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Paulo Hideo e Elcio Perpetuo Guimarães, pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão
14/10/2016
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O banco ativo de germoplasma (BAG) da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás/GO) foi criado a 41 anos e tem segredos que podem contribuir para que as gerações futuras do nosso Estado tenham maior segurança alimentar e sejam mais bem nutridas.
Um banco de germoplasma é um espaço físico onde são armazenadas, em condições especiais, sementes que são utilizadas para produzir novas variedades para os agricultores.
Na Embrapa Arroz e Feijão existe mais de 40.000 materiais de arroz e feijão que contam a história dessas culturas no Brasil, sem deixar de representar boa parte de tudo que existe no mundo, pois temos materiais de 110 países representados no BAG.
Em anos anteriores uma das tarefas principais do BAG foi coletar, nos campos de agricultores e áreas naturais, materiais tradicionais de arroz e feijão que cresciam nos diferentes estados brasileiros, incluindo Goiás.
Atualmente nossos agricultores estão, cada vez mais, sendo afetados pelas mudanças climáticas fazendo com que eles busquem por alternativas que respondam positivamente à essas mudanças e mantenham suas lavouras produtivas. As alternativas para eles estão nos pequenos frascos de sementes armazenados no Banco Ativo de Germoplasma.
Além disso, com um consumidor cada vez mais demandante, é dentro desse mesmo BAG podemos encontrar materiais especiais de arroz e feijão, como os grãos de arroz vermelho ou preto que já fazem parte dos pratos gourmet em muitos restaurantes das nossas cidades. O feijão branco, que a Embrapa acaba de lançar no mercado, é uma excelente alternativa para os mercados de exportação.
Por outro lado, a equipe técnica da Embrapa vem trabalhando para aproveitar a variabilidade existente no BAG, mantendo sempre preservadas as coleções de arroz e feijão que permitem escolher e melhorar as características específicas, como a tolerância à seca ou à doenças. Esse mesmo grupo de pesquisadores está olhando para o futuro fazendo o que chamamos de melhoramento preventivo, ou seja, produzindo a partir dos materiais do BAG, plantas de arroz e feijão tolerantes a problemas que ainda não existem no país, mas que estão em países vizinhos.
Multiplicadores de arroz e feijão
O BAG Arroz e Feijão da Unidade de Pesquisa de Goiás possui cerca de 27 mil amostras de arroz e 16 mil amostras de feijão. Nele são encontradas cultivares, variedades tradicionais, linhagens, populações e exemplares de espécies silvestres, coletadas no Brasil e em outros países, como foi o caso do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos que enviou 17 mil variedades de arroz a Goiânia em 2010.
Quanto ao feijão, eles também são multiplicados de acordo com a necessidade inerente a cada acesso. Os acessos que possuem volume de sementes abaixo de 100g são multiplicados em casas de vegetação, em sistema de vasos de 8 litros com solo e fertilizantes.
Para maior controle, todas as operações de plantio, colheita e debulha de sementes, são efetuados manualmente. Geralmente, se planta 4 vasos para cada acesso, que é o suficiente para produzir em torno de 150 a 400 g de sementes, dependendo do acesso. Só no caso do BAG Feijão, por exemplo, são multiplicados por ano, em torno de 500 acessos.
A conservação e o uso sustentável desse acervo são de fundamental importância para o futuro da pesquisa e do cultivo de cereais e leguminosas no país. Este é um dos tesouros de Goiás que ainda pouca gente sabe que existe, mas, num futuro próximo, vai fazer parte das refeições do povo goiano.
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