fonte original, com remissão para o site do veículo: www.diadecampo.com.br, não há objeção à reprodução total ou parcial de nossos conteúdos em qualquer tipo de mídia. A não observância integral desses critérios, todavia, implica na violação de direitos autorais, conforme Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998, incorrendo em danos morais aos autores.
Ainda não existem comentários para esta matéria.
Para comentar
esta matéria
clique aqui
sem comentários

Conteúdos Relacionados à: Notícia
Palavras-chave

 
11/03/2019
Expodireto Cotrijal 2019
Não-Me-Toque - RS
08/04/2019
Tecnoshow Comigo 2019
Rio Verde - GO
09/04/2019
Simpósio Nacional da Agricultura Digital
Piracicaba - SP
29/04/2019
Agrishow 2019
Ribeirão Preto - SP
14/05/2019
AgroBrasília - Feira Internacional dos Cerrados
Brasília - DF
15/05/2019
Expocafé 2019
Três Pontas - MG
16/07/2019
Minas Láctea 2019
Juiz de Fora


 
 
Palavra-chave
Busca Avançada