Embora o homem seja naturalmente gregário e prefira viver grupalmente, e embora a doutrina do cooperativismo seja muito antiga, as cooperativas só surgiram com sucesso quando ocorreu, em meados do século XIX, a Revolução Industrial, na Europa. Este fenômeno produziu exclusão social e concentração de riqueza, alem de alimentar a luta das classes. Os excluídos se uniram em cooperativas para enfrentar o fantasma da miséria, foram enunciados os princípios gerais da doutrina com base em sólidos valores e um poderoso movimento pela cooperação se espalhou pelo mundo todo, em quase todas as atividades econômicas, sociais e culturais. Hoje, cerca de 800 milhões de pessoas estão ligadas a algum tipo de cooperativa. Se imaginarmos que para cada uma correspondem três agregados, podemos dizer que há mais de 2 bilhões de pessoas envolvidas com o movimento cooperativo global.
Até a queda do Muro de Berlim, o cooperativismo era considerado a terceira via para o desenvolvimento sócio-econômico das Nações, entre o capitalismo e o comunismo. Chamo a isto a “Primeira Onda do Cooperativismo”, e costumava representá-la graficamente como um rio fluindo entre as duas margens (comunismo e capitalismo), rumo à foz do bem estar coletivo.
Mas depois da globalização econômica, com a queda do Muro, o comunismo sofreu um duro golpe e o capitalismo virou liberalismo: desapareceram as margens, acabaram a 1ª e a 2ª vias. Como então, ser ainda a 3ª via?
Com a reforma dos princípios cooperativistas realizada no Congresso do Centenário da Aliança Cooperativa Internacional em Manchester, 1995, a representação gráfica mudou, e partimos para a “Segunda Onda” da história do movimento: não mais um rio fluindo entre duas margens, e sim uma ponte unindo outras duas. De um lado, o mercado, no qual as cooperativas precisam estar inseridas de modo competitivo, com eficiência, gestão profissional e foco. Gostemos ou não, o mercado é uma realidade vibrante. E, do outro lado da ponte, a outra margem, que é exatamente o bem-estar das sociedades, a felicidade das pessoas.
Na verdade, esta “Segunda Onda” é resultado da globalidade econômica, que, tal como a Revolução Industrial um século e meio antes, também produz exclusão e concentração. Portanto, ao contrário do que se pensava logo após a queda do Muro, o cooperativismo está sendo reforçado no mundo todo, especialmente nos países democráticos que reconhecem o fato da democracia ter os mesmos valores do cooperativismo. E, sendo este o braço econômico da organização da sociedade, é também um aliado poderoso dos governos democráticos.
Claro que ainda há muito que fazer especialmente no Brasil, onde o movimento ainda é incipiente. Mas, sob a liderança lúcida da OCB, vamos construindo um cooperativismo moderno e sóbrio, com boa gestão e visão de futuro, o que dará ao nosso país um movimento bastante sólido em curto prazo. Para isto, a boa comunicação é essencial, e o Portal Dia do Campo terá muito a colaborar neste sentido.
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