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Manejo Pecuário    
Manejo intensivo de pastagem é lucrativo
Técnica exige habilidade para gerenciar o aumento de produtividade, convertendo o pasto em produto animal
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Da Redação
04/07/2012

Os maiores desafios para os pecuaristas nos dias atuais são aumentar a produtividade pecuária e incluir de forma definitiva a questão ambiental nos sistemas de produção. Surgem então técnicas de manejo que podem unir essas duas vertentes de forma a garantir o lucro econômico aliado à conservação ambiental. Uma delas é a intensificação de pastagens, que exige do produtor habilidade para gerenciar o aumento de produtividade, convertendo o pasto em produto animal.

Segundo Domingos Sávio Queiroz, pesquisador da Epamig, do ponto de vista conceitual, não diferença no manejo intensivo das pastagens em se tratando da produção específica de gado de leite, em relação ao gado de corte.

— Isso porque o ato do pastejo não é diferente entre bovinos de corte e de leite. Pode haver diferenças de exigência nutricional dependendo da categoria animal, mas elas ocorrem dentro de cada tipo de exploração também — diz o pesquisador.

De acordo com ele, a grande diferença pode estar nas oportunidades de manejo do animal. Ele afirma que vacas de leite são manejadas todo dia, para a ordenha, dando oportunidade de troca de piquetes até mais de uma vez por dia, enquanto bovinos de corte não estão submetidos a essa movimentação diária.

— Isso exigirá maior esforço do manejador do que em uma situação de gado de corte em manejo com lotação contínua. As exigências nutricionais podem determinar estratégias de manejo diferenciadas de acordo com a categoria animal. Por exemplo, vacas de leite de alta produção podem ser manejadas para fazer o primeiro pastejo (pastejo de ponta) em um sistema rotacionado, seguido de categorias menos exigentes, como vacas em final de lactação, vacas secas, etc. O mesmo pode ser aplicado em pecuária de corte — diz.

Por outro lado, a realidade das variações de preço do leite durante o ano impõe a necessidade de maior eficiência e de redução dos custos por meio do uso de tecnologias acessíveis à maioria dos produtores de leite. Nesse caso, Queiroz diz que estudos mostram que não há diferença de desempenho animal entre os sistemas de pastejo com lotação contínua ou rotacionada.

O manejo intensivo pode possibilitar a produção de grande quantidade de forragem por área, aliada a bom valor nutricional desta forragem

— Em diversos trabalhos, ora um é melhor, ora outro e na maioria não houve diferença. Obviamente que nesses estudos, o ajuste na taxa de lotação segue rigorosamente a capacidade de suporte do pasto, não permitindo sobra ou falta de pasto. Não é o que se observa na prática da maioria dos produtores. Decorrente de condições climáticas variáveis de precipitação e temperatura, o pasto apresenta crescimento variável entre estações do ano, ou mesmo entre dias ou meses dentro de uma mesma estação. Na maioria das vezes o produtor não ajusta a taxa de lotação do pasto a essas variações. O pastejo rotacionado facilita esse ajuste, proporcionando ao produtor uma ferramenta de gestão que normalmente ele não usa. Nesse aspecto o pastejo rotacionado pode ser vantajoso — explica.

Sabe-se também que o manejo intensivo pode possibilitar a produção de grande quantidade de forragem por área, aliada a bom valor nutricional desta forragem. Quando a questão é a cultivar, o entrevistado diz que, de modo geral todas as gramíneas forrageiras tropicais disponíveis no mercado brasileiro são bem responsivas a intensificação de uso.

— Substituir uma espécie ou cultivar já implantada e em boas condições por outra pode não ser vantajoso. As diferenças entre espécies e cultivares decorrem mais de diferenças de um manejo diferenciado entre elas do que propriamente de seu potencial genético. Por exemplo, um pasto de Brachiaria decumbens colhido jovem é melhor que um pasto de Tanzânia (Panicum maximum) colhido maduro, embora se acredite que as cultivares do gênero Panicum sejam sempre melhores que as de Brachiaria. O que deve ser rigorosamente observado é a adaptação da espécie ao ambiente em que vai ser plantado, tais como fertilidade natural do solo, condições de drenagem, topografia, etc e o seu uso no momento ideal de colheita — orienta.

Para ele, independente do sistema de manejo adotado, o que dever ser observado é o uso do pasto dentro de sua capacidade de recuperação, para evitar sua degradação.

Do ponto de vista conceitual, não diferença no manejo intensivo das pastagens em se tratando da produção específica de gado de leite, em relação ao gado de corte

— A taxa de crescimento do pasto é variável de acordo com as condições ambientais e de meio. Precipitação, temperatura, insolação, fertilização afetam o crescimento do pasto e isso deve ser observado. A taxa de lotação (quantidade de animais por área) deve ser compatível com o crescimento momentâneo do pasto e deve ser ajustada constantemente de acordo com as condições ambientais e de investimento, a fim de alcançar a pressão ótima de pastejo — explica.

Ainda segundo o pesquisador, a taxa de lotação é a grande ferramenta de manejo do pasto. Ele diz que, em condições que limitam a produtividade, como o período seco do ano e os períodos de estresse, por exemplo, durante um veranico, a taxa de lotação animal do pasto deve ser reduzida ou os animais devem receber suplementação volumosa (silagem, cana de açúcar, etc.), de modo a não comprometer a capacidade de recuperação do pasto e a persistência da forrageira.

— Outros elementos que devem ser observados são a pressão de pastejo, que afeta o consumo e a qualidade da forragem consumida, o período de descanso que deve ser ajustado para evitar o acúmulo de colmos e o período de ocupação que afeta a capacidade de rebrotação do pasto — orienta.

As pastagens no Brasil

Queiroz afirma que a utilização intensiva de uma forrageira pode ocorrer com ou sem adubação e que, quando se fala em manejo intensivo no Brasil, está se falando de adubação e divisão dos pastos com utilização de lotação rotacionada.

— Não há duvida que é bom, mas sim quanto a ser barato. A utilização de pastagens no Brasil caracteriza-se na maioria dos casos como extrativista e é esse o valor e a experiência fixados pela maioria dos pecuaristas. A intensificação representa um risco e no caso de pastagens a situação é mais complexa que na agricultura de grãos. O pasto, por se só, não tem valor comercial. Ele precisa ser convertido em carne e/ou leite para ser comercializado. Pasto produzido e não consumido pode significar prejuízo — explica ele.

A taxa de lotação deve ser compatível com o crescimento momentâneo do pasto e deve ser ajustada constantemente de acordo com as condições ambientais e de investimento, a fim de alcançar a pressão ótima de pastejo

Manejo adequado para bons resultados

Para o entrevistado, a gestão da intensificação na produção de pastagens requer dedicação e talvez seja essa a dificuldade na sua ampla disseminação.

— Normalmente os casos de insucesso estão relacionados com a incapacidade de gestão da produção forrageira em casos de adubação. Ademais, na pecuária, o tempo de retorno do capital investido é maior do que na agricultura de grãos, o que pode gerar fluxos de caixa pouco positivos ou até mesmo negativos nos primeiros anos depois da implantação do projeto, sendo incompatível com a realidade financeira da propriedade — afirma.

Diferente dos agricultores, a maioria dos pecuaristas não se apropriou e dominou as tecnologias disponíveis, particularmente em relação ao uso do pasto, como afirma o pesquisador. Mas, de acordo com ele, esse processo será inevitável, uma vez que a área de pasto está diminuindo decorrente da apropriação das áreas de agricultura (soja, cana-de-açúcar, eucalipto, milho, etc), num cenário em que o rebanho continua em crescimento.

Para Queiroz, não há dúvida de que se bem conduzida, a intensificação de pastagens vai impactar a produtividade por hectare. Mas a redução dos custos dependerá da eficiência bioeconômica da intensificação de pastagens, que depende da eficiência de conversão do nutriente do fertilizante em forragem, da eficiência de colheita da forragem produzida e da eficiência de conversão da forragem consumida em produto animal.

— Estas três eficiências, com grande amplitude de variação, definem a eficiência global da intensificação de pastagens na produção animal. A associação do produto animal por quilo de nutriente aplicado com os termos de troca de uma dada região determina a eficiência bioeconômica da adubação de pastagens. Na tomada de decisão, além da expectativa de retorno econômico, a percepção de risco dos agentes econômicos também é importante. A habilidade de o produtor comprar e vender animais e as ilimitadas combinações entre nível, proporção e velocidade de intensificação da exploração das pastagens também afetam o processo decisório — conclui.

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Ricardo Jose Souza da Silva
05/07/2012 19:14:13
Meus parabéns pela matéria/estudo em poucas palavras sintetizou o que realmente é importante no manejo da pastagem/pecuária, ou seja, o uso do bom senso.
Esta constatação de que a pastagem em si não é vendável e que para ter valor precisa ser transformada em carne é muito interessante.
Grato pela matéria.

marco antonio de paula
11/07/2012 15:18:11
É extremamente necessário estas matérias para que esclareça muitas dúvidas que pairam sobre o retorno deste investimento e creio que muitas empresas que comercializam sementes de pastagem de boa qualidade concordariam, pois não se justifica os estudos, a aplicação e o investimento se o retorno não fosse comprovado.
Abraços

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