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Responsável por aproximadamente um terço da produção mundial de laranja, a citricultura brasileira tem grande importância sócio-econômica, principalmente no Paraná. Causadora de prejuízos que podem comprometer 80% das lavouras, a mancha preta dos citros é um grande desafio para o cultivo de tangerinas no Vale do Ribeira. Com um período de dormência de até dez anos, o fungo também ameaça a sanidade do pólo produtor, situado nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Em busca de soluções alternativas de manejo, uma pesquisa a cargo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está mapeando a distribuição da doença no território paranaense. Além de subsidiar métodos de controle biológico, o intuito é demarcar áreas livres do problema e certificar o produto para exportação.
Tema abordado durante a Segunda Conferência Nacional de Defesa Agropecuária, o projeto aborda diferentes aspectos e atividades para atender as necessidades específicas de cada região. Doutora em genética, a professora Chirley Glienke diz que não há relato de atividade do Guignardia citricarpa nas áreas produtoras de laranja. Por outro lado, nos pomares de tangerina da agricultura familiar vale-ribeirense os prejuízos são bastante expressivos.
— No Norte e Noroeste do Paraná, queremos verificar se existem plantas que apresentam o fungo de forma assintomática, porque sabemos que o patógeno pode estar presente e só começar a se manifestar mais tarde. A Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento faz a coleta dessas folhas, que são encaminhadas ao laboratório de genética de microorganismos da UFPR. Então, isolamos o fungo em meio de cultura e após a obtenção procedemos a identificação por metodologias moleculares. Em paralelo, extraímos o DNA das próprias folhas assintomáticas para verificar a presença do patógeno nesses locais. Detectados os fungos, é possível evitar maior disseminação para pomares saudáveis— afirma.
Chirley explica que por ser uma região muito montanhosa e de baixo índice de desenvolvimento humano, os produtores do Vale do Ribeira enfrentam graves dificuldades para dispor dos insumos químicos necessários para combater a mancha preta dos citros. Portanto, a manipulação de fungos benéficos para controlar o Guignardia citricarpa é uma alternativa muito interessante. Ainda no início, os testes estão selecionando microorganismos predadores como o Guignardia mangífera para reduzir os custos de produção.
— O diagnóstico molecular é eficiente mas não é sensível o suficiente para detectar o patógeno em pequenas quantidades nas plantas sem sintomas. Estamos trabalhando em otimizar esse processo em tempo real, aumentando a sensibilidade do teste para diagnosticar o fungo também em viveiros para certificar as mudas — revela.
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